66ª Reunião Anual da SBPC

Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA

H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Liguística

A modalidade escrita do português de surdos em fase escolar - Uma abordagem linguística

Eric da Silva - Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Wilmar da Rocha D Angelis - Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

INTRODUÇÃO:

A importância da reflexão sobre o ensino do português para o surdo é relevante pela obrigatoriedade do contato dessas pessoas com a língua portuguesa, já que a maioria esmagadora dos ambientes públicos e privados do Brasil utilizam o português como língua. Além disso, apesar das considerações do Decreto 5626 de 22 de Dezembro de 2005, que regulamenta a Lei 10436 de 24 de Abril de 2002, a formação de professores e intérpretes qualificados para o trabalho com surdos ainda é incipiente e há, ainda, uma consideração final nesta lei de que: “Parágrafo único: A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.”

OBJETIVO DO TRABALHO:

O estudo pretende indicar as causas da divergência da produção escrita dos alunos surdos com relação às expectativas textuais para escolares em geral e produzir reflexões. Para além do projeto estão as práticas de ensino de português como segunda língua para surdos, apoiadas por este projeto nas pesquisas desenvolvidas no CEPRE-UNICAMP.

MÉTODOS:

A coleta dos dados se constitui em um modelo de atividade em uma folha de redação que contém apenas uma imagem-estímulo (campo de futebol, amigas com cabelos trançados) que deve ser observada para a construção autônoma de um texto livre. Entende-se que a sugestão de um texto-base ou coletânea para este caso interferiria no desempenho real do aluno, tendo em vista que a cópia literal de fragmentos de textos foi previamente observada em atividades preliminares e observar a presença dos recursos de coesão textual para indicar presenças de recursos, ao invés de denunciar ausências.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A proposta da atividade resultou em textos de diferentes níveis de aquisição da escrita e apontam para as seguintes discussões: – O surdo atinge domínio dos recursos de produção textuais a partir de métodos de orientação em língua de sinais na interação com o texto e os utiliza no processo de autoria na medida em que estas estratégias são compreendidas. – A sintaxe da língua de sinais interfere na produção textual do aluno surdo por ser o principal recurso deste autor na gênese da compreensão da escrita e de seu funcionamento. – A progressão do domínio dos recursos de produção textual como dependente de reflexão do autor sobre o texto produzido

CONCLUSÕES:

O estudo colabora com o que é apontado por Skliar (1998) como Estudo dos Surdos e se posiciona em uma fronteira entre o que se conhece como Educação Especial que, na visão do autor, gera um subproduto da educação e uma nova perspectiva em que são considerados discursos, discussões e práticas próprias de outras linhas de pesquisa em educação. Romper com a dependência representacional com a Educação Especial frente ao reconhecimento das especificidades dos casos indica um passo em direção a uma visão de educação que efetivamente alcança os seus objetivos enquanto patrocinadora de autonomia a todas as pessoas.

Palavras-chave: surdez, pessoa surda, escrita.