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Livro corrige injustiça com a primeira Universidade do Brasil


(Agência SBPC) - Um livro que conta a história da primeira universidade do Brasil foi lançado nesta segunda, dia 13/07, durante a 61ª Reunião Anual da SBPC, em Manaus. A publicação, escrita pela professora Rosa Mendonça de Brito, explica a trajetória da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), herdeira da Escola Universitária Livre de Manáos, fundada em 17 de janeiro de 1909.
 Há quem afirme que a primeira universidade criada no Brasil está no Rio de Janeiro ou no Paraná. Foi para corrigir essa injustiça com a história manauara que Rosa Mendonça de Brito resolveu escrever sobre o assunto. As pesquisas começaram em 2000 e geraram uma pequena publicação em 2003, quando a instituição completou 95 anos de ensino superior.

“Eu ficava muito incomodada quando dizia que a Ufam era a primeira e ninguém acreditava. Então eu falei: eu vou escrever sobre isso e vou provar que é verdade. Tenho documentos que comprovam isso”, afirmou a escritora durante a conferência “100 Anos de Ufam”, que teve a apresentação do professor Wilson Duarte Alecrim. “O trabalho foi todo estruturado em cima de fontes primárias: de documentos”.
 A Escola Universitária nasceu de uma articulação de militares que viviam na capital amazonense no início do século XX. O engenheiro civil Joaquim Eulálio Gomes da Silva Chaves, tenente-coronel da Guarda Nacional, foi quem liderou a criação da Escola Militar Prática do Amazonas, junto ao Clube da Guarda Nacional, em 1908. No ano seguinte, a entidade deu origem à Escola Universitária, também por iniciativa de Eulálio Chaves.

“Por que a universidade foi criada no seio da Guarda Nacional? Porque era lá que estavam as pessoas de nível superior. A grande maioria da elite intelectual do estado do Amazonas estava na Guarda Nacional, naquela época. E a escola foi criada seguindo os moldes alemães, não seguia o modelo francês”, disse a escritora.
 De acordo com a professora, a Escola Universitária começou com dez cursos agrupados em cinco faculdades: ciências jurídicas e sociais, medicina, ciências e letras, engenharia e militar.

“Antes quem queria estudar tinha que viajar para Salvador, Rio de Janeiro, Paris, Lisboa. Com a criação da Ufam, nós, caboclos, conseguimos ter nossos cursos para adquirir conhecimento e fazer progredir a nossa terra”, contou Rosa.Ao longo dos anos, com o declínio da indústria da borracha e o consequente esvaziamento da economia da região, a Universidade, que era apoiada pelo governo estadual, por industriais e fazendeiros, deixou de receber recursos importantes. Foi desmembrada e fechada, na década de 20, para reabrir somente em 1962. Mas, mesmo com a extinção da Escola Universitária, a Faculdade de Direito nunca deixou de funcionar e foi reincorporada à instituição, tornando-se o embrião da atual Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

 A Ufam conta hoje com 96 cursos de graduação, 31 de mestrado e oito de doutorado. São 25 mil alunos e 1,5 mil professores. Há cinco campi espalhados em cidades do interior do estado, com seis cursos de graduação cada um. O campus de Manaus está situado numa área de 6,7 milhões de metros quadrados. “É a maior área verde urbana de Manaus. Antigamente a gente dava aula vendo macacos, tucanos, cotias. Mas as pessoas entravam no campus para caçar e hoje não tem mais quase nada dessa biodiversidade”, lamentou Rosa. “Mas por volta das seis da tarde ainda dá pra ouvir o canto dos pássaros”.


Daniela Amorim, do Jornal da Ciência, para a Agência SBPC

 

 

 

 

 

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