Reunião Regional da SBPC no Recôncavo da Bahia

D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

Avaliação dos riscos ambientais para trabalhadores do setor de produção de uma indústria de colchões no município de Santo Antônio de Jesus – BA: um relato de experiência

Fabiana Aguiar Fonseca 1 Lenide Dyane de Jesus Araújo 2 Luciana Ribeiro Rodrigues Santos 3 Núbia Oliveira das Mercês 4 Ramona Garcia Souza 5 Tânia Cristina F. de F. Santana 6

1. Graduanda do Curso de Enfermagem, bolsista PROPAAE da UFRB-CCS 2. Graduanda do Curso de Enfermagem da UFRB-CCS 3. Graduanda do Curso de Enfermagem da UFRB-CCS 4. Graduanda do Curso de Enfermagem, bolsista PROPAAE da UFRB-CCS 5. Graduanda do Curso de Enfermagem, bolsista PROPAAE da UFRB-CCS 6. Orientadora;Prof. Ms. da UFRB-CCS

INTRODUÇÃO:

A Política de Saúde do Trabalhador no Brasil começa a ser desenhada após a promulgação da Constituição Federal de 1988 no artigo 196 coloca que “a saúde é um direito de todos, e dever do Estado garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. De acordo com Lancman et al. (2003), muitos estudos em saúde do trabalhador vêm se desenvolvendo com o objetivo de proporem ações para eliminar, minimizar ou controlar os riscos de doenças e acidentes relacionados ao trabalho, com base na escuta dos trabalhadores que são vistos como protagonistas de seus processos de trabalho, ou seja, os conhecedores mais habilitados a identificar os problemas e os riscos presentes no cotidiano de suas tarefas, emitindo a este, não somente uma tomada de consciência, mas também uma instrumentalização que possibilite mudanças na sua relação com o trabalho, fazendo do tratamento, um processo de participação que resulte em uma ação transformadora.

METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de um relato de experiência de graduandos do curso de enfermagem da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) na realização de visita técnica em uma fábrica de colchões de grande porte, do município de Santo Antônio de Jesus – BA, em julho de 2009. O objetivo deste estudo é apresentar as condições de trabalho oferecidas aos funcionários da fábrica e avaliar os riscos existentes à sua integridade. Em um primeiro momento, apresentamos à empresa o Termo de Consentimento Livre Esclarecido para que fosse assinado, sendo agendada e realizada entrevista com a diretora de Recursos Humanos por meio de questionário semi-estruturado. Esta oportunidade nos possibilitou ter acesso a todas as dependências da indústria, exceto ao ambulatório de saúde. Durante a visita procuramos observar as condições de trabalho oferecidas pela empresa e identificar as situações de risco e determinantes de doenças aos trabalhadores.

RESULTADOS:

Esta experiência nos oportunizou conhecer as condições de trabalho a que estavam submetidas os funcionários de produção, revelando satisfatórias condições de higiene e segurança, visto que dispõe de Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo, principalmente nos setores que oferecem maior risco à saúde e integridade física dos trabalhadores como os de colagem, espumação e serraria. Esta é responsável por 15% dos acidentes de trabalho, principalmente amputações de dedos. A entrevistada não soube informar quanto às causas desses acidentes, o que pode significar que não foi realizada investigação frente aos acontecimentos. Outro aspecto relevante, diz respeito às matérias-primas utilizadas na espumação, pois estas podem causar a perda de olfato, audição e visão, além de agravar problemas respiratórios. Verificamos que os principais problemas ocupacionais notificados consistem nas Lesões por Esforços Repetitivos e problemas ergonômicos, principalmente no setor de costura e na serraria. Alem disso, não existe um programa de ações que vise prevenir as doenças ocupacionais na empresa, como práticas diárias de alongamentos, por exemplo, com ajuda de profissional capacitado e educação em saúde que visam prevenir doenças ocupacionais e melhorar a qualidade do ambiente de trabalho.

CONCLUSÃO:

Assim, verifica-se que os cuidados observados e a assistência prestada não são suficientes para evitar os acidentes de trabalho na empresa, pois o ambiente a que estão expostos os trabalhadores oferece riscos elevados e demanda ações de segurança mais específicas e eficientes. A ausência de organização social dos trabalhadores, na forma de sindicato, retarda e dificulta a reivindicação política de melhores condições de trabalho frente aos riscos a que estão expostos.

Palavras-chave: saúde do trabalhador, condições de trabalho, direitos do trabalhador.