66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 4. Geografia Física
POR UMA ÁGUA DE QUALIDADE: UMA ANÁLISE DOS POÇOS EXISTENTES NO BAIRRO DE FELIPE CAMARÃO, EM NATAL/RN
Iapony Rodrigues Galvão - Programa de Pós-Graduação em Geografia - UECE
Kellia de Oliveira Bezerril - Programa de Pós-Graduação em Geografia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A água é um bem precioso para a sobrevivência da humanidade. No Brasil, país no globo com a maior quantidade de água doce, este recurso, em diversos momentos, não recebe o devido tratamento, sendo alvo de notório desperdício e riscos de poluição ambiental. Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, tal situação não é diferente, havendo 68% de sua população sem acesso a um saneamento básico eficiente (IBGE, 2010), gerando grandes problemas para a qualidade da água, poluindo os lençóis freáticos e atingindo, assim, os poços de água existentes na cidade. O Bairro de Felipe Camarão, localizado na Zona Oeste de Natal/RN não foge a esta situação vivenciada no espaço natalense, com 86% de suas residências possuindo esgoto a céu aberto, e as residências restantes (14%) lançam os esgotos diretamente no Rio Jundiaí, o qual possui parte de seu curso percorrendo o bairro. Os quatro poços de abastecimento existentes no bairro estão localizados em áreas de risco sanitário, próximo a canais de esgoto. Mesmo com esses riscos, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) ainda mantém os poços em funcionamento, conforme foi observados durante a pesquisa, ocasionando sérios danos a saúde da população de Felipe Camarão.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho buscou compreender, a partir de análise bioquímica-espacial, a situação dos poços de água existentes no bairro de Felipe Camarão, localizado na Zona Oeste de Natal/RN, as margens do Rio Jundiaí. O referido bairro possui carências sociais e estruturais, como o fato de não possui saneamento básico, comprometendo a qualidade da água gerada pelos poços, gerando riscos a população.
MÉTODOS:
Foram detectados, a partir de pesquisas de campo e visitas a central de operações da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), a existência de cinco poços de abastecimento de água no bairro de Felipe Camarão, os quais correspondem segundo essa pesquisa empírica, mais de 70% do total de abastecimento de água no bairro. Mas estes poços, conforme observamos durante a pesquisa de campo podem oferecer riscos para a população, uma vez que estão localizados em áreas impróprias para um efetivo abastecimento humano, de acordo com as normas e legislações urbanísticas locais e nacionais, como a resolução 357/2005, orientada pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), na qual regulamenta os usos dos recursos hídricos. E ampliando essa discussão sobre a precariedade, três dos cinco poços possuem vazamentos visíveis a olho nu, além de quatros dos poços possuírem, próximos aos mesmos, esgotos a céu aberto, o que torna agrava ainda mais o quadro exposto acima. Assim, para possuir uma maior comprovação da possível poluição dos poços, foram realizadas a medição de parâmetros relevantes, como o conhecimento da quantidade de Oxigênio Dissolvido (OD); Demanda Química de Oxigênio (DQO); Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO); Coliformes fecais (CF); Nitratos e Fosfatos totais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir das medições dos parâmetros, realizados em conjunto com o o Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes – NAAE, ligado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), foram obtidos índices alarmantes de poluição nos poços existentes no bairro de Felipe Camarão. Em três dos cinco poços pesquisados, a quantidade de Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) estavam em índices anormais aos permitidos pela resolução 357/2005, do CONAMA. E o mais grave, sem dúvida, foram os indicadores ligados a Coliformes Fecais, anormais em quatro dos cinco poços pesquisados e de Nitratos, os quais em todos os poços estavam acima do índice permitido pelo CONAMA, de 10 mg/l. Em um dos poços pesquisados, o índice chegou a 18, 94 mg/l, o que atesta uma ausência da qualidade da água consumida, causando sérios riscos a saúde dos moradores de Felipe Camarão.
CONCLUSÕES:
Após esta discussão sobre a qualidade da água, em especial no que se diz respeito aos poços existentes em Felipe Camarão, percebe-se que os mesmos não possuírem as condições necessárias para o abastecimento, como indicado por parâmetros como “nitratos”, tornando-se urgentes medidas que agravem ainda mais esses parâmetros. Dentre as medidas que se tornam necessárias, destaca-se a implantação do saneamento básico no bairro, algo ainda abaixo do mínimo necessário em toda a cidade do Natal, a qual só possui 32% de sua população com acesso ao saneamento, segundo dados do IBGE, sendo, portanto, um índice muito abaixo do recomendado. As medidas acima, além de garantir a eficiência do abastecimento de água, garantirão o direito a uma saúde digna a população do bairro, a qual, na atualidade, possui um sério comprometimento neste aspecto. Só assim, será possível garantir água de qualidade para Felipe Camarão e todos os natalense que hoje sofrem com esta difícil realidade.
Palavras-chave: Poços, qualidade da água, saneamento básico.