Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

G. Ciências Humanas - 7. Educaçao - 15. Formaçao de Professores (Inicial e Contínua)

A realidade da formação emergencial de professores de Ciências em Timor Leste

Umberto Euzebio 1 André Luiz da Costa Moreira 2 Joicelene Regina Lima da Paz 3

1. Professor Dr. Universidade de Brasília, bolsista da CAPES (PQLP/Timor Leste) 2. Graduado em Ciências Biológicas, bolsista da CAPES (PQLP/Timor Leste) 3. Mestranda do PPG em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana

INTRODUÇÃO:

As disciplinas da área de Ciências no Ensino Básico do Timor Leste são: Estudo do Meio ministrada por professores polivalentes nas seis primeiras séries e Ciências Físico-Naturais, por professores de formação específica para as três últimas séries. Devido à carência desses profissionais, a política do Ministério da Educação é acelerar o processo de formação de professores para atender essas necessidades. Para isso passou a ministrar um curso de formação emergencial de professores que em sua maioria atuam nas séries iniciais e com faixa etária acima dos 40 anos. A formação de professores de Ciências tem como objetivo atender a demanda das séries finais e propõe o modelo interdisciplinar e integrando as áreas de Biologia, Física e Química. Esse novo sistema de ensino foi implantado a partir de 2010. O curso de formação de professores é de 1800 horas, dividido em três blocos disciplinares: básicas gerais, básicas da especialidade e específicas, com 600 horas cada. A estruturação na área específica, porém se mantém de forma fragmentada, com disciplinas de cada área sem a interdisciplinaridade. Os cursistas optam por uma das três áreas de formação. Este trabalho teve como objetivo analisar a realidade da formação emergencial de professores de Ciências no Timor Leste.

METODOLOGIA:

Esse trabalho é uma pesquisa descritiva e exploratória combinada com estudo de caso. A abordagem da pesquisa é qualitativa e os dados foram obtidos por observações do ambiente de ensino durante um semestre de curso. Ao longo desse período foram feitas observações dos alunos professores em aulas nas áreas de Biologia, Física e Química. Regularmente e de maneira informal foi estabelecido diálogos com alunos individualmente ou em grupo para identificar os problemas de aprendizagem e interesse. No início e no final do curso foi aplicado um questionário para se conhecer a realidade da formação de cada aluno. Esse questionário continha informações sobre a idade desses professores, a preferência por área, a realidade da escola onde trabalha e o conhecimento da língua portuguesa. Para análise dos resultados foi feito levantamentos bibliográficos em livros, periódicos documentos oficiais. A partir das informações obtidas, foram elaboradas as discussões, analisando-se a realidade do curso.

RESULTADOS:

Devido ao sistema de organização nem todos os alunos professores foram convocados para o curso desde o início, o que provocou comprometimentos no andamento. Conforme levantamento bibliográfico a população timorense de professores acima dos 40 anos tem relativamente domínio da língua portuguesa o que foi constatado em questionários e nos diálogos informais. Apesar de muitos afirmarem que ao se depararem com problemas complexos preferem explicar em tétum a outra língua oficial, mas não a de instrução, segundo o Ministério de Educação. A maioria afirmou não estar cursando a sua área de preferência, e que estão ali devido à oportunidade oferecida pelo governo. Porém, isso não interferiu no aprendizado geral das áreas analisadas, que apresentaram rendimento médio no resultado final de aproveitamento. Ao analisar as disciplinas de cada área específica, foi observado que o desenvolvimento dos conteúdos seguiu em ritmo lento, pois os alunos, em sua maioria, nunca tiveram contato com essas disciplinas e não tem total domínio da língua. Os alunos afirmam que os professores os estimulam a se aprofundar no conhecimento de cada área o que despertou maior interesse e rendimento satisfatório. Apesar de pouco material disponível há grande interesse para a aquisição de materiais em português.

CONCLUSÃO:

A formação emergencial de professores de Ciências é incipiente, necessitando de infraestrutura e integração entre as áreas específicas. A duração do curso e carga horária reduzida compromete o aproveitamento e a integração entre as áreas específicas. Os professores-alunos não se sentem estimulados devido à falta de material didático em língua portuguesa, a língua de instrução. Com dificuldades e infraestrutura os professores não se sentem seguros para ministrarem aulas de Ciências em português.

Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Palavras-chave: educação , educador , ensino.