Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia
F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Direito - 11. Filosofia do Direito
A tecnologia como alternativa para a paz: de Descartes a Hawking.
rodrigo britto pereira lima UFBA
nelson cerqueira UFBA
1. Rodrigo Britto Pereira Lima - Mestrando Direito UFBA - orientando
2. Nelson Cerqueira - Prof. Doutor Mestrado Direito UFBA - orientador
INTRODUÇÃO:
Vive-se na era pós-guerras religiosas, sendo os marcos da Modernidade aqueles que sobre os escombros dos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, tentaram reconstruir a Europa sob o signo da prioridade ôntica no materialismo, na violência contra a natureza, aí também localizado o animal homem.
O conceito de liberdade, fundamental para a filosofia, a ciência e o direito do ocidente, tem suas raizes no pensamento grego, mas a revolução cristã lançou um grande pensador que tratou do tema e cujo entendimento perpassou toda a Idade Média, que foi Santo Agostinho. Na disputa entre Lutero e Erasmo, a liberdade tem seu sentido alterado, e é sobre este grande abismo de sentido que vai ser ocupado pela ideologia científica nascente.
São marcos da Modernidade a descoberta do sujeito autônomo cognoscente, o ceticismo lógico, e o desenvolvimento deste pensamento não apenas laicizou o fundamento do poder, na virada copernicana moral-racional de Kant, mas crescentemente submeteu o fundamento do poder ao sensualismo estatístico, que é o bem estar da maioria, tornando econômico, e desta forma sistemático, o fundamento das relações humanas, com profundas implicações sobre a ética, restando a tecnologia como condição humana de autocompreensão, além de insumo para a paz ou a guerra.
METODOLOGIA:
Diversas metodologias foram utilizadas para repensar as origens do fundamento do poder na cultura ocidental, iniciando pelo deducionismo cartesiano e o empirismo de Bacon, ambos usados para encontrar o sujeito cognoscente e o sensualismo. Posteriormente, foi utilizada a metodologia da percepção do passado através das revoluções científicas de T.S. Kuhn, a metodologia de especificação entre ciência e ideologia científica de Paul Feyerabend, o método regressivo-progressivo de Jean-Paul Sartre para identificar a necessidade de liberdade inerente à condição humana. Em contraposição a este último, se adotou o método de autopoiese sistêmica para identificar o pensamento sistemático atual, com origens na biologia e que com Niklas Luhmann foi transposto para a sociologia, e daí para o direito. Se adota o pensamento de Boaventura Souza Santos para reabrir o papel da ciência, somando-o ao questionamento ôntico de Heidegger sobre a prioridade do ser sobre o nada, e a desconstrução do método.
RESULTADOS:
O resultado da pesquisa é que a prioridade ôntica do conhecimento mensurável, falsificável sob a perspectiva de Karl Popper, colocado na negatividade pela dúvida lógica de Descartes, e que foi praticamente elevado ao único conhecimento digno de ser pensado por Kant, em especial em sua obra Crítica da Razão Pura, foi feito em detrimento de uma metaphysica specialis, que questiona o papel da liberdade do homem e da liberdade da vontade. Uma epistemologia mais aberta é necessária, mas para tanto não é necessário refazer os referenciais teóricos, bastando uma releitura, uma desconstrução tanto dos ideais científicos de neutralidade, industriosidade, sucesso, individualismo, e sua relação com os ideais da sociedade de consumo de individualismo exacerbado, estética, aparência, superficialidade das relações humanas, ideal da res, da prioridade da coisa sobre o homem, da mitificação do ordenamento, da constituição, da ecceidade de Duns Scotus, do desvelamento da coisa e a aparência de Husserl, do sistema inexpugnável do qual o homem seria apenas um operador, mais um refém do que um autor, mais um ser submetido à violência imposta por si mesmo do que um ser livre, em um mundo cheio de sentido. Desta forma, a prioridade ôntica do ser deve ser revista para ser alcançado o equilíbrio.
CONCLUSÃO:
As conclusões do trabalho em muito são idênticas ao resultado do trabalho, qual seja a rejeição de toda abordagem que torne o humano um instrumento de um sistema pretensamente neutro, em um mundo em que não há neutralidade, e como afirmou Habermas, todo conhecimento é interessado. O questionamento sobre a hipertrofia do papel da dogmática, havendo necessidade de reabertura para a poiesis de Viehweg, priorizando o caso concreto sobre um ideal iluminista de completude do ordenamento.
Palavras-chave: Modernidade , Filsofia da Ciência , Tecnologia .