Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada

ANÁLISE PARCIAL DA DIETA DA TRAÍRA Hoplias malabaricus (BLOCK,1794) (ERYTHRINIDAE) DA FLORESTA NACIONAL CONTENDAS DO SINCORÁ (FLONA), BAHIA

Wagner Silva Rocha 1 Flávia Borges Santos 2

1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Vitória da Conquista/BA 2. Profa. Dra. / Orienta., UESB, Vitória da Conquista/BA

INTRODUÇÃO:

Hoplias malabaricus, é uma espécie de peixe piscívora conhecida pelo nome popular traíra, sua distribuição geográfica abrange as regiões neotropicais, tendo registro de ocorrência desde os rios da Costa Rica até a Argentina. H. malabaricus é descrita na literatura como uma espécie predadora, com estratégia alimentar de tocaia, estando sempre à espreita de potenciais presas, o que é observado geralmente em ambientes lênticos de águas rasas, ficando escondida entre a vegetação submersa ou marginal. Esta espécie de traíra é amplamente conhecida pelas populações ribeirinhas do Estado Bahia, sendo comumente introduzida em açudes e lagoas de propriedades rurais, como piscicultura familiar, já que sua carne é muito apreciada, tornando-se uma fonte de alimentação de subsistência nessas comunidades. Nesse sentido, o estudo da dieta torna-se necessário para o conhecimento do hábito alimentar desta espécie, o qual pode contribuir na elaboração de métodos que venham possibilitar a conservação e manejo de H. malabaricus em áreas de comunidades rurais de baixa renda. Esse trabalho tem como objetivo estudar a dieta da traíra, Hoplias malabaricus, que ocorre nos corpos d’água da Floresta Nacional Contendas do Sincorá (FLONA), Bahia.

METODOLOGIA:

As coletas foram realizadas entre agosto de 2009 a julho de 2010. Para a captura de H. malabaricus utilizou-se: redes de espera, tarrafas, armadilhas e varas de pesca. Posteriormente, os exemplares coletados foram imersos em formalina 10% para conservação do conteúdo dos tubos digestivos, permanecendo por no mínino 48 horas. Todo material fixado foi transferido para solução de etanol a 70%. Para aquisição dos tubos digestivos fez-se uma incisão ventral, desde a abertura anal até a inserção das nadadeiras pélvicas, medindo em seguida o comprimento dos mesmos (CTD). Mediu-se ainda o comprimento padrão (CP), que é à distância da ponta do focinho a base de inserção dos raios na nadadeira caudal, visando compreender uma possível relação entre CTD/CP, em detrimento a dieta da espécie estudada. A análise dos conteúdos digestivos tomou como parâmetros os métodos de índice alimentar (IAi), freqüência de ocorrência (FO%), composição percentual (CPE%) e volume percentual (V%).

RESULTADOS:

Até o presente momento foram dissecados 42 exemplares de Hoplias malabaricus, dos quais 25 apresentaram o tubo digestivo vazio. Os indivíduos analisados apresentaram média do comprimento padrão (CP) de 17,7 cm, média do comprimento do tubo digestivo (CTD) de 16,16 cm e média da relação CTD/CP de 0,93 cm. Espécies de peixes carnívoras tendem a apresentar geralmente valores menores que 1,0 para a relação CTD/CP. No presente estudo foram encontradas 10 categorias alimentares: Arthropoda, Astyanax cf. fasciatus, peixe ósseo, Hypostomus sp., Cichlidae, Gastropoda, Areia, Matéria orgânica animal, Matéria orgânica não identificada, Matéria orgânica vegetal. Os que apresentaram maior volume foram: Hypostomus sp. (47,50%), Astyanax cf. fasciatus (30,70%) e Arthropoda (13,42%). De acordo com o índice alimentar (IAi), os itens mais importantes foram: Arthropoda (38,2%), e Peixes, representados pelos seguintes táxons: Hypostomus sp. (33,8 %), peixe ósseo (12,7%), Astyanax cf. fasciatus (10,9%) e Cichlidae (1,9%), que juntos somaram 59,3% dos itens, evidenciando assim o hábito alimentar piscívoro de H. malabaricus.

CONCLUSÃO:

Concluir-se que H. malabaricus apresenta hábito alimentar carnívoro, tendendo a piscivoria. Entretanto, ficou evidente que esta possui grande plasticidade alimentar, intimamente relacionada com mudanças naturais e antrópicas no habitat. A espécie ainda apresentou um hábito alimentar oportunista, como é confirmado através da composição de itens da sua dieta, estratégia comportamental que contribui para a conquista e sobrevivência da espécie em diversos ambientes de água doce na Bahia.

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB / Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PPG

Palavras-chave: Hoplias malabaricus, Dieta, Floresta Nacional Contendas do Sincorá.