Em
toda Reunião Anual da SBPC são homenageados figuras
expoentes da ciência brasileira que, por um lado, têm
grande atuação dentro da comunidade científica
e, por outro, tiveram importância para a vida institucional
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Este ano temos dois homenageados: os Professores Crodowaldo Pavan
e Sérgio Mascarenhas.
O Professor Pavan, hoje com 88 anos, nasceu em Campinas, em São
Paulo, e se formou em História Natural na antiga Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São
Paulo. Desde jovem se destacou pela sua audácia, criatividade
e espírito altamente provocador. Dentro da genética
brasileira seu nome está escrito indelével tendo formado
várias gerações de pesquisadores (inclusive esse
que vos fala). Foi um dos mais jovens professores catedráticos
da USP, onde comparecia às reuniões do Conselho Universitário
montado numa reluzente motocicleta - isso na década de 1960.
Após sua carreira na USP, foi para a Universidade do Texas
em Austin, nos Estados Unidos, onde atingiu o mais alto nível,
o de “full professor”. Ficava pendulando entre São
Paulo e Austin, até que não aceitando os convites para
que se radicasse nos EUA, voltou em definito ao Brasil, onde após
se aposentar do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências,
veio para cá, UNICAMP, ajudar a consolidar o Instituto de Biologia.
Sua forte atuação política se iniciou na diretoria
da SBPC, em 1975, como Vice-Presidente. De 1981 a 1986 foi presidente
da Sociedade e a deixou para assumir a presidência do CNPq,
a convite do então ministro de Ciência e Tecnologia Renato
Archer. Destacando apenas um tópico, durante sua gestão
o número de bolsas foi aumentado em mais de dez vezes!
Como cientista brilhante, o primeiro no mundo a propor o fenômeno
de ampliação do DNA, iniciando inúmeras linhas
de pesquisa, ao seu papel de formador de cientistas e organizador
de instituições, membro e Presidente da Academia de
Ciências do Terceiro Mundo, com sede em Trieste, Itália,
passando por administrador público eficiente e honesto, o Prof.
Pavan é motivo de orgulho para toda a comunidade científica
brasileira.
Atualmente continua trabalhando dentro do ICB na USP e ele terá
oportunidade de contar a vocês sobre “Como era fazer ciência
há 60 anos atrás” na próxima quinta-feira,
dia 17 às 10:30h no Auditório do Instituto de Artes.
Entrego agora, como Secretário Geral da SBPC e como ex-aluno
do Prof. Pavan, o diploma de homenageado desta 60ª Reunião
Anual.
Nosso segundo homenageado é o físico Sérgio Mascarenhas,
hoje com 80 anos, carioca de Copacabana onde passou a infância
residindo em pensão da família de Ary Barroso, o que
o fez despertar desde cedo o destacado gosto musical.
Formou-se na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil,
em Química em 1951 e em Física no ano seguinte. Desde
o início de seus estudos universitários o Prof. Mascarenhas
se mostrou um pesquisador obstinado, exercendo funções
de assistência em atividades de pesquisa e ensino a diversos
professores, em especial Joaquim da Costa Ribeiro e Anísio
Teixeira, no Ministério da Educação.
Sérgio Mascarenhas foi um dos primeiros jovens universitários
a receber uma bolsa do CNPq, logo após se formar em química
e física, e com este apoio realiza pesquisas pioneiras em torno
do efeito termo-dielétrico, que, por sua iniciativa, passaria
a ser denominado, em trabalhos futuros, como “efeito Costa Ribeiro”.
Atendendo a convite do Prof. Theodoreto de Arruda Souto, fundador
em 1953 da jovem Escola de Engenharia de São Carlos (EESC),
o casal Sérgio e Yvonne Mascarenhas aceitam, em 1956, trocar
a atribulada vida profissional no Rio de Janeiro pelo desafio de iniciarem
uma vida acadêmica no interior paulista, em regime de dedicação
integral, aliando ensino à pesquisa. Ali Sérgio lidera
a criação de uma escola de física diferente daquelas
instaladas nos grandes centros nacionais da época, onde a física
experimental e teórica se desenvolveram em harmonia e plenamente
integradas às aplicações em diversas áreas,
desde materiais a dispositivos e equipamentos médicos, de física
fundamental a biologia molecular estrutural, de átomos ultra-frios
à terapia fotodinâmica contra o câncer, de eletretos
a polímeros condutores e emissores de luz.
O Prof. Mascarenhas teve brilhante carreira científica, no
país e em diversos estágios sabáticos no exterior,
com forte influência em toda uma geração de físicos
experimentais brasileiros, na USP e em outros centros. Sua intensa
atividade acadêmica estendeu-se com a criação
de diversos centros no país, como a Universidade Federal de
São Carlos, a Embrapa - Instrumentação Agropecuária,
e também no exterior, com destaque para suas atividades pioneiras
no Centro de Física, em Trieste, e a Academia de Ciências
do Terceiro Mundo.
Sua atividade na SBPC consolida-se com o exercício da Vice-Presidência
em dois mandatos, de 1969 a 1971 e de 1971 a 1973, e como Conselheiro
por quatro mandatos (1965-1969, 1973-1977, 1977-1981 e 1981-1987).
Mantém até hoje intensa atividade científica,
tendo sido agraciado com o Prêmio Conrad Wessel para Ciência
em 2007. Sua energia incessante e vulcânica profusão
de novas idéias tem sido uma fonte de inspiração
para as várias gerações que têm tido o
privilégio de sua convivência e orientação.
Em sua conferência na quinta-feira 17/07 às 10:30h, no
Auditório do Instituto de Artes, todos poderão ouvir
mais sobre suas atividades recentes.
Convidamos o físico Ennio Candotti, ex-presidente da SBPC
e Presidente de Honra da Sociedade, para entregar ao Prof. Sérgio
Mascarenhas diploma alusivo a esta homenagem. Aldo
Malavasi
Coordenador Geral da 60ª Reunião Anual
e Secretário Geral da SBPC
Campinas, 13.07.2008.
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