Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica |
o confronto da teoria com a prática: relato de experiência sobre a assistência a parturiente |
suiane costa ferreira 1 tânia christiane ferreira bispo 2 |
1. universidade do estado da bahia 2. prof. mestre. departamento de ciência da vida-Universidade do estado da bahia |
INTRODUÇÃO: |
Durante o 7º semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade do Estado da Bahia, os alunos tem a oportunidade de conhecer as peculiaridades do universo da mulher, incluindo os assuntos acerca de sua gestação, parto e puerpério.É durante esse período que os alunos discutem sobre o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), que objetiva o resgate da atenção obstétrica integrada, qualificada e humanizada com o envolvimento de forma articulada dos estados, municípios e das unidades de saúde nestas ações, para alcance da redução da morbimortalidade materna, peri e neonatal no Brasil. O modelo de assistência obstétrica intervencionista e curativista, ainda vigente, transformou o parto, antes um evento feminino e doméstico, num evento médico e institucional. Todas as mudanças propostas pelo PHPN visam reconfigurar a assistência ao parto alicerçando-se no processo de humanização. Contudo, esse processo não é alcançado apenas quando se distribuem normas ou manuais. Existe a necessidade de envolvimento de todos os atores sociais- instituição, profissionais de saúde, gestores e usuários do serviço. Este relato busca estabelecer um comparativo entre o discurso acadêmico e a prática hospitalar, tendo como referência as recomendações do PHPN. |
METODOLOGIA: |
Durante dez dias, do mês de janeiro de 2006, foi realizado estágio acadêmico numa maternidade pública da Salvador, sempre com acompanhamento de uma supervisora. Foram assistidos 15 partos sendo 13 vaginais normais e 02 cesáreos, embora tenha-se prestado assistência a inúmeras mulheres na sala de pré-parto. A referida maternidade realiza atendimento nas áreas de ginecologia e obstetrícia. À medida que as atividades da prática acadêmica eram executadas, realizava-se a observação direta das relações entre profissionais-parturientes assim como dos procedimentos adotados durante o processo do parto. Foi preservado o anonimato dos sujeitos observado conforme os princípios éticos estabelecidos na resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde |
RESULTADOS: |
87% dos partos foram vaginais normais sem complicação, contudo observou-se interferências obstétricas desnecessárias, transformando o ato de parir num processo de violação dos direitos da mulher. Houve 53% de internamento precoce, o que aumenta o risco de infecção hospitalar, assim como propicia o aceleramento do trabalho de parto (TP) de forma induzida com o uso de substâncias venosas, como a ocitocina. O direito assegurado pela lei nº 11.108/2005, de ter um acompanhante, também não foi observado. 100% das mulheres foram postas na posição de decúbito dorsal desde a admissão até o parto, além de permanecerem restritas ao leito, indo de encontro às vantagens da deambulação e da posição vertical durante o TP. 100% das mulheres permaneceram em dieta zero durante o internamento, o que só deveria ocorrer quando indicado o parto cesáreo ou sobre analgesia. A presença do desrespeito por parte dos profissionais com relação a necessidade de extravasamento da dor através de gemidos e gritos foi marcante. Na sala de parto observou-se o uso exclusivo da posição litotômica, com pernas apoiadas em perneiras metálicas, a realização de episiotomia de rotina, clampeamento precoce do cordão umbilical e a separação do recém-nascido da mãe imediatamente após o parto,impedindo a formação do vínculo |
CONCLUSÃO: |
Realizar este relato possibilitou uma maior reflexão sobre a assistência ao parto e do real papel dos profissionais de saúde/gestores, não mais como os únicos atores do processo, mas como atores que podem influenciar positiva ou negativamente um momento ímpar na vida das mulheres. Há um caminho a ser percorrido para se chegar a uma assistência de qualidade, que passa pelo empoderamento dos usuários do serviço, pela transformação das instituições acadêmicas e por melhores condições de trabalho |
Palavras-chave: Enfermagem , Parto, Humanização . |