Para Ildeu de Castro Moreira, diretor de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e conselheiro da SBPC, o debate sobre a relação da ciência com a arte é muito importante porque são duas facetas fundamentais da cultura humana. “Ciência, arte e cultura têm em comum a criatividade inerente ao ser humano”, definiu. Ele explica que arte e ciência são atividades humanas e sociais baseadas na criatividade e curiosidade.
FÃsico e divulgador cientÃfico, Ildeu falou sobre o “imaginário cientÃfico presente na mente de artistas”, e explicou que a ciência também tem preocupação estética e guarda semelhanças com a arte. Para ele, há beleza nas teorias cientÃficas. “Equações matemáticas e fórmulas fÃsicas são lindas. Podem parecer chatas em sala de aula, mas contando com a ajuda do olhar de um artista é possÃvel mostrar essa beleza. É preciso aprender a olhar a beleza da ciência, assim como temos que aprender a olhar muita coisa na arte contemporânea”, exemplifica.
Para Ildeu, as conexões entre ciência e arte são importantes para fazer a divulgação cientÃfica chegar mais facilmente ao público. Em sua exposição, ele mostrou manifestações artÃsticas que falam de ciência, dando exemplos de poesias, músicas, enredos de escolas de samba, ditos populares e cordel.
Público infantil - Em sua apresentação na mesa-redonda, Luisa Medeiros Massarani, jornalista e chefe do Museu da Vida da Fiocruz, no Rio de Janeiro, falou sobre iniciativas de divulgação cientÃficas voltadas para o público infantil. “A experiência tem demonstrado uma grande receptividade das crianças, maior do que a de adultos e adolescentes. Principalmente devido à curiosidade da criança, que são consideradas como ‘cientistas naturais’”, explica.
Luisa falou sobre o crescimento de museus de ciências no PaÃs, que atualmente são cerca de 200, embora ainda estejam concentrados em algumas regiões. “Os museus têm apelo incrÃvel para as crianças e são importantes também para o divulgador que vê na hora a reação da criança”, revela. Apesar de os museus terem grande parte do público formado por crianças, Luisa afirma que é preciso pensar em espaços especÃficos para elas, desde a redução do tamanho dos móveis até atividades interativas adequadas.
Ela defende que a criança deve ser encarada como ator social importante no processo de divulgação cientÃfica. “Falar de divulgação cientÃfica para criança não é falar de ciência unilateralmente, é preciso que a criança seja ator importante e protagonista do processo”, explica ao dizer que a experiência de uma feira de ciência, ou a visita a um museu fica na memória da criança e pode influenciar sua formação, além de provocar e despertar o interesse pela ciência.
A chefe do Museu da Vida citou exposições, livros e publicações voltadas para o público infantil. E destacou a importância de fazer avaliações junto à s crianças depois dessas experiências, para saber qual caminho seguir.Â
Ildeu aproveitou para sugerir que artistas participem mais ativamente das reuniões da SBPC, não somente como um evento paralelo, como a SBPC Cultural, mas como integrantes de mesas e debates com os cientistas. A ideia é aproveitar o público da Reunião, que alcança 15, 20 mil pessoas para falar dessa relação.
(Jornal da Ciência)