Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 1. Imunologia Aplicada
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE RETROVIROSES EM FELINOS SILVESTRES, NA AMAZÔNIA SETENTRIONAL
Paulo Sergio Ribeiro de Mattos 1
Keiko Kusamura de Mattos 2
Luciana Surita da Motta Macedo 3
Diego Milleo Bueno 4
1. Pesquisador da Embrapa Roraima, Professor doutor da Faculdade Cathedral
2. Pesquisadora colaboradora da FEMACT
3. Pesquisadora gestora da FEMACT
4. Analista Ambiental do IBAMA
INTRODUÇÃO:
Os vírus da Imunodeficiência Felina e da leucemia felina, pertencem à família Retroviridae e são associados à imunodepressão, de forma crônica e progressiva. Estes vírus acometem tanto gatos domésticos quanto felídeos silvestres. O vírus da Imunodeficiência Felina é um lentivírus e sua transmissão pode ocorrer pela saliva, cruza, aleitamento e na gestação para os filhotes. Seus sintomas são semelhantes aos provocados pelo vírus causador da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, com a diminuição do contingente de linfócitos CD4+ e aumento da suscetibilidade às doenças oportunistas. O vírus da leucemia felina é um Gammaretrovírus, e sua transmissão também ocorre pela saliva, cruza, aleitamento e na gestação para os filhotes. Este agente pode provocar leucemias, síndromes mieloproliferativas e a sua conseqüente imunodepressão. Uma avaliação da ocorrência destas retroviroses em felinos silvestres na Amazônia setentrional é de suma importância, pelo fato de serem potencialmente transmissíveis a espécies inseridas na lista oficial de animais em extinção.
METODOLOGIA:
Neste trabalho, os animais testados foram sedados para a avaliação clínica e coleta de sangue. No sangue total, foi realizado o hemograma completo e, após a centrifugação, os teste sorológicos foram realizados pela técnica de enzimaimunoensaio para detecção do vírus da leucemia felina, e de anticorpos anti-vírus da imunodeficiência adiquirida felina (kit SNAP® FIV/FeLV Combo Test - IDEXX). Os felinos avaliados foram os seguintes: Três onças pintadas (Panthera onca) de cativeiro, provenientes de destacamentos militares do estado de Roraima; uma onça parda (Puma concolor), uma jaguatirica (Leopardus pardalis) e um gato maracajá (Leopardus wiedii) provenientes do Centro de Triagem de animais silvestres do IBAMA e, uma jaguatirica (Leopardus pardalis) de vida livre, capturada na região de Serra Grande, município do Cantá.
RESULTADOS:
Não foram encontradas as alterações nos linfondos e esplenomegalia, características principais da leucemia felina. Para ambas retroviroses estudadas, a ocorrência de doenças oportunísticas são comuns, normalmente compreendendo alterações gastrointestinais de forma recidivante, o que não foi detectado. O hemograma não apresentou a ocorrência de células jovens (blastos) e mudanças quali-quantitativas das células sanguíneas, comparada com valores normais de animais de cativeiro. A sorologia se mostrou negativa para o vírus da leucemia felina e anticorpos anti-vírus da imunodeficiência adiquirida felina.
CONCLUSÃO:
Este levantamento preliminar não indicou indícios da ocorrência de retroviroses nas espécies estudadas, porém é importante que o monitoramento de viroses de alto potencial de mortalidade seja realizado de forma sistemática, principalmente em animais em perigo de extinção, pois a literatura aponta para ocorrências de extinções regionais de felinos silvestres por viroses, em várias partes do mundo.
Instituição de Fomento: Embrapa / FEMACT / CNPq
Palavras-chave: vírus, imunodepressão, felídeos.