Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

MEMÓRIAS DE EGRESSOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE ESTIGMA E PRECONCEITO: Obesos, afrodescendentes e deficientes físicos em Mutuípe.

Camilla Sobral dos Anjos de Almeida 3250

1. Prof. Dr. Luís Flávio Reis Godinho - UFRB

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho discute as consequências que a estigmatização causa para a socialização do indivíduo, analisando como o estigma surge no âmbito escolar. Partindo de suas várias nomenclaturas e como ela acontece no âmbito escolar, que em uma grande escala ainda permanece velada nas escolas, ou em alguns casos, considerada pelos agentes da escola, como uma brincadeira comum entre os colegas. O trabalho também analisa trajetórias e desempenhos escolares na perspectiva de identificar a influencia que a estigmatização exerce sobre a vítima, assim como o comprometimento que pode causar no desenvolvimento das habilidades sociais dos alunos estigmatizados.

METODOLOGIA:

Tendo em vista que pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos. (Andrade, 2001), esta pesquisa estudará as memórias dos ex educandos que foram estigmatizados durante sua trajetória escolar, apontando as consequências que esta estigmatização causou no indivíduo. Portanto a metodologia de pesquisa utilizada foi o estudo de memórias, realizada através da entrevista despadronizada ou não estruturada, feita com egressos da educação básica do município de Mutuípe-BA.

RESULTADOS:

Na pesquisa de campo, foi detectado que muitos indivíduos tinham indentidades deterioradas por causa da estigmatização, Fala da Srª V Muitas vezes eu não queria sair porque eu achava que ninguém ia querer me ver porque eu era feia, porque eu usava óculos, e ninguém ia querer fazer amizade com alguém assim. Porque eu me achava feia e eu pensava que ninguém ia querer andar comigo. Alguém sempre destacava alguém como intelectual, ai quando você ia fazer uma apresentação ficava com medo, acho que as vezes eu nem conseguia fazer as coisas porque ficava imaginando, ah fulano vai fazer melhor que eu, e eu não conseguia fazer as coisas, trabalho que o professor pedia. Na minha vida foi a auto rejeição. Além de ter seus desempenhos escolares comprometidos, como uma das consequêcnias do preconceito, Srª VDa 5ª a 8ª série eu era extremamente big burra, eu não sei, com o tempo eu vim perceber isso, por eu achar que tinha um grupa lá que sempre tirava notas boas, ótimas, e eu sempre tirava notas baixas, e ai sempre foi assim, ninguém nunca me olhou, só olhava aquele grupinho, até os professores só dava mais atenção pra aquelas meninas.

CONCLUSÃO:

Conclui-se portanto, que a estigmatização faz o educando sentir-se inferior e incapaz o que reduz suas chances de aprender, evidenciando a sua baixa auto-estima e dessa forma cria no educando certos bloqueios, como falar em público, expor suas idéias, entre outros, pois sua autoconfiança está comprometida assim como seu autoconceito, e este sente-se humilhado por não corresponder as expectativas de seus companheiros.

Palavras-chave: Estigma, Carreira social, Desempenho Escolar.