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Formar professores para educação básica é desafio para universidades


(Agência SBPC) – A formação de professores para educação básica (ensino fundamental ao médio) está entre os maiores desafios a serem enfrentados pelo Brasil, afirmou nesta terça-feira (14/07) o presidente da Capes, Jorge Guimarães, em conferência na Reunião Anual da SBPC, que vai até dia 17, em Manaus.

Na avaliação de Guimarães, apesar do desafio, a pós-graduação brasileira descolou-se dessa tarefa. “A pós-graduação pega a nata dos estudantes. De cada 100 que entram no primário, meia dúzia conclui. De cada 100 que se graduam no ensino superior, três fazem mestrado e um faz doutorado. Não tem funil mais violento que esse. Isso não pode continuar assim”, analisou Guimarães.

Segundo o presidente da Capes, a agência do MEC aceitou o desafio de contribuir para a melhoria do ensino básico ao passar por mudanças em sua estrutura organizacional, em dezembro de 2007. Com a reestruturação, a área internacional foi alçada ao status de diretoria e foram criadas duas diretorias com foco no ensino básico: a Diretoria de Ensino a Distância e a Diretoria de Ensino Básico Presencial.

Também foi criado o Conselho Técnico-Científico da Educação Básica. Para enfrentar o problema, o MEC fez um diagnóstico sobre a situação dos professores dos ensinos fundamental e médio. Na conferência, Guimarães citou números para mostrar que a discrepância entre o número de professores formados e a demanda projetada é enorme, especialmente em disciplinas de formação específica (química, física, biologia, história etc.). “Para formar os professores de física [demandados], precisaríamos hoje de 84 anos”, ilustrou Guimarães.

Entre as ações para atacar o problema e contribuir para melhorar a formação dos professores da educação básica, o presidente da Capes citou a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que prepara os docentes com cursos a distância, e o Plano Nacional de Formação do Professor da Rede Pública, que visa oferecer formação superior a 350 mil professores das redes públicas estaduais e municipais, em 76 universidades adeptas do plano.

Grupo de trabalho – O papel das universidades na formação dos professores da educação básica esteve em pauta nesta terça-feira também na reunião do Grupo de Trabalho sobre Educação da SBPC, que completará um ano em 8 de agosto próximo.

A reunião tomou o dia inteiro e começou com duas apresentações sobre diagnósticos da educação no país, de Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do movimento Todos pela Educação e conselheiro do Conselho Nacional de Educação (CNE), e Marcos Formiga, assessor da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na parte da tarde, os membros do GT debateram propostas de como contribuir para melhorar a formação dos professores.

O coordenador do GT, Isaac Roitman, avaliou a reunião como positiva. Após os debates, os membros do grupo decidiram que será elaborada uma moção de apoio ao fim da desvinculação de receitas da união (DRU), em fase final de votação no Congresso, e de pedido para que os recursos a serem liberados sejam investidos prioritariamente na educação básica. Além disso, segundo Roitman, o GT decidiu pela formação de um subgrupo para preparar uma proposta de reformulação dos currículos de todas as licenciaturas. “O professor hoje não pode ser formado como era há 30 anos”, afirmou Roitman, após a reunião.

Formado por nove membros – serão dez, com a inclusão de um representante do movimento estudantil –, o GT de Educação já fez quatro reuniões presenciais, todas em São Paulo. A intenção é manter esse ritmo. Roitman adiantou que está prevista ainda para este ano a realização de um seminário sobre educação. O evento será em São Paulo, provavelmente em setembro ou outubro. Segundo o coordenador do GT, confirmações ainda dependem das negociações para convidar palestrantes.


Por Vinicius Neder, do Jornal da Ciência, para a Agência SBPC

 

 

 

 

 

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