Única como o Bioma que defende – a Caatinga -, seu jeito singular lhe trouxe notoriedade, vez por outra envolta por polêmicas, notícias sobre suas afirmações incisivas acerca do abandono e o descaso com a proteção das áreas naturais e com o desenvolvimento social das regiões onde a seca está presente.
Mas, quem a conhece de perto, identifica rapidamente as características que a tornam única: inteligência que lhe imprime uma visão do todo em tudo - sempre com soluções simples para os diversos problemas que lhes são apresentados todos os dias; solidariedade, pois não há quem bata à sua porta e não receba, pelo menos, uma sugestão sobre qual caminho seguir; alegria, pois seu bom humor constante enche de alegria e entusiasmo o dia-a-dia de quem está ao seu lado; energia: não há quem a acompanhe durante um dia inteiro e perseverança: não abandona jamais um objetivo, um ideal!
Nascida em Jaú, em 12 de março, Niéde Guidon completou 80 anos em 2013.
Com formação em Ciências Naturais (USP) foi à França, no início da década de 60, cursar Arqueologia e, ao retornar concentrou seu interesse na arqueologia brasileira. Em 1963 voltou à França onde viveu até 1986.
Em 1963 voltou à França onde viveu até 1986. Nos anos 70, em viagem ao Tocantins, foi até o Piauí conhecer alguns sítios arqueológicos da Serra da Capivara.
Depois dessa viagem, voltou como pesquisadora da França, liderando, a partir de 1978, a Missão Franco-brasileira que reunia pesquisadores e estudantes de diversas instituições de ensino da França e do Brasil, e que desenvolve até hoje o Projeto “Piauí: A interação Homem-meio, da Pré-história aos dias atuais” de caráter inter e multidisciplinar.
Os resultados das escavações estão em exposição no Museu do Homem Americano e nas reservas técnicas organizadas nos laboratórios. Mais de oitocentos sítios arqueológicos cadastrados estão disponíveis à sociedade científica mundial, dos quais, cento e trinta preparados para a visitação turística.
Mais de oitocentos sítios arqueológicos cadastrados estão disponíveis à sociedade científica mundial, dos quais, cento e trinta preparados para a visitação turística.
Criou, em 1986, juntamente com colegas pesquisadores, a Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM para operacionalizar o retorno dos resultados das pesquisas à sociedade e trabalhar na preservação do Parque Nacional Serra da Capivara e seu entorno.
Pensando no futuro da região, implantou os Núcleos de Apoio a Comunidade, construindo, em 12 anos, cinco escolas no entorno do Parque para oferecer às crianças e adolescentes, ensino centrado em educação contextualizada, alimentação e cuidados médicos. Infelizmente, por falta de verbas não foi possível continuar o projeto.
Para dar continuidade às ações socioculturais, criou em 2002, o Pró-Arte FUMDHAM, um centro de artes em São Raimundo Nonato, onde crianças e jovens praticam atividades de educação pela arte.
Niéde está na região mais seca, árida e desprestigiada do Nordeste brasileiro, valorizando, produzindo cultura e alternativas de desenvolvimento, centradas no potencial científico, turístico e cultural, que um dia quiçá, será valorizado.
A SBPC homenageia a Arqueóloga e Humanista Niéde Guidon - forte, doce e profunda, como as interpretações musicais de Bidu Sayão, sua cantora preferida, que acabamos de ouvir.
Rute Maria Gonçalves de Andrade - Secretaria Geral SBPC 2011-2013
Colaboração de: Maria Conceição Soares Meneses Lage (UFPI e FUMDHAM) e Rosa Maria Gonçalves (FUMDHAM)
Recife, 21.07.2013
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Helena B. Nader (Presidente da SBPC) durante homenagem.
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