66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Medicina
DETERMINAÇÃO DA CLASSE CLÍNICA NA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA EM PACIENTES OBESOS E NÃO OBESOS
Mariana Baldini Campos - Acadêmica de Medicina - Universidade Estadual de Maringá
Raquel Baldini Campos - Acadêmica de Medicina - Universidade Estadual de Maringá
Dérica Sayuri Harada - Acadêmica de Medicina - Universidade Estadual de Maringá
Cleusa Ema Quilici Belczak - Médica do Centro Vascular João Belczak – Maringá
Amélia Cristina Seidel - Orientadora - Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO:
A insuficiência venosa crônica (IVC) dos membros inferiores (MMII) ocorre quando há prejuízo do retorno sanguíneo devido à hipertensão venosa nos MMII que pode resultar de incompetência valvular ou obstrução do fluxo venoso com ou sem disfunção da bomba muscular da panturrilha. Apresenta várias formas de manifestações clinicas desde telangiectasias ou veias reticulares até estágios mais avançados, como alterações tróficas de pele e ulcerações.
Numerosos fatores têm sido considerados ao longo dos anos por aumentarem potencialmente o risco para IVC. O estudo Edinburgh mostrou que em mulheres, a presença de refluxo foi observada naquelas com gestações prévias, uso de contraceptivos orais e longos períodos em pé. Nos homens, altura e esforço para evacuar foram os fatores relacionados com o refluxo. Vários estudos têm também relacionado a IVC com a obesidade e, embora em muitos deles exista uma forte associação positiva, ainda permanece a dúvida quanto ao seu papel como causa primária ou como fator agravante do refluxo venoso. Foi observado que a IVC é mais grave em pacientes obesos e ulcerações são mais frequentes, achados esses mais consistentes com a hipótese de que a obesidade piora as manifestações clinicas da IVC ao invés de iniciá-la.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é determinar a classe clínica da IVC em pacientes obesos e não obesos de acordo com a classificação CEAP.
MÉTODOS:
Estudo retrospectivo de corte transversal de prevalência realizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM) por um período de 2 anos constando de uma amostra aleatória de 482 pacientes com queixas compatíveis com IVC. Os critérios de exclusão para este estudo foram: presença de insuficiência arterial, diabetes mellitus e história de operação venosa prévia.
Realizada coleta de dados de fichas de 482 pacientes, que foram pesados (kg) e medidos (m) e esses valores usados para cálculo do índice de massa corpórea (IMC), de acordo com a fórmula: IMC = [peso / altura2]. Os dados da anamnese e exame físico foram anotados em protocolo pré estabelecido para determinação da classe clínica (C) de acordo com a classificação CEAP.
Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: grupo I aqueles com IMC< 30 kg/m2, e II, pacientes com IMC > 30 kg/m2 e analisados quanto a idade, sexo e classe clínica. Na análise estatística utilizou-se o software SAEG-Versão 9.1, teste qui-quadrado e nível de confiança de 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram examinados 931 membros inferiores de 482 pacientes com clínica de IVC, sendo 418 (86,7%) pacientes do sexo feminino e 64 (13,3%) do sexo masculino e com idade entre 17 e 79 anos.
Os grupos I e II não são homogêneos quanto ao sexo (p = 0.0002) e quanto à idade (p = 0.0002) com predomínio de indivíduos do sexo feminino e de pacientes entre 40 e 49 anos (24%). A maioria dos estudos mostra que a veias varicosas são mais comuns no sexo feminino. Entretanto, quanto a IVC, alguns estudos mostraram maior prevalência em homens, outros apresentaram maior predomínio em mulheres ou nenhuma diferença. As evidências predominantes indicam que a prevalência da doença venosa aumenta com a idade.
Na análise estatística, ao se comparar as classes clínicas dos grupos I e II verificou-se diferença significativa nas classes 1 (p = 0,00023, grupo I > grupo II) e 3 (p = 0,00000, grupo II>grupo I). Infere-se que na classe 3, os resultados corroboram com a associação entre IVC grave e obesidade. Não foi observada diferença esta¬tisticamente significante nas classes clínicas 0, 2 e 4. Na amostra, não houve pacientes nas classes clínicas 5 e 6.
São muitos os trabalhos que relacionam a IVC com a obesidade. Os resultados encontrados indicam que pacientes obesos apresentam IVC mais grave. Estudo apresentou resultados que confirmaram a relação entre a pressão venosa femoral e a pressão intra-abdominal. A obesidade foi considerada como um fator de risco independente para a progressão da doença.
Outros fatores podem contribuir para a gravidade da doença em pacientes obesos, como a falta de atividade física, que poderia restringir o esvaziamento venoso da perna. Obesos mórbidos pelo próprio sobrepeso e sedentarismo, tem a mobilidade da articulação talocrural limitada comprometendo assim a função da bomba da panturrilha. A terapia de compressão com meias elásticas nem sempre é aplicável a pernas de pacientes obesos, e a sua falta também contribui para doença mais grave em obesos.
CONCLUSÕES:
Neste estudo, os pacientes da classe CEAP 3 apresentaram associação com obesidade, mostrando que pacientes obesos apresentam IVC mais grave, sugerindo que a obesidade contribui para a maior morbidade da IVC.
Palavras-chave: insuficiência venosa, obesidade, membros inferiores.