66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBQ - Sociedade Brasileira de Química
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 5. Química de Produtos Naturais
CRAQUEAMENTO TERMO CATALÍTICO DE SABÕES DE MANTEIGA DE MURMURU (Astrocaryum farenae)
Nadma Farias Kunrath - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC
Najara Vidal Pantoja - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC
Alcides Loureiro Santos - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC
INTRODUÇÃO:
A importância da energia na vida cotidiana, dificuldades na manutenção do ritmo de consumo de energias tradicionais e as possibilidades oferecidas pela natureza nos últimos anos, acarretam uma mudança importante na sua produção, orientando para desenvolvimento de pesquisas de fontes renováveis para geração de energia. A utilização de biocombustíveis se configura como alternativa aos combustíveis fósseis. Além dos conhecidos etanol e biodiesel, o diesel vegetal, obtido a partir do craqueamento térmico e catalítico, consiste em mais um produto que pode substituir total ou parcialmente derivados do petróleo. A Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (FUNTAC), através da Divisão de Tecnologia de Energia de Fontes Renováveis (DITER) desenvolve estudos do potencial de produção de biocombustíveis a partir de diversas matérias-primas, inclusive nativas. Entre elas o murmuru (Astrocaryum farenae), do qual é extraído óleo da amêndoa e por ser sólido à temperatura ambiente, denomina-se de manteiga. A produção de biocombustíveis em que a matéria-prima é proveniente do extrativismo oferece avanços socioeconômicos para as comunidades locais, como: incentivo à organização da agricultura familiar e de cooperativas, uso dos resíduos para ração animal, adubo e até alimentação humana.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a produção de diesel vegetal a partir do craqueamento de sabão de manteiga de murmuru, bem como determinar propriedades físicas e químicas do produto obtido.
MÉTODOS:
O trabalho iniciou-se com o preparo de um sabão proveniente de 30 kg de manteiga de murmuru, esta vinda da Região do Vale do Juruá, município de Rodrigues Alves – AC. A reação de saponificação foi realizada com solução de NaOH a 30%, em seguida procedeu-se com as análises físico-químicas do sabão no laboratório da DITER. O sabão foi seco em estufa a 110 °C por duas horas. Após resfriamento 40 kg foram transferidos para o reator da Unidade de Craqueamento Termo Catalítico. Com o término do processo, foram removidas duas frações do tanque de condensação: uma aquosa (umidade do sabão) e outra oleosa (quebra das moléculas de sabão).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise química de índice de saponificação do sabão preparado apresentou resultado de 0 (zero) mgKOH/g, indicando que a reação de produção de sabão foi completa. A umidade do sabão antes da secagem era de 27,49%, após as duas horas em que o sabão foi seco o teor de umidade apresentado foi de 18,88%. Este resultado não foi totalmente satisfatório, pois, o valor adequado é que o sabão esteja com menos de 5% de umidade. Para que a secagem seja eficiente é necessário que ela ocorra de maneira lenta e ventilada. Os dados de massa e rendimentos da batelada de craqueamento do sabão foram: (a) massa de diesel vegetal – 14,6 kg; (b) massa de coque – 6,2 kg; (c) gases de combustão e outras perdas – 7,8 kg; (d) água – 11,5 kg, percentualmente estes valores representam uma produção de 37% de diesel vegetal, 29% de água, 19% de gases de combustão e outras perdas e 15% de coque. Para as análises físico-químicas de índice de acidez e massa específica os valores foram de 1,66 mgKOH/g e 0,77 g/mL à 20 °C, respectivamente. Este valor relativamente foi considerado satisfatório, estando próximo do valor de referência preconizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para biodiesel transesterificado: máximo de 0,5 mgKOH/g. Outro fator importante desta pesquisa foi o valor de massa específica, indicando que a composição realmente consiste em moléculas de baixa massa molar. Novos ensaios semelhantes a este serão realizados na tentativa de obtenção de um produto craqueado em que suas propriedades físicas e químicas estejam em consonância com o estabelecido pela ANP.
CONCLUSÕES:
O craqueamento do sabão produzido a partir de manteiga de murmuru mostra-se como uma produção alternativa de diesel vegetal em comunidades isoladas, uma vez que, além dos bons resultados verificados na batelada de craqueamento realizada, trata-se de matéria-prima de vasta disponibilidade onde se encontram as comunidades isoladas.
Palavras-chave: Diesel vegetal, Craqueamento de sabões, Índice de acidez.