Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
PROPRIEDADES MEDICINAIS DAS ESPÉCIES VEGETAIS DA RESTINGA DE GUAIBIM, VALENÇA – BA.
ELFANY REIS DO NASCIMENTO LOPES 1
JACILENE CRUZ MAGLHÃES 2
MÁRCIO LACERDA LOPES MARTNS 3
1. Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia - UFRB.
2. Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia - UFRB.
3. Professor Assistente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Centro de Ci
INTRODUÇÃO:
A Praia de Guaibim está localizada no município de Valença, BA e atualmente encontra-se como uma Área de Proteção Ambiental - APA que apresenta remanescentes bem preservados de vegetação de restinga. Inserida numa região de clima quente-úmido, a APA possui ainda manguezais, faixas de praias e brejos. Embora pertencente a uma APA essa vegetação vem sentindo efeitos antrópicos relacionados ao turismo desordenado e extrativismo crescente de espécies animais e vegetais associadas a área, o que tem provocado um acelerado processo de ocupação da zona costeira e desmatamento. A UFRB vem desenvolvendo, na região, diversas atividades com o intuito de fomentar a discussão de uma nova categorização desta unidade de conservação, a fim de adequá-la a suas necessidades. Dessa forma, durante o estudo da composição florística das formações abertas não inundáveis desta unidade de conservação constatou-se um número expressivo de espécies que apresentam propriedades medicinais, sendo estas descritas por diversos autores e citadas em variadas literaturas. O objetivo deste trabalho foi, portanto, realizar o levantamento das espécies que apresentavam propriedades terapêuticas ocorrentes na área de restinga da Praia de Guaibim.
METODOLOGIA:
O material analisado foi proveniente de coletas realizadas durante o período compreendido entre agosto de 2009 e junho de 2010 e depositado no herbário HERB da Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, BA. O sistema de classificação adotado como base foi o Angiosperm Phylogeny Group – APG III (2009). O uso das espécies estudadas foi levantado de acordo com revisão bibliográfica constante de artigos científicos, páginas confiáveis da rede mundial de computadores, literatura específica da área, dissertações e teses relacionadas ao assunto, sobretudo aqueles com abordagem etnobotânica.
RESULTADOS:
Entre as 70 espécies catalogadas para a APA de Guaibim, 25 (36%) foram citadas na literatura como possuindo algum valor medicinal. Estas espécies estão distribuídas 20 famílias e 22 gêneros. As famílias mais representativas foram Rubiaceae, com 3 espécies e Amaranthaceae, Anacardiaceae e Cyperaceae, com 2 espécies. O uso mais freqüente foi para febre (21,7%) seguido de reumatismo, inflamações e diarréia (17,4%). As partes mais utilizadas foram as folhas (64%) e raízes (42%). Algumas espécies citadas apresentam atividade antioxidante comprovada (Boscolo et al., 2007). O número de espécies encontradas é representativo quando comparado com outras áreas de restinga no Brasil. Roman e Santos (2006) relatam 24 espécies para a restinga de Algodoal, PA, enquanto Boscolo e Vale (2008), citam 91 para Quissamã, RJ, Fonseca-Kruel e Peixoto (2004) 68 para Arraial do Cabo, no mesmo estado e Melo et al (2008) cita apenas 12 espécies para Florianópolis, SC.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste estudo possibilitaram a construção de um panorama mais completo acerca do potencial medicinal da área estudada, destacando a grande importância da valorização de estudos etnobotânicos com as comunidades do município de Valença-BA, a fim de que seja possível conhecer, de fato, como a comunidade se relaciona com a vegetação daquela região. Além disso, esses dados demonstram a importância da intensificação dos estudos na restinga de Guaibim.
Palavras-chave: APA, Levantamento, Botânica.