Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal |
Primeira ocorrência de Thelypteris villosa (Link) C. F. Reed (Thelypteridaceae) para o Nordeste do Brasil |
Taís Soares Macedo 1 Aristóteles Góes Neto 2 Fabiana Regina Nonato 3 |
1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Botânica da UEFS 2. Prof. Dr. - Depto de Ciências Biológicas - UEFS - Orientador 3. Prof. Dra. - Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - FIOCRUZ - Co-orientadora |
INTRODUÇÃO: |
A região Nordeste do Brasil abriga uma flora diversificada com diferentes tipos vegetacionais (Giulietti et al., 2006). O Estado da Bahia ocupa cerca de 36,3% da região e possui grande diversidade florística (IBGE, 2010). Apesar dos vários trabalhos, visando documentar a biodiversidade da Bahia, o Estado ainda carece de estudos com certos grupos de organismos. Neste sentido, destacam-se as samambaias, grupo de plantas ainda pouco estudado na Bahia. Nos levantamentos feitos no Brasil, envolvendo samambaias, uma das famílias que se destaca é Thelypteridaceae, a qual possui cerca de 900 espécies em dois gêneros (Salino & Semir, 2002), sendo o gênero Thelypteris Schmidel o maior em número de espécies (Salino & Semir, 2002). Salino & Semir (2003), ao realizarem um estudo taxonômico das Thelypteridaceae no Sudeste do Brasil, destaca a ocorrência de Thelyperis villosa (Link) C. F. Reed, espécie rara considerada, até então, endêmica da Floresta Atlântica do Rio de Janeiro. No presente trabalho, registrou-se a ocorrência de T. villosa para o Nordeste do Brasil, durante um levantamento florístico realizado em um fragmento de Floresta Atlântica na Bahia, contribuindo para ampliar as informações a respeito da espécie e o conhecimento da flora vascular da região. |
METODOLOGIA: |
A área de estudo está localizada na Serra da Jibóia, município de Santa Teresinha, na região do Recôncavo Baiano, nas coordenadas geográficas 12º51’S e 39º28’W. A região abriga grande diversidade de tipos vegetacionais, com caatinga na base, mata higrófila na encosta e, no topo, ocorre formação de campo rupestre (Queiroz et al., 1996). A Serra da Jibóia é considerada uma das 182 áreas prioritárias para conservação da biodiversidade da Floresta Atlântica brasileira, segundo a Conservação Internacional do Brasil et al. (2000). A espécie foi encontrada durante um levantamento florístico realizado na região, entre os anos de 2009 e 2010. O material foi coletado e herborizado de acordo com as técnicas usuais e identificado a partir dos dados disponíveis em Salino & Semir (2003). Os comentários foram feitos a partir de observações de campo e informações pertinentes encontradas na literatura. Os espécimes coletados foram depositados no HUEFS e duplicatas foram enviadas ao BHCB. |
RESULTADOS: |
T. villosa ocorre como terrícola no interior da mata a cerca de 690-800m de alt. A espécie foi coletada pela última vez em 1968 no Rio de Janeiro. Ao examinar os espécimes atuais coletados, comparando-se com a descrição apresentada por Salino & Semir (2003), não foram encontradas variações significativas, sendo aqui citadas informações adicionais, contribuindo para o conhecimento da espécie. Os exemplares da Bahia apresentam pecíolo e raque sulcados adaxialmente, raque e costa escuras no material herborizado, podendo apresentar-se um pouco mais claras no indivíduo vivo, o pecíolo apresenta-se mais escuro em ambos os casos; as pinas tem coloração verde-escura no material vivo, mais claras abaxialmente, os segmentos possuem margens planas, levemente revolutas quando herborizados com ápice arredondado ou agudo; as nervuras são em sua maioria simples, aparecendo como 1 a 2 furcadas nos segmentos basais do ápice da lâmina. O indumento viloso de tricomas longos e pluricelulares tem aspecto aveludado no material vivo e, assim como nos materiais do RJ, está presente no pecíolo, raque e ambas as faces da costa, cóstula nervuras e margens dos segmentos. A face abaxial da costa pode apresentar tricomas unicelulares, mas sempre maiores que 0,4 mm (Salino & Semir, 2003). |
CONCLUSÃO: |
A coleta recente de T. villosa amplia sua distribuição geográfica e informações sobre sua biologia e ecologia. O registro da espécie para o Nordeste do Brasil chama atenção para o ainda insuficiente conhecimento florístico da região, em especial para as samambaias. É provável que outras espécies com distribuição restrita, ocorram em remanescentes de Floresta Atlântica da Bahia e outros estados do Nordeste, uma vez que a deficiência de coletas nessas áreas ainda não foi suprida. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Thelypteris, Floresta Atlântica, Nordeste. |