Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutriçao e Alimentaçao Animal

Efeito da amonização sobre o teor de fibra em detergente neutro restos culturais de abacaxi (Ananas comosus merrill)

Cláudia de Souza Santos 1 Soraya Maria Palma Luz Jaeger 2 Ivonildo de Jesus dos Santos 4 Carina Anunciação dos Santos Dias 3 João Albany Costa 5 Daiane Lago Novais 3

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – UFRB/Cruz das Almas. 2. Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas/UFRB, 3. Graduanda em Zootecnia da UFRB/CCAAB, Cruz das Almas - BA. 4. Gradundo em Engenharia Sanitária e Ambiental - CETEC/UFRB, Cruz das Almas -BA 5. Professor do Centro de Ciências Exatas/UFRB, Cruz das Almas - BA.

INTRODUÇÃO:

Os restos culturais do abacaxi compreendem as plantas que ficam no campo, após a colheita dos frutos e das mudas. Normalmente estes restos são vistos como resíduo, sobretudo pelos pequenos produtores, que, temendo disseminar fungos, insetos e outros parasitos prejudiciais à cultura, recorrem aos meios mais rápidos e menos trabalhosos de eliminá-los. A queima do material remanescente tem sido uma alternativa usada com muita freqüência, ocasionando o desperdício de material potencialmente utilizável para a alimentação animal, além de causar impactos ambientais decorrentes da queima de matéria orgânica. Os restos culturais de abacaxi apresentam elevado teor de FND e baixo teor de proteína bruta, sendo a amonização, uma prática recomendada para melhoria das qualidades nutricionais deste resíduo. O efeito da amonização sobre a estrutura da fibra dos volumosos inclui a solubilização da hemicelulose, resultando em diminuição no conteúdo de FDN, aumento da digestão dessa e a da celulose, em razão da expansão da fração fibrosa (Jackson, 1977; Klopfenstein, 1978). O presente estudo teve como objetivo, avaliar o efeito da amonização sobre o percentual de fibra em detergente neutro dos restos culturais de abacaxi.

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas, Ba. O resíduo de abacaxi foi fenado, pesado e distribuído em sacos de polietileno, contendo 3 kg cada e adicionou-se ao material, uréia pecuária, nas concentrações de 0; 2; 4; 6 e 8% da matéria seca, de acordo com os respectivos tratamentos. Nos períodos de 0; 2; 4 e 6 semanas após a adição da uréia, os sacos foram abertos, por 24 horas ao ar livre para eliminação do excesso de NH3 e proceder-se a coleta de amostras para as análises bromatológicas. As determinações de FDN foram realizadas de acordo com métodos descritos por Van Soest (1994). O experimento foi feito em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 20 tratamentos e três repetições, em esquema fatorial 5 x 4 (níveis de adição de uréia; tempo de amonização).As análises de variância foram feitas utilizando-se o programa estatístico SAS.

RESULTADOS:

Embora os teores médios de fibra em detergente neutro (FDN) encontrados sejam inferiores ao do feno original, não houve diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos. Os fenos de restos culturais de abacaxi tratados com uréia apresentaram, após o período de tratamento,coloração escura, comprovando que existem reações químicas entre a fração fibrosa e a amônia (SUNDSTOL e COXWORTH, 1984; SCHIERE e NELL., 1993). A observação dos dados da Tabela 1 evidencia que a aplicação de amônia anidra ou de uréia acarretou diminuição (P<0,05) nos teores de FDN avaliados. TABELA 1.Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN) de feno de restos culturais de abacaxi (Ananas comosus (L.) Merrill) tratados com diferentes teores de uréia. Nível 0% 2% 4% 6% 8% CV(%) FDN(%) 65,96 61,36 60,56 53,45 54,91 15,39 FDN= Fibra em detergente neutro. Estes dados estão de acordo aos encontrados por Carvalho et al. (2006) e Reis, (2001), que trabalharam com bagaço de cana-de-açúcar. Não existiu desenvolvimento de fungos durante o período de tratamento, apesar de o armazenamento dos fenos tratados com uréia ter sido feito com 30% de água, comprovando, assim, o efeito fungistático da amônia (GROTHEER et al., 1986;SILANIKOVE et al., 1990; ROSA et al., 1998).

CONCLUSÃO:

A amonização com o uso de uréia promoveu uma diminuição no teor de fibra em detergente neutro do feno de abacaxi, elevando o valor nutricional deste alimento para ruminantes. Porém, para a determinação do nível ótimo de adição de uréia, é necessário conhecer os efeitos da amonização sobre a digestibilidade da matéria seca e dos demais nutrientes.

Palavras-chave: restolho, uréia, fibra.