H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura |
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O REGIONALISMO E A LITERATURA INFANTO JUVENIL EM SALA DE AULA |
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Mara Rejane Miranda de Almeida 1
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1. Centro Universitário Luterano de Santarém-CEULS/ULBRA
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INTRODUÇÃO: |
Observa-se, comumente, em estabelecimentos de ensino paraense a limitação de leituras de textos regionais para crianças.Os motivos podem ser diversos, ou seja, de ordem social, econômica, religiosa, política ou pedagógica. Apresenta-se, então, uma mostra da situação de leitura, cujo objetivo é valorizar o texto literário infanto-juvenil, através da obra da paraense Sousa uma vez que o conhecimento e o estudo realizado, nesta área, ainda são incipientes. A conquista de melhores resultados de leitura em sala de aula pode ser alcançada a partir do próprio material literário da região. Quanto mais proximidade há entre obra e leitor melhor integração e participação do aluno como cidadão.Bella Pinto é uma escritora didático-pedagógica que mostra em seu livro momentos lúdicos associados à informações culturais, estabelecendo uma ligação entre fantasia e realidade A escritora recria em seu texto ambientes que retratam certos aspectos da psicologia do povo brasileiro, destacando um registro da cultura do país, especialmente a regional, o que contribui para que a criança e o jovem possam integrar-se a seu meio, valorizando sua identidade e participando de sua realidade social. O estudo confirma que a literatura infanto-juvenil pode ser o agente ideal para a formação de uma nova mentalidade de vida, com sujeitos dinâmicos, críticos e atuantes em sua própria sociedade, como também mostra que o trabalho com textos regionais contribui para a formação de leitores. |
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METODOLOGIA: |
O estudo é realizado, primeiramente, com uma pesquisa bibliográfica, constando de uma fundamentação teórica sobre literatura infanto-juvenil e a obra Cachimbinho, um menino da Amazônia (2002), de Bella Pinto de Sousa. A seguir, a experiência didático-pedagógica mostra o efeito e a recepção do texto regional infanto-juvenil em sala de aula através de atividades de reconto oral, ilustração e representação textual. As escolas escolhidas são para 5º série, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Fluminense, e para 8º série, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Álvares Cabral. A atividade conta com a participação de cinquenta e cinco alunos, distribuídos em vinte nove discentes, da 5a série e vinte e seis, da 8a série. No primeiro momento, realizam-se explicações sobre a atividade prática de leitura, interpretação e ilustração. A seguir informações sobre a escritora (Bella Pinto) e o enredo da obra; após divide-se a turma em oito grupos de três / quatro alunos, para compreensão textual, promovendo um momento de leitura silenciosa para depois traduzirem em textos escritos e ilustrativos o seu entendimento. Realiza-se, então, a socialização dos trabalhos, unindo as partes dos textos ilustrados num todo significativo.Nesse segundo momento, utiliza-se aula expositiva, trabalho em grupo, socialização das produções. Os recursos disponibilizados à turma foram os textos xerografados, folhas de A4, lápis de cera e de cor para a elaboração das ilustrações. |
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RESULTADOS: |
O conhecimento teórico adquirido é associado a uma realidade empírica como uma forma de estudar a literatura infanto-juvenil, a partir da obra literária considerando uma situação de leitura.O texto narrativo (Cachimbinho-um menino da Amazônia,) é analisado tendo em vista uma abordagem estrutural e regionalista, assim como o efeito e a recepção provocados nos alunos de 5º e 8º series.O resultado é um estudo parcial de uma realidade de leitura, considerada até então, incipiente.O primeiro contato é com a 5a série. Há uma certa dificuldade em transmitir as informações e realizar a atividade. A indisciplina e o pouco interesse pela leitura são detectados logo no início das ações metodológicas. Entretanto, há uma mudança quando os alunos percebem que o enredo se aproxima de uma realidade conhecida, assim sentem-se motivados para ouvir a história.O conto provoca nos discentes curiosidade e admiração. Surgem dúvidas quanto a determinados termos como montaria, paragem, moqueado, maromba, catauari. Vocábulos pertencentes para realidade do aluno, mas este desconhece. As ilustrações variam de histórias em quadrinhos a desenhos livres em que prevalece apenas imagens sem referência escrita.Em relação à a 8a série, a obra desperta mais interesse na turma. A atenção e a disciplina em ouvir as informações e realizar as tarefas mostram o tipo de recepção manifestado pela turma.O horizonte de expectativa foi somado às experiências sociais acumuladas, conferindo uma nova visão da realidade. |
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CONCLUSÃO: |
A experiência ilustra as reflexões acerca do uso de textos regionais em sala de aula motivadores de leitura. Entretanto, a prática ainda é incipiente, precisando de ações mais efetivas e transformadoras.Atualmente, no Pará, há autores de literatura infanto-juvenil que motivam a criança e o jovem à leituras interativas. São Escritores que apresentam um quadro literário que divulga e valoriza as peculiaridades locais. Bella Pinto de Souza é uma referência de escritora que pode ser enquadrada no grupo de artistas inovadores e preocupados com a interação do texto com o seu receptor.Os resultados da experiência didático-pedagógica mostram que o discurso narrativo, o quanto mais próximo do leitor, melhor para o reconhecimento, compreensão e motivação de leitura. A forma dinâmica (a ilustração) de se chegar a uma interação com o texto facilita o processo ensino-aprendizagem. O contato visual estimula o interesse da criança e do jovem em participar mais efetivamente da história imaginando e recriando um espaço onde ele (leitor) seja um sujeito atuante e transformador. Além de bons resultados de leitura, o docente ainda estará fortalecendo a identidade cultural e exercitando os princípios da cidadania. |
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Palavras-chave: Literatura Infanto-Juvenil |