66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química Analítica
Determinação das taxas de liberação do feromônio rinchoforol em matrizes preparadas pelo processo sol-gel, a serem empregadas para o manejo do Rhynchophorus palmarum em dendezeiros
Thacilla Ingrid de Menezes - Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
Ivon Pinheiro Lôbo - Orientador/Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
José Rodrigo Sodré de Souza - Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
INTRODUÇÃO:
Com a perspectiva de sanar os problemas ocasionados por insetos, grandes quantidades de agroquímicos são utilizadas, o que provocam maiores impactos ambientais, como: a contaminação de alimentos, do solo e dos corpos d’água. No caso do inseto praga Rhynchophorus palmarum, o controle utilizando agroquímicos é de difícil aplicação, devido à fisiologia do R. palmarum e também porque os insetos tendem a se alojar no interior dos troncos dificultando o acesso, além disso, as áreas infectadas do interior das plantas exalam odores (semioquímicos) que atraem outros indivíduos da espécie podendo levar a morte da planta. Para que possa ser utilizado no controle de pragas o feromônio sintético deve ser incorporado em um dispositivo de liberação controlada, a qual necessita ser similar à taxa de emissão natural dos insetos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente projeto teve como finalidade avaliar matrizes preparadas pelo processo sol-gel, quanto aos perfis de liberação dos feromônios do inseto Rhynchophorus palmarum (Coleoptera Curculionidae), objetivando obter a liberação controlada do seu feromônio para a atração e aniquilação do inseto.
MÉTODOS:
Inicialmente determinou-se a carga inicial do feromônio na matriz preparada. Para a essa análise, uma porção de massa conhecida da matriz foi cominuída e todo seu conteúdo de feromônio extraído com hexano. À solução obtida, adicionou-se o padrão interno adequado e em seguida injetou no cromatógrafo para quantificação (ZADA et al., 2009). A cinética de liberação foi determinada colocando-se uma massa conhecida da matriz contendo o feromônio encapsulado em um frasco aerador, sob fluxo de ar e temperatura controlados. Os feromônios carreados então capturados em uma coluna de resina adorvente (super Q), da qual extraiu-se o feromônio com hexano. Á quantificação do feromônio carreado para um dado volume de ar foi realizada por cromatografia a gás utilizando padronização interna. Repetiu-se esse experimento para matrizes em diferentes níveis de envelhecimento, obtidos por diferentes tempos de pré-disposição em campo. Em cada experimento, quantificou-se também o feromônio remanescente na matriz e, com base na carga inicial de feromônio, foram realizadas comparações entre a quantidade de feromônio liberada e a quantidade capturada na resina adsorvente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante o decorrer do experimento, a taxa de liberação do rincoforol apresentou-se sempre maior para a matriz modificada. Esperava-se, contudo, que o comportamento fosse o inverso, em vista de que a modificação da matriz permite uma interação mais efetiva matriz/semioquímico. Deve-se, entretanto, levar em consideração o efeito da difusão dos semioquímicos na matriz. Se para a matriz SiO2-MSA-5F10 foi observado uma maior carga inicial dos semioquímicos devido a funcionalização, também foi detectado a redução do volume dos poros. Neste sentido, conclui-se que houve obstrução dos poros, tornando os semioquímicos mais expostos e susceptíveis à liberação. Já para a matriz SiO2-MSA10, embora possua uma carga inicial de feromônio menor, observa-se poros com maiores volumes, o que facilitou a impregnação. Os perfis de liberação para o agente sinergético ferruginol em ambas as matrizes foram semelhantes ao comportamento da liberação do rincoforol a temperatura ambiente. As mesmas observações realizadas para o rincoforol podem aqui serem realizadas, no entanto, a reduzida diferenças entre os perfis de liberação para as matrizes SiO2-MSA10 e SiO2-MSA-5F10, deve-se ao caráter mais hidrofóbico e maior massa molar do ferruginol. Seguindo a um comportamento similar de liberação ao da matriz SiO2-MSA-5F10, o percentual de rincoforol liberado para a matrizes SiO2-MSA-20F50 se demonstrou mais acentuado, comparado com a matriz SiO2-MSA50, proporcionada pela modificação, e consequentemente obstrução dos poros, comprovada pela redução dos volumes totais de poros após a modificação com feniltrimetil ortosilicato. Os perfis de liberação apresentados pelas matrizes sintetizadas não atendem os critérios de liberação ideal, contudo ficou evidenciado que dois parâmetros podem ser otimizados com o objetivo de obter matrizes para liberação controlada de semioquímicos, são eles: o percentual de modificação da matriz (hidrofobicidade) e a característica dos poros.
CONCLUSÕES:
A funcionalização das matrizes propiciou melhores interações com os semioquímicos, resultando em maiores cargas impregnadas para as matrizes modificadas, exceto para a matriz SiO2-MSA-20F50 que teve carga de rincoforol que a da sua correlata SiO2-MSA50 devido a uma maior obstrução dos poros.
Os testes de liberação em função da temperatura realizados em laboratório indicam que as modificações sofridas pela matriz SiO2-MSA, não proporcionaram liberações com perfis satisfatórios dos semioquímicos. Os resultados obtidos, contudo, indicaram a necessidade da otimização das variáveis: caráter hidrofóbico e volumes e diâmetros de poros.
Os testes de liberação em situação real de campo demonstraram que a matriz modificada com feniltrimetil ortosilicato (SiO2-MSA-5F10) proporcionou melhores resultados de capturas, o que leva uma indicação de que o balanço das variáveis hidrofobicidade e características estruturais foram melhores adequadas a essa matriz.
Palavras-chave: Rinchoforol, Rhynchophorus palmarum, Liberação controlada.