65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
"UM PÉ DE QUÊ?": UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA AULAS DE BOTÂNICA.
Valdiran Wanderley de Souza - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática - UFAL
Mônica Dorigo Correia - Profa. Dra./Docente do PPGECIM - UFAL
Hilda Helena Sovierzoski - Profa. Dra./Coordenadora do PPGECIM - UFAL
INTRODUÇÃO:
A figura do professor auxiliado pelos livros didáticos deixou de figurar como único responsável no processo de ensino aprendizagem (Perrenoud, 2000). Sons, imagens, interatividade e animações estão presentes no cotidiano dos atuais alunos, tornando necessário uma nova postura do professor (Gressler, 2004), o qual deve criar estratégias adequadas na seleção destas inovações de forma ética e eficiente. Sabe-se que as mudanças tecnológicas, sociais e culturais são frequentes, tornando necessária uma reflexão sobre uma prática pedagogia atualizada (KENSKI, 2007). O uso de projetos coloca os educandos em contato direto com os problemas e esta metodologia de ensino proporciona oportunidades de relacionamentos com diferentes grupos de pesquisa, trocas de experiências que ampliarão a eficácia das ações. Esta proposta, além de se caracterizar como um momento privilegiado para a formação de uma nova mentalidade no educando, também engajando-o num processo ativo e sistemático de produção do conhecimento (FONSECA et al., 2004). Assim, o desenvolvimento de projetos de cunho pedagógico deve envolver o caráter da interdisciplinaridade, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas do conhecimento e de disciplinas numa situação contextualizada da aprendizagem (VENTURA, 2002).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Valorizar as diferentes tecnologias usadas pelos educandos, utilizando-as como mecanismo de investigação científica dos vegetais de maior relevância na região onde vivem, bem como, discutir as bases necessárias para desenvolver atividades de iniciação à pesquisa, identificando as etapas de investigação científica no âmbito de elaboração de projetos.
MÉTODOS:
Participaram do trabalho 40 estudantes do 2o ano do Ensino Médio da Escola de Referência em Ensino Médio de Garanhuns, região do agreste pernambucano. A atividade foi desenvolvida no período de fevereiro a julho de 2012. Foram abordados os conteúdos de anatomia, fisiologia e morfologia vegetal. Com a orientação do professor, discutiu-se às bases necessárias ao desenvolvimento de uma pesquisa científica, sendo exibido o vídeo "Um Pé de Quê?". Posteriormente, os alunos identificaram as etapas da investigação científica e criaram o roteiro da pesquisa de campo, escolhendo os vegetais e os instrumentos eletrônicos e/ou computacionais a serem usados no trabalho. Neste momento os educandos desenvolvem competências tais como a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um determinado tipo de situação (Perrenoud, 2002). Os estudantes visitaram parques, praças, sítios e fazendas da região, onde realizaram as filmagens. Foram em seguida editados os vídeos, usando programas computadorizados de livre acesso. Após esta etapa os vídeos foram armazenados em mídias. Considerou-se como forma de avaliação a abordagem existente nos vídeos dos conteúdos de Botânica: anatomia, fisiologia e morfologia, assim como a capacidade de elaborar comunicações orais e escritas
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram desenvolvidos e produzidos 8 DVDs que abordaram espécies vegetais como a bananeira, jaqueira, goiabeira, mamoneira, bambus e eucaliptos. De acordo com Shewbridge & Berge (2004) experiências de produção de vídeos podem formar consumidores mais “informados”. Entre os trabalhos apresentados, em 6 dos DVDs pôde-se observar com mais clareza, o desenvolvimento das competências relacionadas com a elaboração de comunicações orais e/ou escritas para relatar, analisar e sistematizar eventos, fenômenos, experimentos, questões, entrevistas, visitas, assim como reconhecer e avaliar o desenvolvimento tecnológico relacionando o papel na vida humana. Competências estas que são tidas por Perrenoud (2002) como a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação. Belloni (2004) pontua que o avanço tecnológico no campo das comunicações torna indispensável e urgente que a escola integre esta nova linguagem audiovisual - que é a linguagem dos alunos - sob pena de perder o contato com as novas gerações. A prática da produção de materiais audiovisuais pode contribuir para despertar maior interesse por parte dos alunos, contribuindo com a formação de uma postura questionadora, crítica e geradora de patrimônio intelectual.
CONCLUSÕES:
A realização do trabalho possibilitou a compreensão de que o estudante pode ser um sujeito ativo no processo de ensino aprendizagem e no exercício da cidadania, uma vez que foi possível perceber a importância do papel da investigação científica desempenhado pelos educandos na construção do conhecimento. Também foi visível entre os educandos o desenvolvimento de uma maior consciência ambiental, da valorização da flora local, assim como o respeito para com o meio ambiente. Outro aspecto relevante do projeto foi a oportunidade de extrapolar o ambiente escolar, buscando o conhecimento com mais alegria e empenho. As novas tecnologias serviram como importantes ferramentas educacionais, pois instigaram a curiosidade dos educandos. Esse trabalho demonstrou ser possível que a atual forma educativa pode ser adequada à realidade dos meios de comunicação na qual os educadores e educandos estão inseridos. Foi fascinante observar a maneira na qual os educandos lidaram com as ferramentas tecnológicas, assim como a criatividade inesgotável que os mesmos demonstraram possuir. Uma vivência humanitária mais justa gera jovens que respeitam as diretrizes que regem a vida, formando ao mesmo tempo, jovens autônomos, produtivos e solidários.
Palavras-chave: Botânica, Desenvolvimento de Competências, Tecnologia.