Reunião Regional da SBPC em Oriximiná |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre |
LEVANTAMENTO POPULACIONAL E DIAGNÓSTICO BIOLÓGICO DAS CASTANHEIRAS (Bertholletia excelsa) REMANESCENTES DE BEIRA DE ESTRADA (PA 254, ESTRADA DO BEC), ORIXIMINÁ, PARÁ, BRASIL. |
Dayanne Pinheiro Vieira 1 Marcelo Serrão Canto 1 Emanoella Silva de Oliveira 2 Ruana Santos Gato 2 Rosália dos Santos Fernandes 2 Ricardo Scoles Cano 3 |
1. Graduando Curso de Biologia, UFPA, Núcleo Oriximiná. 2. Bolsista PIBIC de Ensino Médio, CNPq. 3. Doutor Professor Adjunto / Orientador, UFOPA. |
INTRODUÇÃO: |
No município de Oriximiná, 1.474,7 km2 da área já foi desmatada até 2010, o que representa 1,4 % do seu território, percentual baixo se comparado com a média do Estado do Pará, com 21,6% de desmatamento acumulado até 2010 (INPE, 2012). Ainda assim, neste município, o desflorestamento é expressivo nas beiras das estradas de chão como a estrada do BEC (PA-254) e PA-439. A árvore da castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl., Lecythidaceae), uma das espécies ícones da Amazônia e produtora de sementes comestíveis (castanhas do Brasil), é muito comum na região, principalmente no curso médio e alto do Rio Trombetas (SCOLES & GRIBEL, 2012). Em áreas de beira de estrada, é fácil observar, no meio das paisagens alteradas (pastagens), castanheiras em pé (agrupadas ou em solitário) por ser uma espécie protegida e estar proibido seu corte por lei (Decreto n 5.975 de 30.11.2006). Este estudo mapeou e inventariou as castanheiras localizadas na beira da estrada do BEC com a finalidade de conhecer seu estado biológico e reprodutivo assim como evidenciar sua capacidade de resistência fisiológica e ecológica em situações de elevada alteração ambiental. |
METODOLOGIA: |
A coleta de dados foi realizada em propriedades particulares situadas em três ramais distintos: 1) Ramal Boa Vista (km 12), 2) Ramal José Severo (km 18) e 3) Ramal “Dos Três”, que dá acesso aos Campos Gerais. Segundo os depoimentos dos proprietários, todas as áreas foram desmatadas na década de 1980. Realizaram-se dez saídas de campo em 2011. A coleta de dados foi realizada com as árvores situadas a uma distância máxima de 300 metros da beira da estrada de chão em sentido perpendicular. Para cada castanheira inventariada coletou-se: a) dados morfométricos (CAP, copa) e georeferências (coordenadas geográficas); b) informações do estado biológico (vivas ou mortas) e reprodutivo (presença ou não de frutos, flores); c) observações de agressões severas e/ou rebrotes. Material usado: Trenas de 30 m, fita métrica de 3 m, aparelho de Global Position System (GPS), binóculos 10x50, câmera fotográfica, terçado, botas, prancheta, capacete, caneta, lápis. |
RESULTADOS: |
Foram inventariadas um total de 226 árvores de castanheira, sendo 47 árvores do Ramal Boa Vista, 125 árvores do Ramal José Severo e 54 árvores do Ramal “Dos Três”. A maioria das castanheiras inventariadas foi encontrada em estado morto (71,2%, n=161) por 28,8% (n=65) em estado vivo. O diâmetro médio das castanheiras mortas foi estimado em 1,1 ± 0,51 m. Pelas evidências deixadas nestas árvores (casca queimada), a principal causa da massiva mortalidade deve ter sido o fogo. Mais de 3/4 das árvores mortas (77,7%, n=125) foram derrubadas natural ou artificialmente com anterioridade ao nosso inventário. O diâmetro médio das castanheiras vivas foi de 1,55 ± 0,58 m, com pouca presença (6,2%, n=4) de indivíduos jovens (DAP, 10-40 cm). A área de copa foi em média de 286,63 ± 249,1 m². Das castanheiras vivas e adultas (DAP > 40 cm, n=61) mais da metade não tinha evidências de frutificação (n=33, 54,1%). Destas, 35,7% tinham evidências de floração e quase todas (96,4 %) tinham presença de frutos na copa e/ou caídos no chão. A área de copa foi significativamente maior nas árvores com frutos que nas árvores sem frutos (Test, t, p=0,002). Uma 1/5 parte das castanheiras vivas (n=13) tinha evidências de rebrotamento. |
CONCLUSÃO: |
A situação da castanheira na região de estudo é dramática com boa parte das árvores em estado morto, evidenciando-se que, não obstante a proteção legal de corte, as atividades pecuaristas acabam matando a maioria das árvores, principalmente por queimadas repetidas. Pelo tamanho médio das árvores inventariadas a população de castanheiras vivas é centenária (SCOLES & GRIBEL, 2011), observando-se pouca regeneração estabelecida (jovens). A população viva remanescente parece estar sofrendo problemas de polinização e frutificação já que mais da metade das árvores adultas não produzem frutos. Neste estudo, as árvores produtivas têm uma área de copa significativamente maior confirmando a literatura existente (WADT et al.2005). Por último, a castanheira apresentou razoável capacidade de rebrote e resistência às agressões externas (fogo, corte) como outros estudos já evidenciaram (PAIVA et al., 2011; SCOLES et al., 2011). |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.;Universidade Federal do Pará - UFPA; Prefeitura Municipal de Oriximiná |
Palavras-chave: Frutificação |