66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 1. Psicologia
MAGNITUDE DO REFORÇO E ORDEM DE EXPOSIÇÃO AO ALIMENTO: UMA INVESTIGAÇÃO DE VARIÁVEIS QUE ALTERAM O VALOR REFORÇADOR DE RAÇÃO REGULAR E PALATÁVEL
Paola Esposito de Moraes Almeida - Profa. Doutora / Orientadora - Faculdade Ciências Humanas e da Saúde - PUC-SP
Maria Luisa Guedes - Profa. Doutora / Coordenadora da Pesquisa - Faculdade Ciências Humanas e da Saúde - PUC-SP
Emerson Ferreira da Costa Leite - Bolsista CNPQ - Faculdade Ciências Humanas e da Saúde - PUC-SP
Luamy Cristina Malaquias Lopes - Bolsista CNPQ - Faculdade Ciências Humanas e da Saúde - PUC-SP
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa dá continuidade aos estudos iniciados no Laboratório de Psicologia Experimental da PUC-SP, que analisam mudanças no valor reforçador de diferentes alimentos, produzidas por histórias experimentais distintas de restrição e acesso intermitente a alimento palatável. Usando medidas operantes, Almeida, Guedes, Moraes, Cruz, Grandi e Wegener (2012) encontraram como resultado que ração comum foi preferida à ração doce por ratas, submetidas a diferentes histórias de restrição/realimentação alimentar, o que contradiz estudos da área (Hagan e Moss, 1996). A magnitude, qualidade e sequência de exposição aos alimentos durante o procedimento foram apontadas como possíveis variáveis que teriam levado a estes resultados. A importância de experimentos sobre comportamento alimentar envolvendo medidas operantes justifica-se pela possibilidade de melhor compreender o padrão alimentar descrito como compulsivo, típico do quadro de bulimia nervosa.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da presente pesquisa foi avaliar os efeitos de variações na magnitude do reforço (estudo 1) e da sequência de exposição dos diferentes alimentos (estudo 2) na taxa de respostas de pressão à barra mantidas por um esquema de FR Progressivo.
MÉTODOS:
Para tal, três ratas foram submetidas a condições que replicam parcialmente àquelas do estudo de Almeida e cols. (2012). Nas Fases 1 e 2 de ambos os estudos, respostas de pressionar a barra foram modeladas, mantidas e fortalecidas com pelotas de ração importada em uma caixa de condicionamento operante. A fase 3 foi realizada de maneira distinta para os estudos realizados. No estudo 1, foram conduzidas seis sessões de teste do valor reforçador para cada um de três tipos de alimento (ração importada, doce maior e doce menor), em um esquema de FR Progressivo, cuja progressão aumentava de uma em uma resposta até o FR 20. No estudo 2, os testes foram realizados em sequências de apresentação do alimento distintas para cada sujeito experimental a partir de um esquema de FR Progressivo cuja razão aumentava em cinco respostas depois que uma mesma razão era alcançada por três vezes consecutivas. Todo o experimento foi conduzido na ausência de privação hídrica e alimentar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A comparação das frequências de respostas e do FR alcançado, durante os dias de apresentação de diferentes magnitudes de alimentos no estudo 1, não proporcionaram resultados conclusivos devido à variação nos desempenhos dos sujeitos, apontando que para um deles (sujeito 1) doce maior foi o mais reforçador, seguido de ração importada, e de doce menor, para outro (sujeito 2) ração importada foi a mais preferida seguida pelo doce maior, e para o sujeito 3 tais preferências não foram identificadas a partir dos dados obtidos. Os resultados do estudo 2 indicaram que diferentes ordens de exposição aos alimentos manipulados não foram responsáveis por alterações no padrão de respostas de pressionar a barra para os mesmos, de modo que há uma regularidade no valor reforçador de cada alimento para cada um dos três sujeitos (5 a 7) no decorrer das fases experimentais, cuja preferência foi idiossincrática, em consonância com o estudo 1.
CONCLUSÕES:
A partir dos estudos realizados podemos notar que houve grande variabilidade nos dados obtidos, tanto intrassujeitos quanto entre os sujeitos, e que dificuldades encontradas no treino dos sujeitos nas fases pré-teste poderiam estar envolvidas com o esquema de FR progressivo, que, no estudo de Almeida e cols. (2012), acompanhou quedas contínuas na taxa de respostas emitidas durante a exposição aos testes com esse esquema. Concluiu-se que a magnitude e qualidade dos alimentos pareceram mais relevantes no controle do padrão alimentar do que a ordem de apresentação dos mesmos, todavia tais conclusões devem ser observadas com parcimônia redobrada, considerando as dificuldades levantadas, fazendo-se necessários estudos futuros que isolem os efeitos das variáveis estudadas e investiguem outras variáveis extra experimento que podem ter influenciado os resultados obtidos, aprofundando as questões levantadas.
Palavras-chave: comportamento alimentar, Análise do Comportamento, palatabilidade do alimento.