Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
“Inútil dormir que a dor não passa”: Mobilizações estudantis na década de 70 em Salvador
Maurício Quadros da Mota 1
Lucileide Costa Cardoso 2
1. Graduando em História - CAHL - UFRB
2. Orientadora - Profa. Dra. - CAHL - UFRB
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho discute aspectos da história do Movimento Estudantil - ME em Salvador durante a década de 70, mais especificamente 1969 a 1980, período correspondente ao pós-Ato Institucional Nº-5 (AI-5) e a reorganização do ME baiano. Com a promulgação desse decreto, algumas organizações estudantis se extinguiram, ou quando continuavam, agiam na clandestinidade dificultando as formas legítimas de organização política. Durante a década de 70, o Movimento Estudantil baiano voltará a aparecer em cenário nacional, e sua força levará em 1979, ao 31º Congresso da UNE realizado em Salvador. Buscamos discutir nesse texto como o Movimento Estudantil construiu suas bases de organização pós-AI-5, identificando o papel dos estudantes, suas bandeiras, idéias e propostas ao enfrentamento ao autoritarismo militar.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada consistiu na análise minuciosa de documentos, jornais da capital durante o período, que foram o A Tarde e o Jornal da Bahia, periódicos estudantis e a realização de entrevistas com personagens da época. O enfoque principal foi dado à sistematização das informações colhidas das fontes, em paralelo com bibliografias secundárias, que permitiu as condições necessárias para a concretização dessa pesquisa.
RESULTADOS:
Nos primeiros anos da década de 70 em Salvador, as movimentações estudantis propiciaram um processo de reestruturação dos DAs e CAs, que se constituíram não somente em organismos formais de estrutura funcional, mas de legitimação referendada pela participação estudantil. Nesse período, as lutas, em sua grande parte, limitavam-se aos debates em torno de melhores condições de ensino e inserção profissional no mercado de trabalho. Nesse momento, o enfrentamento de situações relacionadas com a qualidade formativa dos estudantes impulsionará a recomposição política através de articulações cotidianas. Nesse sentido, os estudantes passaram a estabelecer estratégias de resistência e interferência ao projeto de reforma tecnocrática em curso na UFBA.
A presença dos agrupamentos de esquerda nas tendências estudantis contribuiu na medida em que ofertava subsídios políticos para as lutas, articulações e mobilizações promovidas pelo ME, transformando o cotidiano estudantil num rico espaço de debates. A formação de agrupamento mais numeroso de estudantes dotados, principalmente, de perspectivas mais abrangente de atuação organizada no movimento em recomposição, o que possibilita, aos poucos, a saída da militância da clandestinidade para assumir espaços mais concretos como tendências políticas.
CONCLUSÃO:
A década de 70 será marcada pela busca de “novas” formas de exercício político. Sendo capaz de gerar, dentre outras formas, movimentações estudantis não apenas referenciadas por práticas políticas “tradicionais”, mas sim, por outras dinâmicas próprias, a exemplo das práticas culturais, que ampliarão o leque das lutas estudantis nesse período. Impulsionando os debates e discussões a cerca das melhores condições de ensino, nas lutas contra o regime militar e pela redemocratização.
Instituição de Fomento: PIBIC - UFRB/FAPESB/CNPQ
Palavras-chave: Movimento Estudantil, Década de 70, Salvador.