Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA NO ESTUÁRIO DE MARAGOGIPE, BAHIA.

Rebeca Ayala Rosa da Silva 1 Norma Suely Evangelista Barreto 2 Luiza Teles Barbalho Ferreira 3 Aura Lacerda Crepaldi 4

1. Graduanda do Curso de Biologia - CCAAB - UFRB 2. Profª, Drª. - CCAAB - UFRB - Orientadora 3. Bióloga, Mestre - CCAAB - UFRB 4. Graduanda do Curso de Engenharia de Pesca - CCAAB - UFRB

INTRODUÇÃO:

Os ambientes marinhos costeiros e estuarinos estão sujeitos à contaminação, principalmente por microrganismos patogênicos, que podem trazer riscos à saúde pública. O hábito de se consumir moluscos bivalves in natura tem levado os pesquisadores a se preocupar com a contaminação microbiológica da água nas áreas de cultivo, uma vez que estes organismos são filtradores e bioacumuladores retendo substâncias químicas, resíduos orgânicos, inorgânicos e microrganismos presentes no ambiente aquático. As atividades pesqueiras no município de Maragogipe, Recôncavo da Bahia, são de grande importância econômica para os habitantes da região, principalmente para a atividade de mariscagem. Desse modo, a constante influência antropogênica tem promovido a contaminação dos ambientes costeiros ao sofrer com o despejo de resíduos domésticos, agrícolas e industriais. Como conseqüência a contaminação dos recursos hídricos tem grande impacto na saúde da população local que utiliza a água para recreação e desenvolvimento de suas atividades econômicas. Baseado nisso, este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água no estuário de Maragogipe (área de pesca e lazer) usando como bioindicador de qualidade o grupo dos coliformes.

METODOLOGIA:

Mensalmente durante quatro meses foram realizadas coletas de três amostras de água, em diferentes áreas do Estuário de Maragogipe (Ponta do Souza, Comissão e Porto do Cajá) totalizando 12 amostras. As amostras de água foram coletadas em garrafas de vidro de 1L previamente autoclavadas. No laboratório as amostras após diluição (10-1 a 10-5) eram inoculadas em CLST contendo tubos de Durham invertidos, em série de cinco tubos e incubados a 35°C/48h. Cada tubo positivo, ou seja, que apresentasse turvação com produção de gás nos tubos de Durhan foi inoculado nos caldos CBVB para coliformes totais (Ct) e caldo EC para coliformes termotolerantes (CT) e incubados a 35°C/48h e 45°C/24h, respectivamente. A partir dos tubos positivos de EC foi retirado um inóculo e semeado no meio agar EMB e incubado a 35ºC/24h. As colônias típicas de Escherichia coli foram isoladas em agar TSA e submetidas a testes bioquímicos. O NMP/100 mL foi calculado tabela de Hoskins (BAM, 1984)

RESULTADOS:

As menores concentrações de Ct e CT de 2x102 NMP/100mL e <1,8 NMP/100 mL, respectivamente, foram encontradas na Ponta do Souza, enquanto as maiores concentrações de Ct e CT de 2,4x105 NMP/100 mL em ambos, foram encontradas no ponto Comissão. No Porto do Cajá o NMP/100 mL de Ct variou de 1,3x103 a 3,3x104, enquanto para CT variou de 2x102 a 3,3x104 NMP/100 mL. Com relação à presença de E. coli, nos pontos Comissão e Porto do Cajá foram identificadas 12 cepas em cada,e na Ponta do Souza 06 cepas. Os elevados valores de Ct e CT, bem como E. coli encontrados no local deve-se ao saneamento básico visivelmente precário de Maragogipe, fato este ainda mais agravante na região Comissão, devido a presença do emissário do município que apresenta vários pontos de infiltração permitindo o vazamento de dejetos, principalmente de origem doméstica. Os moradores da localidade, a maioria pescadores e marisqueiras, se queixam de doenças na pele causados pelo contato com a água e de uma queda da produtividade dos pescados. O período de chuva também contribuiu para o aumento de Ct e CT demonstrando que as chuvas interferem na qualidade microbiológica da água, pois arrastam resíduos sólidos e matéria orgânica para a água.

CONCLUSÃO:

O elevado número de coliformes na água do estuário de Maragogipe demonstra que o despejo de esgotos domésticos na água deve ser reavaliado pelos órgãos competentes e, também, pela comunidade, de forma que se minimize a degradação do ambiente aquático e da sua fauna, principalmente nas áreas próximas ao emissário. Outro fator que contribuiu no aumento da poluição foi a ocorrência de chuvas intensas devido o carreamento de matéria orgânica para o estuário.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB)

Palavras-chave: Bioindicadores, coliformes, Escherichia coli.