Nascido em Ribeirão Preto, Elisaldo Luiz de Araújo Carlini é graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (1957) e tem mestrado em Psicofarmacologia, pela Yale University (1962). Ele é professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde orienta pesquisas de mestrado e doutorado no Departamento de Medicina Preventiva.
Carlini tem experiência na área de Farmacologia, com ênfase em Neuropsicofarmacologia, atuando principalmente nos tema drogas, levantamentos epidemiológicos, plantas medicinais e psicofarmacovigilância. Nas décadas de 1970 e 1980, liderou no Brasil um grupo de pesquisa publicando mais de 40 trabalhos em revistas científicas internacionais. Esses resultados, juntamente com as investigações de outros grupos internacionais, possibilitaram o desenvolvimento no exterior de medicamentos à base de Cannabis sativa, utilizados atualmente em vários países do mundo para tratamento de náusea e vômitos causados pela quimioterapia do câncer, para melhorar a caquexia (enfraquecimento extremo) de doentes com HIV e câncer e para aliviar alguns tipos de dores.
Tem uma atuação social intensa que, por vezes, ofusca a do cientista. Ele é o criador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) – um importante fornecedor de informações para a formulação de políticas de educação – e da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), em 1990. Entre 1995 e 1997 esteve à frente da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, órgão predecessor da atual Anvisa.
Carlini já recebeu diversas homenagens. Em 1979, ele recebeu um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecendo internacionalmente o mérito dos seus trabalhos científicos. Em 1994, ganhou uma condecoração da ONU e foi convidado a ser membro titular do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos das Nações Unidas. Em 1996, recebeu das mãos de Fernando Henrique a Grande Ordem de Rio Branco. Em 2000, recebeu a medalha Grã-Cruz, a Ordem Nacional do Mérito Científico.
Aos 87 anos de idade, 62 anos dedicados à pesquisa, e com mais de 12 mil citações de seus trabalhos em artigos científicos de todo o mundo, o professor foi chamado para depor na polícia de São Paulo, em maço de 2018, para prestar depoimento sob a alegação de fazer apologia ao uso de drogas, por organizar um simpósio sobre o uso terapêutico da maconha, em maio de 2017. O ato provocou indignação em toda a comunidade científica e, por meio da SBPC, foi organizado um abaixo-assinado com um manifesto em defesa do cientista e pela liberdade de pesquisa científica no País. A petição recebeu mais de 35 mil assinaturas e o documento foi entregue pelo ministro do MCTIC, Gilberto Kassab, ao ministro da Justiça, Torquato Jardim.