Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia |
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social |
Terras de Livres e Libertos: a pequena propriedade de terra cultivada por homens livres e libertos no Recôncavo Baiano na segunda metade do século XIX. |
Clissio Santos Santana 1 Walter Fraga Filho ( orientador) 2 |
1. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia(UFRB). 2. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Prof.Dr (UFRB) |
INTRODUÇÃO: |
O Recôncavo baiano, uma região conhecida pela potencialidade de fertilização de suas terras, possibilitou o cultivo de uma gama de culturas agrícolas durante séculos - cana-de-açúcar - fumo, mandioca - além do mais, a proximidade com as águas calmas da Baía de Todos os Santos, facilitavam o escoamento da produção e a comunicação com centros urbanos importantes como Salvador e outras regiões do Brasil. Além das características geográficas, o Recôncavo foi marcado pela forte presença da escravidão negra durante mais de três séculos. A composição socioeconômica das sociedades que compuseram a região foi pautada fundamentalmente no trabalho de homens, mulheres e crianças escravizadas, na grande propriedade de terra e na produção de gêneros para o mercado externo. No entanto, reduzir o Recôncavo ao tripé latifúndio- monocultura – escravidão é deixar de fora das análises históricas indivíduos livres e libertos que também faziam parte do corpo social. Desta forma, nosso trabalho objetiva o estudo das pequenas propriedades de terra cultivadas por indivíduos livres e libertos nas freguesias rurais da Vila Cachoeira entre os anos de 1850 e 1890, e quais as formas que o acesso a terra interligava-se com os propósitos de liberdade, ascensão social e cidadania desses sujeitos. |
METODOLOGIA: |
Para o mapeamento e identificação do itinerário de grupos, famílias ou indivíduos livres e libertos possuidores de pequenas porções de terra entre 1850 e 1890, utilizamos como metodologia o cruzamento de uma gama de fontes documentais primarias como inventários, processos crimes, testamentos e jornais. A partir do método de quantificação e seriação documental, pautamos nossas análises metodológicas no que a historiografia denomina de ligação nominativas, metodologia que permite cruzar fontes variadas por diversas perspectivas, possibilitando a reconstrução do itinerários desses sujeitos a partir dos nomes localizados nas fontes. Com base na metodologia que estabelecemos para a construção do nosso trabalho, levantamos, catalogamos e sistematizamos cerca de 200 inventários post mortem de pequenos proprietários de terra de Vilas do Recôncavo desta forma, montamos e qualificamos um banco de dados que serviu de arcabouço empírico para o desenvolvimento dos objetivos de pesquisa. |
RESULTADOS: |
Um dos resultados alcançado por nosso estudo, foi a identificação de um corpus documental extenso e rico arquivados no arquivo municipal de Cachoeira, local onde realizamos nossas pesquisas empíricas. Localizamos uma quantidade significativa de inventários, testamentos, documentos eclesiásticos e administrativos de propriedades rurais e urbanas das Vilas e freguesias do Recôncavo, especificamente da Vila de Cachoeira e das suas freguesias rurais no decorrer da segunda metade do século XIX. Compreendemos como fruto relevante do nosso trabalho a elaboração e construção de um banco de dados com informações de cerca de 200 inventários post mortem, o que possibilitou a análise empírica e qualificada dos documentos, subsidiando o desenvolvimento da pesquisa e ao mesmo tempo contribuindo para a preservação da documentação histórica sobre o Recôncavo. Desta forma, com base na documentação percebemos que o Recôncavo Baiano na segunda metade do século XIX, foi constituído por uma grande quantidade de pequenas propriedades, pertecentes a sujeitos livres e libertos que cultivavam uma variedade de gêneros de subsistência. Por fim, entendemos que o acesso a terra funcionava como uma estratégia de alcançar ascensão social e cidadania. |
CONCLUSÃO: |
Concluímos que o nosso estudo contribui para o conhecimento histórico e socioeconômico do Recôncavo Baiano. Ao estudarmos a existência de pequenas propriedades de terra, compreendemos as contribuições que indivíduos livres e libertos tiveram na construção histórica e cultural das sociedades que foram moldadas no Recôncavo na segunda metade do século XIX. Desta forma nossa pesquisa articula-se com outros trabalhos que objetivam estudar a História social e cultural do Recôncavo Baiano. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifíco e Tecnológico (CNPq) |
Palavras-chave: Recôncavo Baiano, Terras, Liberdade. |