Amazônia ganhará novo
sistema de monitoramento remoto
Inpe divulgará este ano dados
do novo sistema de vigilância para a exploração
seletiva de madeira. Assunto será abordado na 61ª Reunião
da SBPC.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começará a
divulgar, ainda este ano, os dados do Detex (Detecção
de Exploração Seletiva) – novo sistema de monitoramento
por satélite que promete ser uma ferramenta valiosa
para vigiar as áreas florestais concedidas para exploração
seletiva de madeira, mostrando se, de fato, os madeireiros
estão respeitando os planos de manejo aprovados pelo
governo.
“O sistema está pronto e já temos resultados,
mas ainda não foram divulgados. Nós fizemos
o mapeamento da extensão da floresta desmatada para
o corte seletivo de madeira de 2007 a 2008. O objetivo, agora, é fazer
o de 2009 e retroceder até 2000” , conta o pesquisador
do Dalton de Morisson Valeriano, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). Ele abordará esse assunto
em uma conferência durante a 61ª Reunião
Anual da SBPC – evento que a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) promoverá de 12
a 17 de julho em Manaus (AM).
O Detex é o terceiro sistema utilizado pelo Inpe
para monitorar o desflorestamento na Amazônia. Seu
diferencial é a observação detalhada
de extensões menores, o que possibilita fazer o acompanhamento
das atividades das madeireiras no que se refere à exploração
seletiva de madeira, na qual são cortadas apenas as árvores
de valor comercial. “Em tese, o corte seletivo, inserido
em um bom plano de manejo, possibilitaria recuperar a longo
prazo a biomassa florestal na área explorada. Mas
nem sempre isso vem ocorrendo”, diz.
De acordo com o pesquisador, se bem conduzido, um plano
de manejo legal de madeira por corte seletivo de árvores
possibilita que a área se recupere e possa ser novamente
explorada após um ciclo de 25 a 30 anos. “Porém,
o que está ocorrendo na Amazônia e em outras
regiões do País é que, depois de serem
exploradas pelos madeireiros, essas áreas de manejo
são abandonadas, tornando-se suscetíveis a
incêndios florestais”, diz ele, acrescentando que essa
degradação é bem evidenciada pelas imagens
produzidas pelos satélites.
Sistemas complementares – O Detex é complementar
aos sistemas de monitoramento remoto da Amazônia Legal
que vêm sendo operados pelo Inpe desde 1988. Sua resolução
espacial é de de 20 metros , o que possibilita visualizar
pátios para o armazenamento de toras e até picadas
na floresta. Já o Prodes (Programa de Cálculo
de Deflorestamento da Amazônia), cuja resolução
espacial é de 30 metros , detecta apenas cortes rasos,
em áreas superiores a 6,25 hectares . O Deter (Detecção
de Desmatamento em Tempo Real ), por sua vez, possui resolução
espacial de 250 metros e mapeia sem distinção
tanto áreas de corte raso como áreas em processo
de desmatamento por degradação florestal. Apesar
de serem complementares, todos têm uma limitação:
seus sensores óticos nem sempre conseguem identificar
o desmatamento através das nuvens.
Em função disso, a chance de se conseguir
uma cobertura mensal das áreas monitoradas, principalmente
em período de chuva, é muito difícil. “Temos
uma janela de observação que é o período
seco, que vai de maio a outubro. Porém, quando há nuvens, é possível
apenas projetar o desmatamento porque não conseguimos
identificar toda a área desmatada”, explica Valeriano. É por
esse motivo que os dados coletados por esses sistemas acabam
compilados em bases de dados anuais, a exemplo do Proder
e do Detex. A exceção fica por conta do Deter,
que é mensal, mas tem a limitação de
fazer um mapeamento “grosseiro” da área monitorada.
Novas tecnologias – O pesquisador afirma
que a única maneira de contornar esse problema é utilizar
radares imageadores, em vez de sensores óticos. Para
driblar essa limitação, o Inpe utiliza o radar
Palsar, acoplado no satélite japonês Alos, para
ter acesso gratuito às imagens de regiões cobertas
por nuvens e até noturnas com uma faixa de observação
que varia de 250 a 350 km . Atualmente, o satélite
produz imagens em um intervalo de 45 dias. Mas de acordo
com Valeriano, em breve será possível ter acesso
a imagens após seis dias da passagem do satélite
pela região monitorada. “Nós já fizemos
testes com os dados que recebemos desse satélite e
avaliamos que é muito promissor para detectar novos
desmatamentos e suprir a limitação dos demais
sistemas no período chuvoso”, finaliza.
Serviço: A palestra “Sistemas de
monitoramento remoto da Amazônia Legal” do pesquisador
Dalton de Morisson Valeriano, será realizada no dia
16 de julho, às 10h30, durante a 61ª Reunião
Anual da SBPC. O evento, cujo tema é “Amazônia:
Ciência e Cultura”, acontece a partir do dia 12 em
Manaus (AM), no campus da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM). Serão realizadas 175 atividades, entre conferências,
simpósios, mesas-redondas, grupos de trabalho, encontros
e sessões especiais, além de apresentação
de trabalhos científicos e minicursos. Veja a programação
em www.sbpcnet.org.br/manaus .
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