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Newsletter Dia 26

SBPC defende institutos de pesquisas como entidades principais para o desenvolvimento tecnológico do país

Por Evanildo da Silveira

O Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia, no qual a ciência realmente seja projetada nas atividades econômicas e que leve benefícios mais direta e mais rapidamente à sociedade. A ideia foi defendida pelo presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antonio Raupp, durante a abertura da 62ª Reunião Anual da entidade, ocorrida ontem à noite, em Natal. Para isso, ele considera imprescindível o fortalecimento dos institutos de pesquisa, que são os entes mais apropriados para fazer a intermediação do conhecimento científico com o sistema produtivo.

Raupp ressalvou, no entanto, que as universidades não devem ser menosprezadas nesse processo. “Naturalmente que as universidades são parte importante no sistema que contempla a ciência como fator de geração de riqueza”, explicou. “Não podemos nos esquecer, porém, que o papel fundamental da universidade é a formação de profissionais qualificados, para satisfazer às diversas demandas da sociedade, além da realização de pesquisa científica que contribua para a evolução do conhecimento em suas mais diferentes áreas.” Para o presidente da SBPC, em resumo, a universidade tem de estar sempre pronta para interagir com os grandes desafios do pensamento e promover e disseminar o conhecimento.

Mas é aos institutos de pesquisas que cabe interagir mais diretamente com as empresas, para o desenvolvimento tecnológico do país. “Para cumprir essa missão, eles – que não têm obrigação de ensinar, como ocorre com as universidades –, dispõem das condições ideais necessárias”, disse Raupp. “Podem, por exemplo, se utilizar do conhecimento já existente, adaptando-o para uma finalidade específica; podem gerar novos conhecimentos, para atender demandas pré-definidas; estarão aptos a desenvolver novas tecnologias; isentos de obrigações acadêmicas, terão flexibilidade para se adaptar ao ambiente produtivo empresarial.”

Por isso, a sugestão da SBPC é que os institutos de pesquisa já existentes sejam fortalecidos e tenham seu foco de estudo, seus objetivos e seu financiamento redefinidos, de acordo com as dimensões do campo em que vão atuar e dos desafios que terão de enfrentar. “Da mesma forma, propomos a criação de novos institutos de pesquisa, igualmente dotados das condições para a realização de grandes projetos mobilizadores, capazes de criar novas e vigorosas vertentes na economia nacional”, declarou Raupp.

Em apoio a sua idéia, o presidente da SBPC citou os exemplos do que ocorreu no setores da agropecuária, da aviação e de petróleo. “Nosso setor agrícola é responsável por um terço da riqueza brasileira gerada a cada ano”, disse. “E as pesquisas realizadas pela Embrapa estão literalmente na raiz dessa riqueza.” Na evolução da indústria aeronáutica, Raupp disse que o que desponta é a atuação da Embraer. Mas lembrou que por trás disso há uma cadeia composta por centenas de pequenas e médias empresas, muitas delas com o desafio de inovar permanentemente para poderem atender um setor dotado de altíssima intensidade tecnológica. “Se o Brasil não tivesse criado o Centro Tecnológico Aeroespacial, o CTA, e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, é muito provável, mas muito provável mesmo, que também não teríamos criado a Embraer.”

Na área de petróleo, Raupp observou que o Brasil criou a Petrobras, é verdade, mas o que fez dela uma vencedora constante de desafios cada vez maiores foi o seu Centro de Pesquisas e uma rede universitária associada. Foi por meio do conhecimento gerado nessa estrutura que a empresa se tornou líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, fazendo gerar também uma infinidade de empresas de pequeno e médio porte, baseadas no desenvolvimento tecnológico e na inovação. 

Segundo Raupp é esse modelo, com vigorosos e competentes centros de pesquisa dedicados a grandes projetos mobilizadores e estruturantes do desenvolvimento, que o país deve adotar. Assim, é necessário criar um instituto de pesquisa para a Amazônia, por exemplo, que responda a todos os desafios contidos naquela região. “Um centro que faça a avaliação sobre o que ocorre na Amazônia de uma forma integrada”, explicou. “Que tenha capacidade de desenvolver o lado tecnológico das operações demandadas pela realidade amazônica. Que possa entender os processos com base no conhecimento que é gerado sobre a biodiversidade, sobre as águas e sobre a atmosfera na região.”

Raupp citou ainda o semiárido nordestino, que “está aí, também fazendo por merecer uma intervenção mais robusta da ciência e da tecnologia”. O mesmo ocorre com o mar – o ponto central desta nossa 62ª Reunião Anual da SBPC. Em resumo, concluiu Raupp, o Brasil precisa de uma Embrapa para a Amazônia e de outra para o mar. “Da mesma maneira, precisamos de uma Embrapa também para o setor industrial”, disse. “Quero dizer, precisamos de um sistema de produção de tecnologia industrial que seja tão eficiente quanto o sistema Embrapa é para o agronegócio.”

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