Os benefícios do programa
espacial brasileiro para a Amazônia
Ligação
do programa com
estudos relacionados à agricultura, meteorologia
e mudanças climáticas será debatida
na 61ª Reunião da SBPC
Uma pesquisa sobre a percepção pública
da ciência e tecnologia realizada com mais de 2 mil
pessoas em todo o país, pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia em parceria com a Academia Brasileira
de Ciências e divulgada em 2007 , revelou um baixíssimo
conhecimento dos benefícios do Programa Espacial Brasileiro
em diversos aspectos diretamente ligados ao cotidiano dos
entrevistados. À pergunta “ Que áreas de pesquisa
você julga mais importantes para o país desenvolver
nos próximos anos?”, por exemplo, somente 6% responderam “Exploração
espacial”, que ficou em penúltimo lugar, atrás
apenas da “Nanotecnologia” (3%).
Os números apontam claramente a necessidade de se
divulgar e esclarecer a ligação intrínseca
do Programa Espacial Brasileiro com estudos relacionados
a temas como agricultura, Amazônia, meteorologia e
mudanças climáticas, justificando a importância
dos investimentos nessa área para o desenvolvimento
e a economia do país.
“Ampliar a competência brasileira na engenharia de
satélites, aumentando a competitividade da indústria
espacial nacional, faz parte de uma política de produção
de ciência e tecnologia que visa contribuir com a qualidade
de vida e qualificar o país como potência ambiental”,
afirma Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), que abordará o assunto
em conferência na 61ª Reunião Anual da
SBPC. Promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), o evento será realizado de
12 a 17 de julho em Manaus (AM).
“Nosso programa espacial deve refletir essa vocação
ambiental. O INPE tem se posicionado para ser o principal
centro de pesquisa e desenvolvimento nacional nas áreas
de espaço e ambiente. Para isso, a engenharia espacial
constroi satélites para responder a diferentes desafios
científicos que necessitam de dados de observação
da Terra”, explica Câmara.
Segundo ele, os satélites construídos devem
produzir dados sobre o planeta Terra e também subsidiar
o desenvolvimento de pesquisas para transformar esses dados
em conhecimento, produtos e serviços para a sociedade
brasileira e para o mundo.
Programa CBERS – Os satélites de
sensoriamento remoto são uma poderosa ferramenta para
monitorar o território de países de extensão
continental, como o Brasil. O Programa CBERS – Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, que completou 20
anos em 2008, é um grande sucesso junto à comunidade
de especialistas de sensoriamento. Três satélites
da família CBERS já foram lançados,
o último deles em 2007. Até 2014 estão
previstos os lançamentos de mais dois satélites.
Desde junho de 2004, quando as imagens CBERS ficaram disponíveis
na internet, mais de meio milhão de imagens já foram
distribuídas gratuitamente para cerca de 20 mil usuários
de mais de duas mil instituições públicas
e privadas, comprovando os benefícios econômicos
e sociais da oferta gratuita de dados. Em média são
registrados diariamente 750 downloads no Catálogo
CBERS.
As imagens CBERS são usadas em importantes campos
como o controle do desmatamento e queimadas na Amazônia
Legal, a expansão da agropecuária, o monitoramento
de recursos hídricos, o crescimento urbano, a ocupação
do solo, a educação e inúmeras outras
aplicações. Também é fundamental
para grandes projetos nacionais estratégicos, como
o Projeto PRODES, que avalia o desflorestamento na Amazônia,
o Sistema DETER, que mensura o desflorestamento em tempo
real, e o monitoramento das áreas canavieiras do país
(CANASAT).
O CBERS fez do Brasil um dos maiores distribuidores de imagens
de satélite do mundo. Com o programa o país
passou a dominar a tecnologia para o fornecimento de dados
de sensoriamento remoto. Até então, o Brasil
dependia exclusivamente de imagens fornecidas por equipamentos
estrangeiros. Os países da América do Sul que
estão na abrangência das antenas de recepção
do INPE em Cuiabá (MT) são os mais beneficiados
por esta política. O download gratuito das imagens
pode ser feito no site do INPE ( www.inpe.br ) .
Múltiplos usuários - Além
do conhecimento tecnológico, o Programa Espacial Brasileiro também
traz benefícios sociais. As aplicações
das imagens obtidas a partir dos satélites CBERS são
as mais variadas, desde mapas de queimadas e desflorestamento
da região amazônica, até estudos na área
de desenvolvimento urbano nas grandes capitais do país.
Entre os usuários destacam-se órgãos
como Petrobras, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e Agência
Nacional de Águas (ANA), além de organizações
não-governamentais e empresas de geoprocessamento.
O IBGE, por exemplo, usa os dados para atualizar seus mapas
em projetos de sistematização do solo, assim
como o Incra emprega as imagens nos processos ligados à reforma
agrária. As aplicações no setor agrícola
e de monitoramento ambiental costumam causar maior impacto
econômico e social devido às dimensões
continentais do Brasil. Sem uma ferramenta acessível,
vigiar um território tão extenso seria quase
impossível.
Serviço : A conferência “ Os
Benefícios do Programa Espacial Brasileiro para a
Amazônia ”, do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, será realizada
no dia 17 de julho, às 10h30, durante a 61ª Reunião
Anual da SBPC. O evento, cujo tema é “Amazônia:
Ciência e Cultura”, será realizado a partir
do dia 12 em Manaus (AM), no campus da Universidade Federal
do Amazonas (UFAM). Contará com 175 atividades, entre
conferências, simpósios, mesas-redondas, grupos
de trabalho, encontros e sessões especiais, além
de apresentação de trabalhos científicos
e minicursos. Veja a programação em www.sbpcnet.org.br/manaus .
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