Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 3. Psicologia Clínica
DESEMPENHO COGNITIVO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL COM E SEM CRISES CONVULSIVAS
LUNA MAIANA ARAUJO FREITAS 1
CARINE MENDES ROCHA 2
THIAGO DA SILVA GUSMAO CARDOSO 3
PATRÍCIA MARTINS DE FREITAS 4
1. Graduanda, Bolsista PIBEX, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
2. Graduanda, Bolsista PIBIC, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
3. Graduando, Bolsista PIBIT, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
4. Prof. Adjunta, Centro de Ciências da Saúde, UFRB
INTRODUÇÃO:
A paralisia cerebral (PC) é uma síndrome não progressiva, mas geralmente mutável, de alterações motoras secundárias à lesão ou anomalias do cérebro em desenvolvimento ocorridas até os dois anos. O diagnóstico clínico da PC é baseado nas manifestações motoras que são classificadas a partir de uma avaliação física e neurológica. Além das alterações motoras presentes na PC outros transtornos comportamentais, sensoriais, cognitivos e da linguagem, assim como a epilepsia também podem estar presentes, sendo que o sucesso do tratamento depende da abordagem de todos os problemas associados. A epilepsia é uma condição importante a ser investigada devido à alta prevalência entre as crianças com PC que podem apresentar qualquer tipo de crise epilética. Estudos apontam que a cada cem crianças com PC entre doze e noventa apresentam crises convulsivas recorrentes na ausência de quadros tóxico-metabólicos ou febris, o que caracteriza quadro epilético.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi realizado na cidade de Belo Horizonte sendo avaliadas 104 crianças na faixa etária de 5 a 9 anos, de dois grupos um clínico e outro controle. No grupo controle foram avaliadas 75 crianças e no grupo clínico 29 crianças com PC. Entre as crianças com PC, 24,2% (N = 7) informaram a presença de crises convulsivas. Para avaliar o desempenho cognitivo foram utilizados testes neuropsicológicos que avaliam as funções psicolingüísticas e viso-espaciais. As tarefas psicolingüísticas utilizadas compõem a Bateria de Avaliação Neuropsicológica do Processamento Lexical (BANPLE) (Freitas, 2009), para avaliar as funções viso-espaciais foram utilizadas as tarefas de Figuras Hierarquizadas, Santucci e Construções Tridimensionais. Os dados foram analisados utilizando procedimento estatístico de comparação para grupos não-paramétricos Kruskall-Wallis e análise post-hoc Mann Whitney Test.
RESULTADOS:
Quando comparadas através do Test Kruskall-Wallis crianças do grupo controle e do grupo clínico com e sem crises convulsivas apresentam diferenças significativas em relação ao desempenho cognitivo, exceto nas tarefas de Nomeação de Figuras (p = 0,182), Figuras Hierarquizadas (p = 0,775) e Repetição de Palavras e Pseudo-Palavras (p = 0,261). Foi feita a análise post-hoc utilizando o teste Mann Whitney, para comparação intra-grupos. Quando comparadas crianças com PC com e sem crises convulsivas não foram encontradas diferenças significativas. Na comparação entre PC sem crises convulsivas e grupo controle foram encontradas diferenças em seis de nove tarefas psicolingüísticas, exceto Repetição de Palavras e Pseudo-Palavras, Associação Semântica de Palavra-Figura e Figura-Figura, Quando comparados PC com crises convulsivas e grupo controle os resultados são semelhantes, seis de nove tarefas psicolingüísticas apontaram diferenças significativas, exceto Repetição de Palavras e Pseudo-Palavras, Associação Semântica Figura-Figura e Nomeação de Figuras. Na avaliação viso-espacial dos dois grupos comparativos apenas na Tarefa de Figuras Hierarquizadas não foram encontradas diferenças.
CONCLUSÃO:
Estes achados apontam a importância de investigações mais sistematizadas, sendo necessárias outras investigações para analisar como se comportam as diferenças encontradas entre o grupo controle e os grupos de PC com e sem crises convulsivas. Investigações mais consistentes podem contribuir com estratégias de intervenção mais eficazes considerando a PC e outros quadros associados.  
Palavras-chave: Paralisia Cerebral, Epilepsia, Avaliação Cogntiva.