65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
Exploração sexual dos adolescentes habitantes do entorno de Suape: opinião dos profissionais quanto ao envolvimento emocional e financeiro.
Jennifer Maiara da Silva Barros - Depto.S.S.-UFPE
Jaciara José da Costa - Depto.S.S.-UFPE
Laiana Helena Lopes Nascimento - Depto.S.S.-UFPE
Manuela Soares Batista - Depto.S.S.-UFPE
Wanessa Maria de Oliveira Corria - Depto.S.S.-UFPE
INTRODUÇÃO:
“A exploração sexual tem como propósito a obtenção de lucros através da comercialização do corpo de crianças e adolescentes, ou da veiculação de materiais como fotos, vídeos, filmes, pornográficos ou não, seja por meios convencionais ou pelas ondas da internet”. (PEDROSA, 2007, p.11).
Resolvemos desenvolver a cerca deste tema a partir de indícios veiculados a série, onde percebemos o indicativo do aumento dessa exploração com o advento do Complexo de Suape. A partir da reportagem acreditamos na existência de um envolvimento emocional e financeiro da parte dos adolescentes habitantes do entorno de Suape com os operários, sendo sustentados por eles em troca de favores sexuais.
Com a hipótese existência desse fenômeno, se faz necessário conhecer a opinião dos profissionais que se ocupam da análise de tais questões para melhor compreensão a cerca dos possíveis elementos que incidem na relação entre adolescentes e operários das instalações de Suape.
OBJETIVO DO TRABALHO:
• Conhecer a opinião de profissionais da área a cerca deste envolvimento emocional e financeiro. • Analisar fatores que contribuem para esse possível envolvimento emocional e financeiro: fator familiar e socioeconômico; • Reunir opiniões dos profissionais quanto ao envolvimento emocional dos adolescentes que pode caracterizar-se até mesmo como um fetiche.
MÉTODOS:
• Trabalho de campo na cidade do Cabo de Santo Agostinho.
• Visita Institucional ao CRAS do Cabo de Santo Agostinho e ao Centro de Mulheres do Cabo de Santo Agostinho;
• Entrevista semiestruturada com a Assistente Social e Psicóloga dessas instituições, para coletar dados a respeito do tema.
• Entrevista semiestruturada, com um Doutorando em Serviço Social e com Coordenador da rede de combate ao abuso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em relação ao envolvimento emocional referente ao fenômeno da exploração sexual em Suape, houve uma divergência de opiniões pois: Segundo o Conselheiro Tutelar da cidade do Cabo de Santo Agostinho: “ não há um envolvimento emocional, o que há é uma vitimização do menor.”Já segundo o Doutorando em Serviço Social pesquisador da área: “A principal causa para a exploração sexual de crianças e adolescentes em Suape me parece que é a situação de pobreza da maioria das famílias que habitam o entorno do Complexo de Suape.Segundo a psicóloga: “A desestruturação da família e a pobreza, faz com que esses adolescentes busquem nesses operários uma forma de ascensão social. Em relação ao envolvimento emocional o Doutorando diz: “O envolvimento emocional e afetivo advém do fascínio que os trabalhadores despertam por virem de terras distantes e falando e se comportando de forma diferentes da que essas meninas estão acostumadas.” Segundo o Conselheiro Tutelar da cidade do Cabo de Santo Agostinho “Não há culpados, é preciso que a rede funcione bem: Estado, família..De acordo com Leila: “A farda usada por operários representa uma estabilidade.” Para o Doutorando em Serviço Social: “A questão da farda, embora não me pareça determinante, parece também contribuir para o fascínio das adolescentes pobres pelos trabalhadores de Suape.
CONCLUSÕES:
Na conclusão deste trabalho percebemos que este é um tema muito complexo e que as informações são muito sigilosas.
No entanto, diante das diferentes opiniões agrupadas nesse trabalho, notamos uma predominância na opinião do sim em relação ao envolvimento emocional além do financeiro.
Pois, a fragilidade emocional e financeira provoca nos adolescentes a projeção do “príncipe encantado” que vem para salvá-los da vida de penúria. Esses “príncipes”, representados pela estabilidade que o fetiche (ilusão) da farda representa.
O fato deles serem operários, morarem em outra cidade, mostrar ter uma estabilidade e usarem fardas contribuem para fetiche (ilusão).
De acordo com Leila: “A farda representa uma estabilidade, concretizando assim, o sonho de mudar de vida.”
Para o Doutorando em Serviço Social: “A questão da farda, embora não me pareça determinante, parece também contribuir para o fascínio das adolescentes pobres pelos trabalhadores de Suape. A farda simboliza emprego, segurança, poder e masculinidade. É o mesmo fenômeno que ocorre com mulheres que se interessam por membros das forças de segurança que utilizam fardas como exército, polícia militar, etc.”
Palavras-chave: Suape, Envolvimento, Adolescente.