66ª Reunião Anual da SBPC |
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBQ - Sociedade Brasileira de Química |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química Analítica |
MONITORAMENTO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO DE TUCUMÃ (astrocaryum aculeatum) EXPOSTO A DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO |
Adria Vasconcelos Cortez - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM Nívea Cristina de Carvalho Guedes - Orientadora /Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM Keyla Emanuelle Ramos da Silva - Co-orientadora /Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM |
INTRODUÇÃO: |
O Tucumã (astrocaryum aculeatum) espécie pertencente à família da Arecaceae (Palmeiras) é conhecido popularmente pelo nome de tucumanzeiro. Estudos realizados com o óleo da polpa e da amêndoa do tucumã revelam um teor de ácidos graxos de alto valor para a indústria de alimentos e cosméticos. Cooperativas extrativistas no interior do Amazonas trabalham com a extração a frio do óleo deste fruto, no entanto, estudos preliminares constataram a necessidade de avaliação das várias formas de armazenamento da matéria-prima, pois seu acondicionamento era basicamente o polietereftalato de etila (PET), ficando exposto ao ar livre, altas temperaturas e à umidade natural da região norte. A seleção inadequada da embalagem de um óleo pode comprometer sua qualidade, mesmo que as condições do processamento tenham sido cuidadosamente monitoradas. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade oxidativa do óleo de Tucumã extraído da amêndoa do fruto exposto a diferentes condições de armazenamento (exposição à diferentes temperaturas e barreira contra umidade) com o intuito de comparar e relacionar a influência das condições de armazenamento sobre as alterações físicas e químicas do produto, com particular atenção aos parâmetros relacionados à sua oxidação. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Avaliar a estabilidade oxidativa do óleo obtido da amêndoa do Tucumã (astrocaryum aculeatum) em diferentes condições de armazenamento. |
MÉTODOS: |
O monitoramento da estabilidade oxidativa foi realizado através de testes em tempo real. Foram avaliados os produtos primários das reações oxidativas em óleos e gorduras, pela perda dos ácidos graxos insaturados e ganho de massa por incorporação de oxigênio ou formação de hidroperóxidos. Essas alterações na qualidade do óleo foram monitoradas através dos parâmetros de qualidades, tais como: índice de acidez, índice de peróxido, índice de saponificação e umidade. A extração do óleo foi realizada no município de Manaquiri, situada à 64 quilômetros a sudoeste de Manaus, no estado do Amazonas – Brasil. Seguiu-se as etapas de: 1) amostragem (coleta da matéria-prima), onde os caroços foram higienizados e levados à estufa de secagem para a retirada da amêndoa. 2) obtenção da amêndoa, 3) trituração da amêndoa, 4) aquecimento da amêndoa triturada, 5) extração do óleo. As amostras de óleo bruto foram armazenadas em frascos de vidro transparentes e âmbar e embalagens de polietileno leitoso (PEL), mantidos em local fechado, para serem submetidas às análises físico-química, no laboratório da Universidade Federal do Amazonas campus de Itacoatiara-AM. Para a avaliação das condições de armazenamento as amostras foram fracionadas em quatro lotes e avaliadas por um período de 40 dias. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Em visitas à cooperativa extrativista, observou-se que os óleos eram armazenados em pequenas garrafas plásticas ou vidro, sem controle em relação ao armazenamento. Em virtude disso, simulou-se em laboratório, as mesmas condições de armazenamento observadas na cooperativa. Os resultados obtidos nas avaliações do óleo de tucumã foram crescentes aos índices de acidez, peróxido e umidade, os óleos armazenados em ambiente refrigerado (29,7 °C) sofreram maiores alterações em relação às amostras armazenadas em local não refrigerado (32 °C). As amostras armazenadas em vidros transparentes e com proteção contra umidade possuíram maior variação em relação aos outros fracionamentos (vidro âmbar e PEL), os resultados do índice de acidez variaram em média de 0,14 à 3,53 ± 0,003 mg KOH/g, para o índice de peróxido a variação foi 1,72 ± 0,003 à 7,05 ± 0,002 meq/Kg, estes resultados mostraram relação direta com a umidade e a forma de vedação do sistema de embalagem. Consequentemente para o parâmetro de umidade observou-se uma variação crescente temporal de 0,16 ± 0,05% à 0,50 ± 0,02%, o que subtende-se que tal forma de armazenamento pode vir a comprometer a qualidade do óleo se o período de armazenamento for superior a 40 dias. No entanto, mesmo com as alterações ocorridas todas as amostras analisadas mostraram-se dentro do valor estipulado pela Farmacopéia Brasileira 5ª Ed. para tais índices (índice de acidez deve ser inferior a 5 mg KOH/g, para o índice de peróxido deve ser inferior a 10 meq/Kg, e para a umidade inferior a 0,5 %.). O índice de saponificação mostrou que todas as amostras, apresentaram-se dentro do esperado pela Farmacopéia Brasileia 5ª Ed. Para este índice, todas as amostras analisadas neste trabalho foram utilizadas 2 g do óleo, cujos resultados apresentaram-se dentro do esperado (200 – 300 mg KOH/g) para essa quantidade, indicando que o óleo de tucumã tem uma estabilidade significativa no período de 40 dias em relação ao material saponificável. |
CONCLUSÕES: |
Todas as embalagens foram satisfatórias visto que não comprometeram a qualidade e mantiveram a estabilidade oxidativa dos óleos. As amostras acondicionadas em embalagens de polietileno branca leitosa PEL (plástico semelhante ao utilizado pela cooperativa) podem ser utilizadas, desde que se tenha um monitoramento do tempo de armazenamento que neste estudo foi de 40 dias. As amostras armazenadas em embalagens de vidro âmbar obtiveram menores variações nas análises realizadas. |
Palavras-chave: Óleo do tucumã, Estabilidade oxidativa, Embalagem. |