66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 1. Antropologia
Jovens/juventudes: ações culturais, políticas e comunicacionais
Silvia Helena Simões Borelli - Orientadora/Faculdade de Ciências Sociais - PUCSP
Manuela Capriogli Beloni - PUCSP
INTRODUÇÃO:
A partir de 1990 as tecnologias da informação e comunicação passaram por diversas transformações, culminando nas mídias digitais que conhecemos hoje. Desde então vemos a vida de milhares de jovens sendo permeada por estas tecnologias, tanto no mercado de trabalho e em suas relações sociais como na busca por informação e entretenimento. Entretanto percebe-se com o passar dos anos que é cada vez mais comum em países com grande desigualdade social e econômica, como o Brasil, as políticas públicas voltadas às questões do acesso, assim como as pesquisas acadêmicas feitas em relação ao tema. Isto se dá devido ao fato de que em países com este contexto grande parte da população não possui ou tem acesso restrito às tecnologias digitais. Sendo assim o debate acadêmico em torno do tema da inclusão digital e da apropriação que os jovens beneficiados tem feito das redes têm sido muito comum em diversas esferas, como na comunicação, antropologia, sociologia e ciência política. Dentre as reflexões feitas algumas questões em comum são colocadas, sendo a principal delas se o acesso às tecnologias de comunicação e informação promove a inclusão digital e social e se é possível alcançar uma menor desigualdade social através destas tecnologias.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da pesquisa constituiu na discussão bibliográfica a respeito dos temas: jovens, inclusão digital, mídias digitais; análise de políticas públicas de inclusão digital voltada para a juventude na cidade de São Paulo e os objetivos específicos de algumas delas; análise da inserção em rede dos projetos e de inclusão digital e dos usos e apropriações das tecnologias digitais pelos jovens.
MÉTODOS:
A metodologia do trabalho constitui no levantamento e análise bibliográfica de publicações acerca dos temas: jovens/juventudes e cultura digital; inclusão digital; uso e apropriação de tecnologias digitais por jovens; no mapeamento das políticas públicas de inclusão digital propostas por órgãos públicos, privados e não governamentais assim como na análise das políticas públicas selecionadas; análise de pesquisas quantitativas relacionadas ao tema, e grupo de estudos entre bolsistas com discussões de autores relacionados à temática da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
São muitas as reflexões acerca do entendimento que se tem sobre inclusão e sobre a apropriação. Para se incluir socialmente o indivíduo deve passar por diversas etapas, que vão desde sua formação na escola ao tipo de utilização que ele consegue fazer das redes. Os exemplos de políticas públicas que podemos encontrar na bibliografia utilizada e a critica que os devidos autores fazem em relação a eles mostram que, mesmo com o debate que se desenvolve cada vez mais em torno da cidadania digital e da apropriação das tecnologias - uma maneira que abranja não só a recepção, mas também a produção de conteúdo - as políticas de inclusão digital não possuem muito mais do que um caráter de formação mercadológica. Apesar de as pesquisas quantitativas analisadas nos revelarem que o acesso às tecnologias da informação e comunicação tem tido um crescimento significativo nos últimos anos elas revelam também que há diferentes níveis de inclusão no Brasil. Assim como em toda a extensão territorial as grandes cidades brasileiras possuem em seu interior um nível altíssimo de desigualdade. Sendo assim o acesso não é uma questão desimportante no momento atual, visto que grande parte da população ainda não possui computador pessoal. As lan houses aparecem aqui com importante papel, pois servem com ponto de acesso a uma grande parcela da população. É importante pensar então que todo o tipo de pontos de acesso tem a sua devida importância nos processos de inclusão, mas que este simples acesso às ferramentas não garante uma inclusão, que deve ir além da posse das tecnologias da informação e da comunicação. Outra questão fundamental é de que não há de fato - de acordo com o Conselho Nacional da Juventude - um avanço nas políticas públicas voltadas aos jovens, atendendo as especificidades deste público, sendo necessário um olhar para esta questão.
CONCLUSÕES:
O desenvolvimento das tecnologias digitais pode acentuar a exclusão social existente no país, devido à dificuldade que se pode encontrar no acesso e na apropriação das mídias digitais. O simples interesse em habilitar os jovens para o mercado de trabalho, desvalorizando as outras formas de uso das tecnologias digitais, restringindo muitas vezes o acesso a diversos sites em seus espaços não possibilita uma inclusão digital completa. O pensamento em torno das políticas públicas de inclusão digital deve então caminhar no sentido de diminuir as diferenças de acesso existentes propiciando às pessoas uma apropriação cognitiva, onde indivíduos não sejam receptores passivos do que vem acontecendo nas redes. Para isso as políticas devem ser pensadas de maneira multifocal, onde a educação, programas de inclusão e fomento à participação nas redes caminhem lado a lado.
Palavras-chave: inclusão digital, mídias digitais, juventude.