66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Medicina Veterinária
QUANTIFICAÇÃO DA FIBROSE INTERSTICIAL EM GATOS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Keytyanne de Oliveira Sampaio - Aluno de IC / Faculdade de Medicina Veterinaria- UECE
Glayciane Bezerra de Morais - Doutoranda / Programa de Pos-Graduação em Ciencias Veterinarias-UECE
João Alison de Moraes Silveira - Mestrando / Programa de Pós Graduação em Farmacologia-UFC
Daniel de Araujo Viana - Docente de Anatomia Patológica na Universidade Estadual do Ceará-UECE
Janaina Serra Azul Monteiro Evangelista - Oientadora / Faculdade de Medicina Veterinaria - UECE
INTRODUÇÃO:
A doença renal é a enfermidade mais frequentemente diagnosticada em animais de companhia e a segunda causa de morte em gatos (SCHENCK & CHEW, 2010). É estimado que 1,6 a 20% da população de gatos desenvolva doença renal de forma crônica, podendo acometer gatos de todas as idades e mais frequentemente os geriátricos com idade superior a 7 anos (POLZIN et al. 2008; DIBARTOLA, 2009).
A DRC é definida como apresença de alterações estruturais ou funcionais em um ou ambos os rins que têm estado presentes durante um período superior a 3 meses. (POLZIN, 2011). Dentre as principais causas da DRC em gatos estão a urolitíase obstrutiva, rins policísticos, pielonefrite e amiloidose. A nefrite tubulointersticial é o achado mais frequente em biópsias, sendo este o diagnóstico morfológico mais implicado na DRC (MINKUS & HORAUF, 1994).
O dano tubulointersticial(DTI) é importante para a progressão da DRC, independente dos insultos primários (YABUKI et al. 2010). Nos gatos, a severidade da DRC é mediada pelo DTI, particularmente por fibrose intersticial, associada com células produtoras da matriz extracelular e indução e proliferação de miofibroblastos. Estas células são responsáveis por um papel importantena patogênese da fibrose tecidual e cicatrizes a nível renal (YABUKI et al. 2012).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve por objetivo quantificar e correlacionar os graus de fibrose intersticial com o estadiamento da DRC em gatos.
MÉTODOS:
No estudo foram utilizados 10 gatos , ambos os sexos, com idades entre 5 e 15 anos portadores de doença renal crônica e 1 gato não portador de qualquer doença renal. Os animais foram acompanhados na rotina clínica e ambulatorial da Unidade Hospitalar Veterinária da UECE e clínicas particulares de Fortaleza e vieram a óbito natural. Estes animais foram diagnosticados portadores de doença renal crônica mediante exame clínico e laboratorial e estádiados de acordo com International Renal Interrest Society(IRIS).
Após o óbito dos animais, foram retirados fragmentos dos rins que foram medidos e avaliados macroscopicamente e microscopicamente. Uma análise quantitativa aleatória foi realizada as imagens digitais dos cortes histológicos foram capturas de forma padronizada pelo microscópio com ampliação de 200x. As imagens foram reajustas no modelo de cores do RGB do softwere Image J. Em seguida essas imagens foram binarizadas e demarcadas as áreas referentes ao colágeno para quantificação por área de colágeno.
A media da área total dos 20 campos para cada rim de cada animal foi obtida atraves do somatorio de todas as áreas dividido por 20.Todos os parâmentros foram submetidos à análise estatística por modelo de regressão, com coeficiente de correlação de Spearman e os valores de P ≥ 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os animais foram estadiados com base em algoritmos da IRIS para DRC em gatos com base na dosagem de pCre. 2 gatos foram pertencentes ao estádio 1 (<1,6mg/dL), 1gato ao estádio 2 (1,6-2,8mg/dL), 1 gato ao estádio 3 (2,9-5,0mg/dL) e 6 gatos ao estádio 4 (>5,0 mg/dL).
Foi observada na análise histológica a presença de graus de fibrose intersticial que variaram de moderada a severa. A quantificação de colágeno por área mostrou uma correlação positiva com a dosagem de creatinina plasmáticae com a fibrose intersticial.
Histologicamente, a DRC terminal manifesta-se como lesões fibróticas afetando cada compartimento, resultando em glomerulosclerose, esclerose vasculare fibrosetúbulo-intersticial (HEWITSON, 2012). Os achados histopatológicos deste trabalho demonstram lesões com carater crônico e progressivo. Segundo Syme e colaboradores 2006, o diagnóstico morfológico mais frequente em biópsias de gatos com nefropatia crônica é a nefrite tubulointersticial caracterizada pela degeneração e lesão tubular, infiltrado peritubular e intersticial e principalmente fibrose intersticial.
A correlação significante entre o estadiamento da doença renal crônica mediante os valores de pCree a fibrose intersticial sugere a presença de lesões que podem ser determinantes na progressão e cronicidade da DRC em gatos (YABUKI et al. 2010).
A principal característica da DRC é a fibrose tubulointersticial, sendo a fibrose um dos melhores preditores de progressão ao estágio final da doença renal (SINHA et al. 2009).
Fibrose envolve um acúmulo excessivo de matriz extracelular e normalmente resulta na perda da funçãodo tecido normal quando este é substituído por um tecido cicatricial (WYNN, 2007).A fibrose por si só não é suficiente para a disfunção renal, mas sim o ambiente hipoxico criado por ela. (KANG et al. 2002).Além do processo pró-fibrótico, a hipóxia também inibe a degradação da matriz extracelular por meio de redução da expressão e atividade de metalo proteinases de matriz(FINE et al.2008)
CONCLUSÕES:
Concluímos que a doença renal progressiva está relacionada com a deposição de colágeno intersticial em gatos e que quanto maior a extensão de área de deposição de colágeno, mais agressiva e crônica é a apresentação da doença nesta espécie.
Palavras-chave: Doença renal cronica, Fibrose interticial, Gatos.