Reunião Regional da SBPC em Boa Vista
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
CRUSTÁCEOS DECÁPODAS DAS FAMÍLIAS TRICHODACTYLIDAE MILNE EDWARDS, 1853 E PSEUDOTHELPHUSIDAE ORTMANN, 1893 NO ESTADO DE RORAIMA
Francinéia Zanetti da Costa 1
Patrícia Macedo de Castro Guterres 2
Célio Magalhães 3
1. Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da UERR, bolsista PIBIC-UERR.
2. Biol., D.Sc., Profa. da UERR e Pesquisadora MIRR/FEMACT-RR, orientadora.
3. Biol., D.Sc., Pesquisador do INPA.
INTRODUÇÃO:
Roraima, que se encontra inserido dentro da bacia Amazônica, é banhado em quase toda a sua superfície pela bacia hidrográfica do Rio Branco, toda a área é drenada exclusivamente por esta bacia e possui uma grande diversidade de habitats aquáticos ainda pouco conhecidos do ponto de vista científico. Possui grandes elevações de topos, geralmente aplainados, com altitudes que variam entre 1.000 a quase 3.000m, sendo conhecidos como Tepui, um tipo de relevo de rocha sedimentar arenítica como o Monte Roraima, a Serra do Tepequém, e outros como a Serra do Sol, onde se encontra as nascentes dos rios mais setentrionais do Brasil, que correm para o sul em direção a esta bacia. Este trabalho teve como objetivo verificar a diversidade e distribuição de caranguejos das famílias Trichodactylidae Milne Edwards, 1853 e Pseudothelphusidae Ortmann, 1893 (Crustacea: Decapoda) ao longo da bacia do rio Branco, no estado de Roraima.
METODOLOGIA:
Expedições científicas foram realizadas desde 2006 até o momento, visando coletar caranguejos em diferentes habitats, sendo realizadas coletas em nove municípios (Alto Alegre, Amajarí, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Mucajaí, Pacaraima e Uiramutã) abrangendo regiões de Lavrado e de Floresta Ombrófila compreendendo áreas de grandes e baixas elevações. As coletas foram realizadas com puçá, com 1mm de malha, percorrendo trechos dos igarapés, amostrando principalmente a serrapilheira submersa, vegetação aquática, margens das barrancas, ocos de paus submersos, abrangendo todos os microhábitats que os caranguejos possam ocorrer. Visando complementar as amostras com puçá foram utilizados armadilhas de espera ou matapis, com isca morta. O material coletado foi depositado em potes plásticos e fixado em álcool 70%. Posteriormente levados ao laboratório do MIRR, para serem triados, identificados, medidos e etiquetados, e encontram-se depositados na Coleção Zoológica do MIRR/FEMACT-RR.
RESULTADOS:
Foram registradas onze espécies de caranguejos, sendo quatro da família Trichodactylidae Moreirocarcinus laevifrons (Moreira, 1901); Poppiana dentata (Randall, 1918); Sylviocarcinus pictus H. Milne-Edwards, 1853; e Valdivia serrata White, 1847. Os caranguejos mais frequentes e abundantes dessa família foram S. pictus e V. serrata, encontrados em quase todos os municípios que foram realizados as coletas. Sete espécies da família Pseudothelphusidae, os quais foram Fredius chaffanjoni Rathbun, 1905; Fredius platyacanthus Rodríguez & Pereira, 1992; Fredius stenolobus Rodríguez & Suarez, 1994; Kingsleya besti Magalhães, 1990; Kingsleya latifrons (Randall, 1840); Kingsleya ytupora Magalhães, 1986 e Prionothelphusa eliasi Rodriguez, 1980. Foi registrada pela primeira vez a ocorrência do gênero Prionothelphusa e Fredius para o estado. As espécies F. platyacanthus, K. besti, K. ytupora e P. eliasi são registrados pela primeira vez em Roraima, tendo sido coletadas nos municípios de Alto Alegre, Amajari, Bonfim e Uiramutã.
CONCLUSÃO:
Anteriormente, a ocorrência das espécies de caranguejos que são registradas pela primeira vez para o estado, era conhecida apenas em áreas do noroeste do Amazonas, na região do alto rio Negro, e em afluentes da margem esquerda do rio Amazonas, no Pará. O presente trabalho contribui para a ampliação do conhecimento sobre a carcinofauna do Brasil.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual de Roraima, CNPq e FEMACT-RR
Palavras-chave: Amazônia, Caranguejo, Decapoda.