65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE CONTATO NA REMOÇÃO DE MICROCISTINA-LR DE ÁGUA UTILIZANDO CARVÃO ATIVADO GRANULAR
Albiery de Oliveira - Depto. Engenharia Sanitária e Ambiental - UEPB
Sátiva Barbosa de Brito Lélis Villar - Ms. em Ciência e Tecnologia do Meio Ambiente - UEPB
Railson de Oliveira Ramos - Depto. Química - UEPB
Wilton Silva Lopes - Prof. Dr./Orientador - Depto. Engenharia Sanitária e Ambiental - UEPB
INTRODUÇÃO:
Um dos problemas relacionados com a água destinada ao abastecimento público é o processo de eutrofização, caracterizado pelas elevadas concentrações de nutrientes e a ocorrência de florações de algas e cianobactérias nos reservatórios destinados ao abastecimento público.
Devido a essa preocupação com a toxicidade conferida pelas cianotoxinas à saúde pública a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu um limite máximo de 1 µg/L. Com isso as ETA passaram a adotar tratamentos mais sofisticados que o convencional para o tratamento de água com valores de toxina dissolvida acima do valor estabelecido.
Com isso o carvão ativado tem sido avaliado com sucesso na remoção da fase líquida de muitas cianotoxinas dissolvidas. A boa eficiência do carvão ativado é relatada quando o mesmo é utilizado de forma isolada ou em complemento ao tratamento convencional.
Dessa forma, a obtenção de dados para estimar o desempenho do carvão ativado frente ao contaminante específico que se pretende eliminar tem sido realizada através de testes de bancada ou em unidades-piloto.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a influência do tempo de contato no processo de adsorção de microcistina-LR em carvão ativado granular (CAG) de casca de coco de dendê.
MÉTODOS:
A água de estudo (AE) utilizada foi preparada através da adição de estrato bruto, proveniente de cultura de Microcysitis aeruginosa em água deionizada. Foi utilizado um fator de diluição para o extrato de forma a se obter uma concentração final de microcistina-LR (MC-LR) de aproximadamente 30 µg/L, valor este que geralmente é encontrado em casos de florações. Durante o trabalho experimental foram testados dois tempos de contatos (TC) diferentes: 60 s (tratamento 1 – T1) e 90 s (tratamento 2 – T2). Os dois tratamentos foram realizados em triplicata.
O parâmetro monitorado nos tratamentos foi a concentração de MC-LR nas amostras efluente de cada coluna, que eram coletadas com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12 e 15 horas de operação. As análises para avaliar a concentração de MC-LR foram realizadas em duplicata através do método ELISA.
As colunas de CAG foram confeccionadas em tubo de PVC, com diâmetro interno de 21 mm e 30 cm de comprimento. A granulometria do CAG utilizado em todas as colunas foi de 1,40-0,42mm. A AE era bombeada com vazão controlada de 1 L/h para as colunas de CAG (uma com TC de 60 s e outra com TC de 90 s). As colunas monitoradas com TC de 60 s foram preenchidas com 20 g de CAG, enquanto as com TC de 90 s foram preenchidas com 30 g de CAG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Um fator importante é o conhecimento da eficiência de adsorção de elevadas concentrações de cianotoxinas por CAG ao longo do tempo. Se a presença de altas concentrações ocorrer quando o carvão já estiver parcialmente saturado, o transporte de cianotoxinas poderá ocorrer. Por isso, as concentrações afluentes das 6 colunas foram próximas a 29,26 µg/L.
No primeiro tratamento foi obtido valores abaixo de 1 µg/L até as nove horas de operação, após isso os tempos de 10, 12 e 15 horas apresentaram os valores de 1,36; 2,22 e 2,98 µg/L, respectivamente. Para o segundo tratamento onde o tempo de contato foi de 90 s todos os valores se apresentaram abaixo do limite recomendado pela Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde, estando sempre abaixo de 1 µg/L.
Verificou-se uma elevação da eficiência de adsorção de MC-LR com o aumento do tempo de contato. Nos tratamentos com TC de 90s foi obtido uma média de 99,7% de eficiência enquanto que os tratamentos de 60s foi obtido a eficiência de 97,4. Apesar dos melhores resultados serem apresentados nos tratamentos com tempo de contato de 90s, a adsorção da toxina no sistema de tratamento com tempo de contato de 60s também apresentou uma ótima eficiência de remoção.
CONCLUSÕES:
A adsorção por CAG de casca de coco de dendê se mostrou um processo eficiente para a remoção de MC-LR, visto que eficiências médias de remoção da toxina acima de 98,5% foram observadas em todos os tratamentos realizados, sendo o tratamento 2 o que apresentou menor eficiências de remoção, correspondendo a 97,4%.
O primeiro tratamento realizado garantiu um efluente com concentração inferior ao VMP de 1 µg/L exigido pela Portaria 2914/11 até as 15 horas de monitoramento. Por outro lado, no ultimo tratamento foram observados concentrações médias de MC-LR efluentes acima de µig/L na decima quinta hora de monitoramento. Vale ressaltar que esse tratamento apresentava concentração afluente de MC-LR de 29,26 µg/L e tempo de contato de 60s, ou seja, apresentava as piores condições experimentas
Palavras-chave: Microcysitis aeruginosa, Casca de coco de dende, Tratamento de água.