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Pássaros cantam e encantam na 61ª Reunião Anual da SBPC


(Agência SBPC) – O canto dos pássaros foi destaque na conferência “Sons da floresta”, realizada ontem (14/07) pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Mário Conh-Haft na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na ocasião, o pesquisador exibiu várias gravações de sons de animais da floresta e explicou qual o papel desses ruídos. “O barulho que ouvimos é de animais se comunicando. Como ser vivo, ele também tem a necessidade de compartilhar informações com outros seres de sua espécie”, afirma Conh-Haft.

O som dos pássaros é comparado pelo pesquisador a uma orquestra. De acordo com ele, os animais seguem uma ordem e escolhem o momento, a freqüência e o timbre para se fazerem ouvir. “Para eles, não adianta cantar mais alto, pois precisam ser escutados. Esse é o objetivo deles quando emitem sons”, declara.

A real biodiversidade da floresta amazônica também foi tema de explanação, como por exemplo, a multiplicação das espécies catalogadas após o estudo com os sons dos pássaros. Antes, eram 1,3 mil tipos de aves na Amazônia. Mas Conh-Haft explica que esse número pode duplicar, pois apesar dos pássaros serem fisicamente iguais, eles não possuem a mesma genética.

“Só foi possível perceber essa diferença após o estudo dos diversos tipos de sons que os pássaros fazem. Onde nós achávamos que tinha uma espécie só, descobrimos que tinham diversas. Assim, de 1,3 mil, o número de espécie pode chegar a três mil”, explica o pesquisador.
Conh-Haft explicou que os sons dos pássaros da mesma espécie também podem mudar de acordo com a região onde eles se encontram. Para ele, essa variação também pode ser resultado de uma diferença genética, outra alteração que deve ser levada em consideração para catalogar espécies. “Além do som, há outras formas de descobrir se o animal é ou não igual ao outro”, diz.

Ao fim de sua apresentação, o pesquisador exibiu o canto de um pássaro do Havaí, denominado Kaua’i, extinto há 20 anos. Ele demonstrou sua preocupação com as outras espécies que ainda existem e aproveitou para fazer um apelo com relação à floresta amazônica, que, segundo ele, é incomparável a qualquer lugar do planeta.

“Temos uma riqueza nas mãos e não damos o devido valor. Precisamos ter consciência do que estamos desperdiçando e tentar reverter um quadro que a cada dia só piora. Não adianta nada achar a floresta linda e não cuidar do que faz a beleza dela”, declara Conh-Haft.


Tharcila Martins, do Inpa, para a Agência SBPC

 

 

 

 

 

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