66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 1. Arquitetura e Urbanismo
PATRIMÔNIOS DULCINA: DOCUMENTAÇÃO E O ARPDF
Marina Siqueira Eluan - LabeUrbe – Laboratório de Estudos da Urbe, FAU, UnB, Brasília, DF.
Ana Elisabete de Almeida Medeiros - Profª Dra./Orientadora - LabeUrbe – Laboratório de Estudos da Urbe, FAU, UnB, Brasília, DF.
INTRODUÇÃO:
A Fundação Brasileira de Teatro - FBT - foi criada pela atriz brasileira Dulcina de Moraes em 1955 no Rio de Janeiro. Dulcina transferiu a FBT para Brasília em 1972 e edificou o Teatro Dulcina de Moraes e a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes no Setor de Diversões Sul, conhecido como CONIC, no centro da capital. Em 2007, o teatro e o acervo cênico da atriz foram tombados pelo Governo do Distrito Federal como Patrimônio Cultural do DF. O seu projeto arquitetônico foi elaborado pelo arquiteto modernista Ítalo Campofiorito a partir de um risco original de Oscar Niemeyer. A Faculdade de Artes Dulcina de Moraes foi a primeira faculdade de artes do Distrito Federal e será a primeira, a partir de 2013, a ser pública. A preservação dos Patrimônios Dulcina está ligada à quantidade e a qualidade de documentação existente referente a eles. A necessidade de unir esta documentação deu origem ao presente trabalho. A partir destas prerrogativas, o presente artigo questiona: como se dá a relação entre prática preservacionista e documentação, tendo como objetos específicos de análise o Teatro Dulcina de Moraes e o Arquivo Público do Distrito Federal?.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Contribuir para o maior entendimento da relação entre documentação e prática preservacionista no Distrito Federal, , elegendo, como estudo de caso, de um lado, o ArPDF – Arquivo Público do Distrito Federal e, do outro lado, os aqui denominados Patrimônios Dulcina, ou seja, o Teatro e a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, bem como o acervo cênico da atriz.
MÉTODOS:
A busca pelos documentos dos Patrimônios Dulcina teve como foco principal o arquivo permanente do Arquivo Público do Distrito Federal, que reúne os documentos gerados pela cidade de Brasília. O acervo da NOVACAP- Companhia Urbanizadora da Nova Capital do ArPDF é considerado Memória do Mundo, devido a sua importância para a humanidade por guardar os documentos referentes à Capital Nacional, mas, aqui, não foram encontrados arquivos referentes ao Dulcina. A partir da colaboração do ArPDF, documentos de outras instituições foram pesquisados e puderam ser reunidos também, como os do Acervo Dulcina localizado no edifício da FBT, os da Subsecretaria do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do DF - SUPHAC - e os da Administração de Brasília - RAI. O método adotado em cada um dos acervos pesquisados foi buscar arquivos entre os anos de 1955 a 2007, como recortes de jornal, plantas arquitetônicas, cartazes de peças teatrais, filmes, fotografias, documentos e depoimentos. Os documentos encontrados foram digitalizados ou fotografados para serem analisados, organizados e ao mesmo tempo, disponibilizados no CEDIARTE – Centro de Documentação Edgard Graeff.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os documentos encontrados permitiram traçar um histórico das modificações de projeto do edifício da FBT, assim como da sua situação cultural e econômica. Sobre os Patrimônios Dulcina foram encontrados no ArPDF: 222 recortes de jornal, 2 fotos de Dulcina de Moraes, 10 fotos da construção do CONIC, 57 cartazes de peças teatrais, 5 plantas arquitetônicas de 1980, 2 depoimentos orais que citam Dulcina, e um livro que aborda o tombamento de Brasília. O arquivo de tombamento do Teatro Dulcina de Moraes foi encontrado na SUPHAC e digitalizado integralmente. Dentre os documentos do Acervo Dulcina, localizados no edifício da Fundação Brasileira de Teatro, foram digitalizados 86 documentos, 19 fotos de apresentações no teatro da década de 1980 e 22 recortes de jornal. Estes documentos, assim como todo o acervo cênico e documentos pessoais da atriz Dulcina de Moraes são tombados pelo mesmo decreto que tombou o Teatro. Na Administração de Brasília o arquivo referente ao Teatro foi fotografado e contêm 72 plantas arquitetônicas, além de documentos que permitem compreender a história do teatro, como licitações, modificações de projeto e cartas. Além disso, foram tiradas pela autora do artigo 620 fotografias da parte externa e interna do edifício que abriga os Patrimônios Dulcina. A pertinência da pesquisa, análise e união dessa documentação deve-se ao fato da preservação do edifício necessitar de uma base de pesquisa para restaurações, além do atual crescimento da relevância da discussão sobre a questão patrimonial. O contingente de material encontrado é considerado suficiente para proporcionar ao edifício do Teatro Dulcina de Moraes uma preservação que mantenha as características originais do edifício e o tombamento com patrimônio moderno.
CONCLUSÕES:
Brasília é uma cidade moderna tombada e inaugura este tipo de reconhecimento, outros bens modernos na cidade foram tombados e a discussão preservacionista na cidade levanta a questão da necessidade de documentação destes bens. Por serem bens relativamente novos, os documentos gerados sobre eles também são novos e consequentemente mais fáceis de serem preservados, desde que isso seja feito neste momento. A documentação tem função colaborativa para as obras arquitetônicas e se mostra fundamental na preservação de patrimônios. O Teatro Dulcina de Moraes, criado em 1980, ainda mantem aspectos arquitetônicos originais, mas a união de sua documentação neste momento se mostrou fundamental para que suas características sejam preservadas futuramente.
Palavras-chave: Patrimônio Moderno, Teatro Dulcina de Moraes, Arquivo Público do Distrito Federal.