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Pesquisadores sugerem criação de “Inpe oceanográfico”

Por Marcelo Medeiros

Especialistas em ciências do mar que participaram, nesta segunda-feira (26/7), de simpósio na 62ª Reunião Anual da SBPC, defenderam a criação de um instituto de pesquisas oceanográficas capaz de produzir e armazenar dados sobre as mudanças no território marítimo brasileiro a longo prazo

“Faltam séries de dados confiáveis no Brasil. Uma solução para isso seria criar uma organização como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mas voltada para os oceanos”, afirmou o professor Dieter Muehe, professor de geografia marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Assim como existe o Serviço Geográfico Brasileiro, poderíamos criar um Serviço Oceanográfico Brasileiro”, reforçou Ruy Kikuchi, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP).

Tal instituição trabalharia, na concepção dos pesquisadores, para “produzir, medir, armazenar e analisar dados”. De acordo com os pesquisadores, a entidade é necessária devido à ausência de informações históricas e à incapacidade, por parte das entidades existentes, de garantir a geração de dados a longo prazo.

Segundo os estudiosos, com exceção de dados atmosféricos, dos quais o país estaria bem servido, as demais informações necessárias para analisar o tamanho e o impacto das mudanças climáticas no país precisam ser adquiridas no exterior ou analisadas sem séries históricas. Essa análise permite o cálculo de alterações de níveis oceanográficos ao longo de períodos extensos, por exemplo.

Além disso, o “Inpe Oceanográfico” ajudaria a estimular a formação de pesquisadores, outro problema para o desenvolvimento da ciência climática no Brasil. “A prioridade, hoje, é formar gente”, relata Carlos Augusto Schettini, do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará. “Dinheiro não falta para produzir conhecimento, mas gente para gastá-lo”.

Para Huene, a produção de dados relativos às mudanças climáticas no mundo é cada vez mais rápida e a formação de pessoal, no Brasil, não acompanha essa velocidade. “Hoje temos satélites, boias, embarcações etc. A capacidade de gerar informação é muito maior do que a de análise”, declarou.

Prioridades

A necessidade de um instituto ligado às ciências do mar está na ordem do dia. Em sua fala na abertura da Reunião Anual da SBPC, no domingo (25/7) Marco Antonio Raupp, presidente da entidade, ressaltou o tema e pediu a criação de unidades de pesquisa por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O MCT, por sua vez, anunciou o lançamento de edital para criação de dois Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) de ciências do mar para atender a demanda por recursos e formação de redes de pesquisas. A chamada deve sair em breve.

Ainda na segunda-feira, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, contra-almirante Ilques Barbosa Júnior, afirmou estar em estudo uma iniciativa de tornar o Instituto de Estudos Almirante Paulo Moura (IEAPM), hoje de responsabilidade da força armada, um centro de pesquisa militar e civil para gerar dados oceanográficos.

 

 

 

 

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