Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 1. Biologia da Conservação

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE CRUZ DAS ALMAS-BA

Mariana Pereira de Sousa 1 Analu Cruz Souza 1 Mariana Conceição Menezes 1 Amanda Desireux Barcellos 1 Juliane Cardoso da Silva 1 Marcos Teixeira 2

1. Discente do curso de Ciências Biológicas do CCAAB, UFRB. 2. Docente do CCAAB da UFRB. Orientador.

INTRODUÇÃO:

Desde a Conferência Internacional de Tbilisi (2977) que a Educação ambiental tornou-se um assunto prioritário nas escolas brasileiras. Com a Lei 9.795/1999 a educação ambiental passou a compor obrigatoriamente o currículo das escolas do ensino fundamental e médio. Em ambos os casos, a concepção de meio ambiente veiculada é aquela que integra o ambiente natural ao ambiente social historicamente construído pelo homem. Contudo, ainda não é evidente a percepção que os indivíduos demonstram sobre o meio ambiente especialmente com relação a real dimensão das variáveis ambientais e seus efeitos sobre o ambiente como um todo. O valor da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi ressalvada pela UNESCO em 1973. Uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos socioeconômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes. Nesse contexto, a escola se constitui em local privilegiado para a construção coletiva da percepção ambiental. O objetivo deste trabalho foi avaliar qual seria a percepção ambiental dos alunos do ensino fundamental tomando como elemento motivador à Mata do Cazuzinha.

METODOLOGIA:

Foram selecionadas duas escolas que atendem às séries finais do ensino fundamental sendo um pertencente à rede municipal de ensino e o outro a rede estadual. Os dados obtidos no trabalho de campo constituíram-se de observações realizadas em salas de aulas nos colégios em questão e de textos produzidos pelos estudantes obtidos a partir de dinâmicas de motivação nas quais atuamos como facilitadoras. Foram analisadas 217 textos a partir dos quais foram selecionadas 10 categorias onde foram incluídos os termos utilizados pelos estudantes para se referir ás mata: (1) poluição da mata; (2) destruição da mata; (3) moradia da fauna e flora; (4) bem estar da população; (5) conservação e/ou preservação; (6) pesquisa; (7) drogas e violência; (8) sexo; (9) violência; (10) não sabe e/ou pouco sabe. A partir dessa categorização verificou-se a representatividade de cada categoria a partir da frequência com que as expressões apareceram nos textos dos estudantes.

RESULTADOS:

As categorias mais representativas foram bem estar e Conservação, ambas com 17,1%, seguidas de Moradia da fauna e flora (16,9%); Poluição da mata (12,7%); Drogas (9,6%); Destruição da mata (8,9%); Violência (8,7%); Não se sabe e/ou pouco sabe (5%); Pesquisa (3,7%) e Sexo (0,2%). Na 5a série prevaleceu a percepção da mata como local de bem estar (29%). A 6a série preocupou-se com a proteção da fauna e da flora (15%). Tanto na 7a (30,8%) quanto na 8a série (24,7%) a maioria declarou preocupação com a conservação da mata, mas não indicaram motivos específicos. A percepção da mata como um local desprezível foi vinculado às drogas e violência. Essas preocupações estiveram presentes em todos os níveis, com maior frequência na 6a série (16,2% e 11%, respectivamente). O relato abaixo ilustra essa percepção. “Eu nunca entrei nesta mata mais já ouvi falar que é horrível, ela é muito falada... principalmente assalto, quem passa ali não tem quem não comente que já foi assaltado” (aluna da 8ª série). Registra-se que alguns professores das turmas investigadas declararam que a atividade de educação ambiental deveria ser acompanhada pelo professor de ciências da escola.

CONCLUSÃO:

Uma concepção que permeia o imaginário dos estudantes é a ideia de meio ambiente como natureza que precisa ser protegida das “garras” humanas, na qual os estudantes não se veem como parte da natureza. Diversos autores entendem isso como fruto de uma educação ambiental historicamente equivocada, denominada de naturalista, que se confunde com o ensino de ecologia e está distante da proposta estabelecida na Conferência de Tbilisi.

Palavras-chave: percepção ambiental, , estudantes, ensino fundamental .