66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBQ - Sociedade Brasileira de Química
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 5. Química de Produtos Naturais
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DE COCO E DO LEITE DO COCO VERDE DA ESPÉCIE Cocos Nucifera L. COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO ACRE.
Leandro Junior Machado - Prog. Pós-Graduação em Ciência Inovação e Tecnologia para Amazônia - UFAC
Rogério Antonio Sartori - Orientador/Depto. Ciências Biológicas e da Natureza – UFAC
Délcio Dias Marques - Depto. Ciências Biológicas e da Natureza – UFAC
Jocicleide Melo Furtado - Prof. Secretaria de Estado de Educação – Rio Branco, AC.
Ana Emylli da Silva Nascimento - Departamento de Química - UFAC
INTRODUÇÃO:
A comercialização e produção do coco-da-baía (Cocos nucifera L.) na região acriana vêm ganhando espaço nos últimos anos. Desta forma, com o consumo in natura de seu fruto verde, a biomassa ainda em estágio de maturação é perdida devido a não utilização após o consumo da água. Segundo dados do IBGE de 2012, o Brasil possui uma área com plantação de coco de 263.204 ha sendo estimada uma produção de 1.776.295 toneladas de frutos. A região Nordeste apresenta a maior produção de coco, representando 69,25%, no entanto, a produção acriana ainda não é registrada nos dados do IBGE por ser uma cultura nova que esta sendo implantada no estado. Das variedades da espécie os frutos da palmeira gigante são destinados à produção de albúmen sólido desidratado a 6% de umidade, destinado principalmente à agroindústria para produção de coco ralado e derivados, sendo a variedade anã mais apropriada para a produção de coco verde, onde o alvo é o consumo da água, rica em sais minerais. A formação do albúmen sólido se inicia a partir do quinto mês. Neste período, a polpa apresenta uma consistência gelatinosa. Os principais constituintes da polpa de coco são lipídeos, proteínas e carboidratos, sendo também encontrados compostos minoritários como vitaminas, ácidos orgânicos e minerais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar a caracterização físico-química da polpa do coco verde (Cocos nucifera L.) comercializado no município de Rio Branco – Acre e sua potenciabilidade para utilização da biomassa gerada após consumo para produção de leite de coco.
MÉTODOS:
Obtenção da Matéria prima: A coleta do coco verde in natura (após utilização) foi realizada no município de Rio Branco-Acre, em seis pontos de revenda tradicionais. Após a coleta, as amostras passaram por processo de higienização e pesagem individual. Posteriormente, as amostras foram abertas passando por um processo de assepsia com hipoclorito de sódio a 5 ppm. A polpa do coco verde in natura foi então retirada com auxilio de espátula e mantido sob-refrigeração
Obtenção do Leite de coco: O leite de coco foi obtido utilizando uma proporção de 2:1 (polpa de coco in natura:água). A trituração foi realizada com auxílio de liquidificador e a filtração por meio de peneira. Foram feitas análises comparativas com três marcas de leite de coco comerciais
Analises Físico-Química: A polpa do coco verde e o leite de coco foram submetidos aos testes de: pH, acidez, densidade, refração, umidade, lipídios e cinzas. Essas análises foram realizadas no laboratório de físico-química da Universidade Federal do Acre – UFAC. As análises físico-químicas foram realizadas em triplicata, seguindo os métodos utilizados para realização dos ensaios descrito em American Oil Chemists’ Society e Instituto Adolf Lutz.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos pontos de coletas foram obtidas 70 amostras de coco verde, correspondendo a uma massa bruta total de 77,83 kg. Na retirada da polpa foi obtida, por coco, entre 1–250 g, resultando em uma massa total de 3,0 kg. Segundo os comerciantes, alguns pontos de revenda chegam a vender diariamente 200 unidades de coco, provenientes desde o estado do Espírito Santo até produção local. As amostras coletadas apresentaram diferentes estágios de maturação, alguns com a formação do albúmen no estágio bem inicial (aspecto gelatinoso) e outros em estágio mais avançado (aspecto mais endurecido). A partir das análises físico-químicas da polpa do coco verde, os resultados médios obtidos foram: pH 6,57; índice de acidez 0,34 mg KOH/g: esse valor baixo pode ser um indicativo de que a amostra pode se encontrar em estágio de degradação; Umidade a 105 ºC: 8,9%: um alto teor de umidade pode acelerar a deterioração da amostra via processos enzimáticos e oxidativos, se tornando também um ambiente propenso a proliferação de fungos; Lipídeos 1,37 g/100 g: os lipídeos servem como meio de transporte para nutrientes e vitaminas lipossolúveis, podendo vir a ter em sua composição ácidos graxos essenciais para uma dieta equilibrada; teor de cinzas 0,82%: as cinzas mostram o resíduo inorgânico presente na amostra em sua composição, podendo indicar presença de vários nutrientes requeridos em uma dieta balanceada. Foi feita análise comparativa do leite de coco com 3 amostras comerciais. Apresentaram os valores, respectivamente, pH: 6,25; 3,38; 5,05 e 4,76; densidade (g cm-3): 1,009; 1,006; 1,002 e 0,9985; índice de refração: 1,338; 1,332; 1,333 e 1,335, a 22 ºC. Com os dados obtidos, observa-se que o pH foi a propriedade que apresentou maior variação entre as amostras, fato que pode ser explicado pela adição de conservantes e acidulantes a esses produtos. As outras propriedades analisadas se encontraram na mesma faixa de valores encontrados para amostras comerciais cuja matéria prima é o coco maduro.
CONCLUSÕES:
A busca pelo aproveitamento de matéria prima residual que possa auxiliar de forma direta a alimentação humana ou animal estão ganhando enfoque de modo acentuado no meio cientifico. Desta forma, o aproveitamento do albúmen do coco verde descartado após sua utilização se torna, uma alternativa viável para a produção de insumos alimentícios como: leite de coco e farinha de coco. Também pode servir como fonte de renda para futuros coletores desse material que é descartado. De acordo, com os resultados obtidos, pode-se observar que a polpa do coco verde tem potencial para ser utilizada como fonte alimentar. Sendo necessária, no entanto, a ampliação de pesquisas sobre os insumos produzidos a partir da polpa processada, bem como sobre análises microbiológicas, que podem atestar sua qualidade.
Palavras-chave: coco verde, físico-química, Acre.