Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática |
Parasitismo por larvas de trematódeos (Platyhelminthes, Trematoda) em peixes forrageiros do rio Capivari, no município de Cruz das Almas, Bahia |
Erika Batista Tanan 1 Washington Luiz Gomes Tavechio 1 Gislaine Guidelli 1 |
1. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) |
INTRODUÇÃO: |
Peixes forrageiros, por estarem em um nível intermediário nas teias tróficas, servem como hospedeiros intermediários no ciclo de vida de diferentes grupos de parasitas, entre eles os Trematoda, abrigando as formas assexuadas. Durante um estudo da ictiofauna do rio Capivari no trecho localizado no Município de Cruz das Almas, observou-se indícios de parasitismo por larvas de Trematoda. O rio Capivari é um corpo d´água bastante degradado devido a atividades antrópicas. Porém, é importante devido a sua extensão e por ser um tributário do rio Paraguaçu. Esforços para o conhecimento de sua biota, assim como dos aspectos físicos são importantes para futuras medidas de recuperação e monitoramento. O tipo de parasita encontrado não causa nenhum problema para as populações humanas que utilizam os peixes ou mesmo a água. Entretanto, atualmente peixes e também os seus parasitas são frequentemente utilizados como indicadores de qualidade ambiental. Assim, objetivou-se com o presente estudo, identificar, quantificar e estudar alguns aspectos da ecologia do parasitismo por essas larvas. |
METODOLOGIA: |
Foram coletados 1658 peixes nos meses de maio e junho de 2009, em três pontos do rio estabelecidos de acordo com profundidade, largura, presença de macrófitas e vegetação marginal. Para a coleta foram usados peneirões e puçás, num esforço de pesca de 30 minutos/coletor/ponto. Do total de peixes coletados 1348 foram identificados como Poecilia vivipara , 256 Bryconop sp., 7 de uma espécie pertencente à subfamília Glandulocaudinae e 47 de Cheirodontinae. Os peixes foram medidos e analisados para o estudo de cistos de parasitas. Os cistos foram retirados e quantificados de acordo com os sítios de infecção determinados previamente, representados pela cabeça, tronco, cauda e nadadeiras. Os cistos isolados foram processados e montados em lâminas permanentes para o estudo sob microscopia. Foram verificadas a preferência por sítios de infecção, diferenças no parasitismo em cada ponto de coleta e em peixes de tamanhos diferentes. |
RESULTADOS: |
Dentre os peixes analisados 183 apresentaram a condição denominada “doença dos pontos negros”. No Brasil, a família Diplostomidae é reconhecida como responsável pela doença e identificações em nível específico podem ser confirmadas pelo desenvolvimento experimental do ciclo de vida, pois é necessário observar a morfologia dos órgãos reprodutivos. Pelo fato das metacercárias representarem formas assexuadas e pelas características dos cistos serem parecidas àquelas encontrados por outros autores, as metacercárias encontradas foram identificadas como Diplostomidae. Dentre os indivíduos parasitados 179 eram Bryconops sp., 2 eram de Cheirodontinae e 2 de Glandulocaudinae. Nenhum indivíduo de P. vivipara apresentou-se parasitado podendo refletir preferência por hospedeiros. Em Bryconops sp. e Cheirodontinae foi observada correlação inversa significativa entre a abundância das espécies de parasitas e o comprimento padrão dos peixes. Para Glandulocaudinae a correlação não foi significativa. Houve diferença na infecção quanto ao local de coleta. Comparamos somente os pontos II e III, pois apenas nestes pontos houve ocorrência em comum de peixes. No ponto III houve média significativamente maior de parasitas por peixe. |
CONCLUSÃO: |
Observou-se grande número de parasitas nos peixes e houve preferência dos parasitas por hospedeiros, em especial, por Bryconps sp., indicando uma possível especificidade. Peixes menores foram significativamente mais parasitados, mostrando que pode haver preferência pelos menores ou estes podem ter características fisiológicas que favorecem a infecção. A diferença significativa na ocorrência de parasitas nos pontos amostrados demonstra que existem locais mais adequados às transmissões. |
Palavras-chave: Trematoda, Peixes, Rio Capivari. |