Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
EFEITO DA VEGETAÇÃO SOBRE O BANCO DE SEMENTES EM TRÊS TIPOLOGIAS FLORESTAIS AMAZÔNICAS
Tamires Ferreira Muniz 1
Niwton Leal Filho 2
Gisele Rodrigues dos Santos 3
1. Bolsista PIBIC - Coordenação de Pesquisas em Ecologia - INPA
2. Dr. - Coordenação de Pesquisas em Ecologia - INPA - Orientador
3. Bolsista PCI - Coordenação de Pesquisas em Ecologia - INPA - Colaborador
INTRODUÇÃO:
A região amazônica possui atualmente a maior área de florestas tropicais do planeta. Nos trópicos, o crescimento populacional acelerado, a ocupação desordenada e o uso insustentável dos recursos, contribuem para a redução destes ecossistemas, resultando em distúrbios ambientais e em um processo de extinção de espécies. A floresta tropical úmida na Amazônia central apresenta uma diversidade de ecossistemas bem definidos em relação a seus aspectos físicos, biológicos, estruturais e florísticos, o que contribui para a manutenção de sua elevada biodiversidade. A coexistência espacial de diferentes tipologias florestais nas proximidades de Manaus: floresta ombrófila densa de terra firme, campinarana e campina, é ainda pouco compreendida e representa uma oportunidade única de estudos ecológicos com objetivo de entender o funcionamento e as relações destes ecossistemas. O banco de sementes (bs) do solo da floresta é fundamental para sua manutenção dinâmica e conhecer suas características, além de permitir entender os processos sucessionais, embasa ações de manejo proposto para os ecossistemas e permite, em última instância, estabelecer medidas de proteção para estas áreas. Neste sentido o trabalho objetiva caracterizar a estrutura e a florística do banco de sementes dessas tipologias.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Estação de Silvicultura Tropical do INPA, Manaus, AM. Para estudar a densidade de sementes no solo foram coletadas, sobre transectos de 250m estabelecidos em cada uma das três tipologias, 40 amostras de solo superficial com distância mínima de 6m entre elas e dimensões de 10 cm de diâmetro e 3 cm de profundidade. Para estudar a distribuição das sementes no perfil do solo, foram coletadas no centro e nas extremidades dos transectos estabelecidos em cada tipologia três amostras circulares de 10 cm de diâmetro e profundidade de 20 cm. Cada uma destas amostras foi subdividida em camadas de 5 cm. As amostras foram transportadas para a casa de vegetação no INPA e distribuídas em bacias plásticas sobre substrato formado por areia lavada e serragem (3:1) para germinação das sementes. Foi utilizada a técnica de emergência de plântulas para a contagem e identificação sementes presentes no solo e as densidades foram comparadas através de análise de variância (ANOVA).
RESULTADOS:
A densidade média do bs superficial encontrada na floresta (251 sem./m²), campina (290) e campinarana (248) não diferem (ANOVA, p>0,005). No perfil do solo observou-se que nas três tipologias o número de sementes diminui com a profundidade, com a maior quantidade acumulada nos primeiros 10 cm superficiais. Na Floresta e na campinarana, as sementes concentram-se nesta camada, porém na campina as sementes distribuem-se de forma mais homogênea no perfil, influenciada pela porosidade do solo arenoso, permitindo maior movimentação das sementes pequenas no perfil. As herbáceas dominaram o bs, nas três tipologias, com sua representatividade reduzindo-se da campinas para a floresta, com a campinarana ocupando posição intermediária. A representatividade das espécies arbóreas apresenta um padrão inverso ao observado para as herbáceas, reduzindo-se da floresta para a campina, demonstrando a influência da formas de vida dominante na vegetação local sobre a composição do bs. Na campina aberta predominam espécies graminóides e na floresta a forma arbórea. As famílias Cecropiaceae, Clusiaceae e Melastomataçea ocorreram no bs de todas as tipologias. Na floresta e na campinarana as Melastomataceas predominaram no bs, enquanto que na campina predominaram as poaceas.
CONCLUSÃO:
As densidades de sementes presente no solo superficial das três tipologias não diferiram estatisticamente entre si e encontram-se dentro da amplitude das médias observadas para florestas tropicais úmidas (LEAL FILHO 2000). Por outro lado, a composição do bs, em relação às formas de vida, diferiu entre as três tipologias. Nota-se que o bs da campinarana apresentou características intermediárias entre a floresta e a campina, reflexo da sua característica de transição entre estas duas tipologias.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
Palavras-chave: BANCO DE SEMENTES, CAMPINARANA, FLORESTA TROPICAL ÚMIDA.