66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBMet - Sociedade Brasileira de Meteorologia
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 2. Climatologia ou Meteorologia
PORTO VELHO – RO, ILHA DE CALOR
Érica Castro de Lara - Depto de Química – UNIR/Porto Velho
Adriele Laurindo Sobreira - Depto de Química – UNIR/Porto Velho
Norton Roberto Caetano - Orientador - Depto Matemática – UNIR/Porto Velho
Idone Bringhenti - Orientador - Depto Interdisciplinar – UNIR/Porto Velho
INTRODUÇÃO:
O fenômeno de ilha de calor proposto pela Dra. Magda Lombardo do IGCE/UNESP, tem sido estudado em várias cidades brasileiras, em especial no Estado de São Paulo. A concentração de pessoas, a modificação da cobertura da Terra, aliada à geração de calor advinda dos processos urbanos e industriais faz com que nessas áreas diminua a incidência de vento e que seja retida mais radiação solar que no entorno, normalmente rural ou florestal. Desse processo resulta uma elevação da temperatura no ambiente urbano em relação ao entorno, que daí acaba por demandar mais energia para o resfriamento (ventiladores, ar condicionado etc) em um ciclo vicioso. Porto Velho, capital de Rondônia, localiza-se na Amazônia entre os paralelos 8°S e 9°S e caracteriza-se por alta precipitação, temperatura e umidade, praticamente o ano todo. O clima é do tipo Aw (clima tropical chuvoso), com temperatura média do ar no mês mais frio superior a 18°C (megatérmico).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estudar a variação da temperatura entre os meios urbano e rural no intuito de compreender o efeito de ilha de calor no município de Porto Velho.
MÉTODOS:
Durante agosto de 2012 a julho de 2013, foram coletadas 1953 amostras de temperatura do ar utilizando um termômetro digital a bordo de um veiculo, perfazendo 279 vezes um percurso de aproximadamente 25km entre a área urbana de Porto Velho e a Vila União, na zona rural, ao longo do qual anotou-se a temperatura em sete pontos. Os dados foram inseridos em um editor de planilhas digital e ali editados e processados. Foram elaboradas tabelas, executados cálculos e construídos gráficos. O procedimento não deseja um registro sistemático e oficial da temperatura em Porto Velho, isso já é feito pelas Estações Climáticas operadas pela SEDAM.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos percursos verifica-se que 47 deles foram efetuados em dias de chuva, nublado ou friagem, os outros 232 em dias normais. A temperatura máxima média urbana foi de 33,8°C, já a máxima média rural de 33°C. A temperatura mínima média urbana foi de 24,3°C, já a mínima média rural de 21,5°C. A temperatura máxima urbana foi de 38°C, igual a máxima rural. A temperatura mínima urbana foi de 22°C, já a mínima rural de 17°C. Ao longo do percurso observa-se que em dias chuvosos ou ensolarados entre 11h e 18h a temperatura praticamente não varia entre a área urbana e rural. As maiores variações se dão no período da noite entre as 19h e 0h30 quando houve um dia de sol. A maior variação foi de 11°C, medida em 8 de agosto de 2012 às 19h. A variação urbano/rural média anual foi de 3,4°C, sendo que o mês que apresentou maior variação foi agosto (estiagem, ausência de cobertura de nuvens, radiação solar intensa) com média de 4,5°C e janeiro (chuvas, ampla cobertura de nuvens, radiação solar atenuada) a menor variação com 2,6°C. Da análise dos dados observa-se que na cidade ao amanhecer a temperatura aumenta mais rapidamente do que na zona rural, chegando a um máximo comum a ambos, mas na cidade permanecendo por mais tempo nessa temperatura máxima durante toda a tarde. No inicio da noite a temperatura cai rapidamente na zona rural atingindo 24°C já nas primeiras horas da noite, enquanto na cidade o resfriamento é lento e só depois da 1h da madrugada é que se atingem níveis de conforto.
CONCLUSÕES:
Da análise pode-se concluir que os métodos utilizados permitiram quantificar o fenômeno de ilha de calor na cidade de Porto Velho, RO, que é eminente e força o consumo de energia elétrica para resfriamento, principalmente doméstica no início da noite. Medidas simples como arborização podem ser adotadas para atenuar os efeitos desse fenômeno. Os resultados são promissores e abrem a possiblidade de elaboração de modelos de sensação térmica para a cidade de Porto Velho, RO.
Palavras-chave: Porto Velho, Ilha de calor, Microclima.