Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 3. Pastagem e Forragicultura

Potencial nutricional de espécies arbóreo-arbustivas nativas da micro-região nordeste do estado da Bahia¹

Tamine Stanislava Cortina 2 Alessandro Lima Machado 2 Lenon Machado dos Santos 2 Luis Henrique Almeida de Matos 2 Soraya Maria Palma Luz Jaeger 3 Paulo Andrade de Oliveira 4

1. Pesquisa financiada pela Fapesb 2. Discente de graduação - Bolsista do PET/Zootecnia da UFRB 3. Professor Adjunto IV - Tutora do PET Zootecnia da UFRB 4. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da UFRB

INTRODUÇÃO:

O manejo ecológico das pastagens da caatinga é pouco conhecido, muito embora seja freqüente o uso destas plantas na alimentação animal, principalmente nas épocas de estiagem, já que pesquisas atuais revelam que 70% das espécies botânicas da caatinga participam, significativamente, da composição da dieta dos ruminantes criados neste bioma (Oliveira, 2002). O conhecimento da vegetação nativa da caatinga torna-se, pois, imprescindível à produção de pequenos e grandes ruminantes, visto que a sustentabilidade dos sistemas de criação no semi-árido está diretamente ligada ao manejo adequado das suas pastagens, cuja riqueza nutricional ainda não foi completamente avaliada, e cujas espécies fazem parte de um ecossistema frágil, que deve ser compreendido em suas peculiaridades, para ser utilizado de maneira economicamente, socialmente e ambientalmente sustentável. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de mensurar o valor nutricional de cinco espécies arbóreas/arbustivas nativas da micro-região nordeste do estado da Bahia, para servir de base nas recomendações de manejo e utilização das pastagens da caatinga.

METODOLOGIA:

O ensaio de campo foi conduzido nos municípios Cansanção e Itiúba, situados na micro região Nordeste do estado da Bahia, Brasil, onde foram feitas coletas de amostras representativas das seguintes espécies forrageiras nativas: Croton conduplicatus (quebra-facão), Cnidoscalus phyllacanthus (faveleira), Manihot pseudoglaziovi (maniçoba), Syagrus coronata (ouricuri), Cereus jamacaru(mandacaru de boi). As determinações dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) em aparelho semimicro Kjeldahl, extrato etéreo (EE) em aparelho Goldfish, cinzas (MM) em mufla elétrica a 600ºC, FDN e lignina (LIG) das amostras foram feitas no Laboratório de Nutrição animal da faculdade de Medicina Veterinária da UFBA, conforme técnicas descritas por Silva & Queiroz (2006). Os dados obtidos foram submetidos a análises de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, utilizando o programa SISVAR.

RESULTADOS:

Foram observados teores protéicos superiores a 6% para todas as espécies avaliadas, estando, portanto dentro da faixa aceitável para os padrões tropicais visando atender às exigências mínimas à criação de ruminantes a pasto segundo Van Soest (1994). São consideradas forrageiras de baixa qualidade, aquelas que apresentam teores de PB inferiores a 6% e de FDN superiores a 60%, situação que não foi observada para as forrageiras avaliadas. A proporção de carboidratos da parede celular e seu conteúdo de lignina são os fatores que mais afetam a redução da qualidade das forrageiras tropicais. Van Soest (1994) afirmou que o teor de FDN das forragens é negativamente correlacionado ao seu consumo. Forragens com menor fração fibrosa refletem maior digestibilidade e maior consumo. Os maiores teores de FDN e lignina, associados ao menor teor de proteína bruta foram observados para o ouricuri (S. coronata), entretanto o alto coeficiente de variabilidade, encontrado nas análises para a variável FDN desta espécie, compromete inferências sobre a qualidade nutricional desta forrageira, quando comparada às demais espécies avaliadas.

CONCLUSÃO:

As espécies forrageiras avaliadas compõem fitomassa de valor nutricional considerável, que devem ter seu potencial estudado, para que possam servir de base nas recomendações de criação de ruminantes a pasto no Bioma da Caatinga.

Instituição de Fomento: SESu/MEC

Palavras-chave: bromatologia, caatinga, pasto vertical.