Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 5. História - 5. História Econômica
FUMO, FARINHA DE MANDIOCA E GADO: PRODUÇÃO E COMÉRCIO EM FEIRA DE SANTANA EM FINS DO SÉCULO XIX E PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
Francemberg Teixeira Reis 1
Lucilene Reginaldo 2
1. Graduando em História UEFS. Bolsista Iniciação Científica PIBIC/CNPQ
2. Orientadora. Professora Drª - Dptº de Ciências Humanas e Filosofia -UEFS
INTRODUÇÃO:
Este trabalho pretende apresentar alguns resultados da pesquisa intitulada: Fazendeiros Modestos e Roceiros: padrões da propriedade, da produção rural e do mercado em Feira Santana (1890-1920). Recortamos assim um tema no interior da pesquisa: a questão da produção rural e do mercado, identificando a variação dos preços no mercado de Feira de Santana na última década do século XIX e primeiras do século XX. O enfoque escolhido foi a investigação do pequeno produtor e as oportunidades de comercialização da sua produção no mercado da cidade, seja como vendedor direto na condição de feirante, ou de fornecedor, quando a sua produção contribuía no abastecimento dos empórios e armazéns da cidade. Damos ênfase, entre outras questões, a análise de três principais produtos da região: fumo, farinha-de-mandioca e o gado. O conjunto de fontes que subsidiaram a pesquisa foram recentemente disponibilizadas ao público. O recorte da pesquisa justifica-se por alterações ocorridas na ordem social e política, atos que refletiram na estrutura do país tanto em grandes como em pequenos espaços.
METODOLOGIA:
Com a percepção dos três principais produtos da região (fumo, farinha e gado), fizemos um estudo que buscou levantar em inventários a presença destes como posse entre os pequenos produtores da região. Os inventários pesquisados, todos da Comarca de Feira de Santana, estão disponíveis à consulta pública no Centro de Documentação e Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana (CEDOC/UEFS). Utilizamos também, jornais que circularam na cidade de Feira de Santana no período proposto pela pesquisa (1890-1920). Através da elaboração de fichas de leitura, observamos nos jornais as cotações dos preços de diversos produtos agrícolas e de necessidade básica da população, totalizando no estudo de 92 cotações. Os jornais encontram-se digitalizados no Museu Regional Casa do Sertão, também localizado na Universidade Estadual de Feira de Santana. No Arquivo Municipal, listou-se alguns livros de notas que informavam sobre a movimentação do gado e os impostos no mercado no ano de 1914.
RESULTADOS:
Os dados colhidos nos inventários, nos jornais e livros de notas foram sistematizados e apresentados graficamente. Nos inventários, foram levantados os valores atribuídos ao gado, a plantações de fumo e mandioca, sendo o primeiro classificado juridicamente como bem semovente e os dois últimos como bens móveis. Nos jornais, as cotações dos itens apresentadas semanalmente eram dispostas informando o seu preço mínimo e máximo, nesse sentido, os dois valores dispostos foram somados, estabelecendo assim o preço médio dos produtos cotados na semana. Com isso, tornou-se possível perceber as variações de preços do fumo, da mandioca e do gado no período. A estas variações foram levantadas hipóteses e retiradas conclusões sobre o declínio ou o aumento dos preços em determinados períodos, como a influência de fatores climáticos, políticos e questões peculiares à própria dinâmica do mercado local. Enfatizamos na produção e no mercado, a participação do pequeno produtor no abastecimento e comercialização dos produtos e as suas relações tanto no mercado interno como externo, entendendo assim, o funcionamento do mercado a partir da produção da própria região, considerando também as diversas conexões econômicas com outras localidades da Bahia e do Brasil no perfil do mercado de Feira de Santana.
CONCLUSÃO:
Discutimos na pesquisa o fluxo da produção e do mercado em Feira de Santana na passagem do século XIX para o XX. Privilegiamos a classe de modestos fazendeiros e roceiros, mostrando como e o que estes indivíduos produziam em suas propriedades e suas ambições econômicas no mercado local. Entretanto, as alternativas de rendimento no comércio não é determinante para indicar as reais condições de vida dos pequenos proprietários. Tema que exige outra abordagem sobre as mesmas fontes aqui apresentadas
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Produção rural, Mercado, Economia Local.