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Reuni em avaliação após três anos

Por Vinicius Neder

A comunidade científica deve estar preparada para participar da disputa dos rumos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), reconhecendo seus avanços e criticando seus pontos falhos. Essa foi a linha defendida por participantes de uma mesa-redonda que avaliou os três anos de funcionamento do Programa do Ministério da Educação (MEC) para a expansão das instituições federais de ensino superior (Ifes). A atividade, realizada nesta segunda-feira (26/7), no primeiro dia de programação da 62ª Reunião Anual da SBPC, foi coordenada pela vice-presidente da SBPC, Helena Nader.

Instituído em abril de 2007, o Reuni oferece recursos adicionais para investimentos e contratação de pessoal para projetos de expansão das Ifes. A apresentação de projetos é voluntária e, quando foi criado o Reuni, todas as 53 Ifes então existentes aderiram ao programa.

Em contrapartida para a aprovação dos projetos, o Reuni coloca metas a serem cumpridas em cinco anos: elevação da taxa de conclusão dos cursos para 90%, elevação da relação docente-aluno para 18 (contando alunos de pós-graduação) e aumento do número de vagas em 20%.

Segundo dados apresentados pelo secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduino, até 2012, as universidades participantes receberão R$ 8,1 bilhões pelo Reuni.

Como resultado, as Ifes abriram 65.306 novas vagas até este ano (49% a mais) e passaram a oferecer 810 novos cursos (34% a mais), ainda de acordo com dados trabalhados pela Andifes. Somada ao crescimento de 2006, quando a política de expansão das Ifes estava mais pautada pela interiorização de campi e criação de instituições, o aumento na oferta de vagas chega a 63% ou 77.279 novas vagas nas universidades federais. Em 2010, foram oferecidas 199 mil vagas. No período do Reuni, foram ainda contratados 15 mil docentes, a maioria com título de doutor.

Entre os expositores da mesa desta segunda-feira, Balduino alinhou-se à presidente da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG), Elisangela Lizardo, e ao presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, ao apontar a necessidade de aprofundar os avanços, ainda que os indicadores mostrem uma situação melhor após três anos de Reuni. “O Reuni está situado nas disputas para cumprir os desafios da educação brasileira”, afirmou Chagas.

A despeito de críticas mais radicais colocadas por setores do movimento estudantil presentes na plateia (que associaram a expansão das universidades ao “sucateamento” do ensino), os desafios mais recorrentes a serem enfrentados pelo Reuni apontados por debatedores e participantes da sessão de debates foram a dificuldade de mensuração das metas, a necessidade de ampliar ainda mais os investimentos e de reforçar o foco na assistência aos estudantes (alojamentos, restaurantes universitários etc.) e certos desvios de função das bolsas do Reuni.

Representante do governo federal nos debates, o coordenador geral da Expansão da Rede das Ifes da Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do MEC, Murilo Silva de Camargo, reconheceu que a meta de 90% de conclusão é puxada para as Ifes. “Mas as universidades precisavam desse choque”, afirmou, lembrando que a forma de medir a meta (levando-se em conta o período de cinco anos) é flexível e razoável, sobretudo para evitar situações como a da turma dele, em que apenas quatro alunos se formaram em matemática, de cerca de 30 matriculados no primeiro ano.

 

 

 

 

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