Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
G. Ciências Humanas - 7. Educaçao - 11. Ensino-Aprendizagem
PEDAGOGIA E ÉTICA: PERSPECTIVAS PARA UMA DIDÁTICA ONTOLÓGICA
Pedro Augusto Hercks Menin 1
1. Professor Doutor do Curso de Pedagogia da UFRR
INTRODUÇÃO:
Temos observado por tantos anos, no desenvolver dos fundamentos teóricos da Didática no Brasil, avanços consideráveis, mudanças de perspectiva de análise para muito além dos primordiais “procedimentos para o bem ensinar” – que em um passado, felizmente, remoto, por vezes eram chamados de “arte”. Atualmente, as discussões sérias sobre o assunto respaldam-se em décadas de construções teóricas, desde antes do movimento que ficou conhecido como “A Didática em questão”, culminando, quer nos parecer para o momento, dentre tantas reflexões férteis, com as atuais perspectivas sobre a incorporação da pesquisa na ação didática como maneira de solidificar a compreensão do caráter ativo dos processos de ensino e aprendizagem (Cf. MARTINS, 2004), bem como a incorporação dessa pesquisa, juntamente com a avaliação, em quarteto indissociável - ensino, aprendizagem, pesquisa, avaliação (VEIGA, 2004) – com vistas à realização de um trabalho educativo satisfatório em quaisquer que sejam os níveis de ensino em análise.
METODOLOGIA:
Esta análise teórica pretendeu situar teoricamente a Didática no Brasil a partir de suas construções teóricas e destas da discussão ética e da produção da subjetividade dos chamados sujeitos da sociedade capitalista globalizada. Para tanto, uma revisão bibliográfica inicial buscou situar minimamente os pressupostos teóricos sobre os quais constituiu-se a Didática no Brasil. A seguir, a realização de uma análise epistemológica da Didática foi feita, partindo dos pressupostos da crítica ao projeto moderno de sociedade, com vistas a compreender a constituição do chamado sujeito.
RESULTADOS:
A discussão sobre as especificidades da Didática no Brasil, presas a aspectos comtianos por décadas, desde início do século XX, passando pelas discussões das “pedagogias” e suas respectivas críticas, sofreu grandes alterações, sobretudo na década de 80, mas iniciadas na década de 70 durante o I Encontro Nacional de Professores de Didática e que culminou no Seminário “A didática em questão”, realizado na PUC da cidade do Rio de Janeiro dez anos mais tarde, em 1982 (Cf. MARTINS, 2004), quando vimos suas várias nuances ampliarem o horizonte de análise do problema, contando com os importantes tópicos sintetizados por Vera Candau, em termos das dimensões social, técnica e política da Didática (CANDAU, 1984). Atualmente, quando encontramos síntese fecunda no trabalho de Veiga (2004), demonstrando a interligação necessária e fundamental entre ensino, aprendizagem, pesquisa e avaliação, verificamos maior ampliação das perspectivas da análise da Didática, bem como vários ângulos contemplados na análise do fenômeno educativo como inserido, embrenhado, amalgamado na própria vida do ser humano, que não pode ser meramente dividida em academicismos psicológicos, históricos, sociológicos, neurológicos etc. ainda que a Ciência, bem como a própria moral humana, ainda engatinhem nessas questões.
CONCLUSÃO:
É preciso formulações teóricas que acompanhem as permanentes e surpreendentes mudanças operadas no engendrar do que chamamos de “real”. Diz Ferraz (1986): “não basta negar a legitimidade da ordem capitalista para destituí-la. É necessário afirmar outras ordens.” Tais novas ordens partirão, da nossa permanente auto-análise, de perguntas como: “Quem sou e o que faço? Há coerência entre meus valores e atitudes e, sobretudo, em que tipo de realidades estou embrenhado e ajudando a criar?”
Palavras-chave: valores, aprendizagem, subjetividade .